8 de maio de 2008

Que o amianto não nos caia em cima da cabeça!

Resultado de levantamentos feitos pelas direcções regionais
Ministério da Educação revela que 59 por cento das escolas têm amianto
Actualmente, 59 por cento das escolas têm coberturas de chapas de fibrocimento que contêm amianto, segundo um estudo baseado nos levantamentos realizados pelas direcções regionais de Educação, de Novembro do ano passado.
In PÚBLICO, 8 de Maio de 2008

Não sei muito bem o que pensar desta notícia. Acredito sinceramente que até haja algum alarmismo exagerado. É difícil, porém, ficar indiferente. E creio que a indiferença é a única resposta que não acho aceitável numa questão como esta. Já aqui afirmei que considero que a actual ministra não reúne condições para ocupar o cargo, mas todos os dias fico estarrecido com a atitude de quem manda na 5 de Outubro. Citando a TSF online, vejam a resposta da senhora à notícia em questão:

«Felizmente que o mundo das escolas é melhor do que os títulos dos jornais» e não se «reduz» a eles, disse, num tom de irritação, sublinhando que não comenta «títulos de jornais».

Confesso que tenho dificuldade em digerir esta atitude. É de uma sobranceria e arrogância inigualável. Sobretudo para quem nos últimos três anos via nas escolas um dos círculos do inferno.
O problema não se resume apenas às declarações da dona Maria de Lurdes, que são mais do mesmo. Tanto quanto percebo a questão levantada é sobre a continuada exposição de quem estuda ou trabalha nestas escolas. E são 59% das escolas. Não é uma amostra sem importância. A ministra aconselha os jornalistas a ler os relatórios e a não olharem para os títulos dos jornais. Mas será que ela já leu o relatório? E nesse caso a sua irritação prende-se com o facto de agora ter que falar nele por ter vindo a público ou com a real preocupação pelas suas conclusões? Creio que todos sabemos a resposta a estas perguntas.
Já estou farto de ver problemas sérios tratados por directrizes economicistas. E não devia ser o único. Este tipo de políticos, infelizmente, grassam pelo país fora e vão aproveitando a falta de informação e educação deste povo para se manterem no poleiro. Quero acreditar que este tipo de atitude não impera pela Europa fora. Ou que pelo menos não é possível escapar impunemente como no nosso «cantinho». Vou reforçar o que disse no início: não sei se devemos estar preocupados. Sei é que quem ocupa estes cargos e lê estes relatórios não pode esconder-se e, impunemente, nem responder às dúvidas que são levantadas. A questão agora vai certamente para uma qualquer comissão parlamentar que, por o PS estar em maioria absoluta, vai abafar as questões sérias e tratar-nos mais uma vez como ignorantes. Daqui a nada já ninguém se lembra disto. E estou certo que muitos comentadores aparecerão a dizer que é uma falsa questão. E esses sabem tudo, não é verdade?

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