Ex.mo Sr. primeiro-ministro,
Foi com preocupação que recebi as notícias de hoje relativas à sua pessoa. Não lhe conhecia esse terrível hábito que tanto contribui para a diminuição da esperança média de vida dos portugueses. Calculo que não seja fácil deixar o vício, sobretudo com o cargo desgastante que ocupa. Compreendo sobretudo a ansiedade de ter que conviver com Hugo Chávez e a má influência do Ministro da Economia que o acompanha.
Esta foi a preocupação que ocupou a manhã. Mas à tarde fui, como todos os portugueses, confrontado com o seu pedido de desculpas e a minha preocupação agravou-se. Depois de vários anos a seguir a sua carreira, pergunto-me se não teria sido útil fazer-se acompanhar da Ministra da Saúde, pois é evidente que se deixou afectar por uma qualquer febre tropical. Só temperaturas elevadíssimas explicam tal pedido da sua parte. A mesma febre afecta certamente o seu gabinete, que horas antes classificou como «normal» a sessão de fumo num voo fretado. Temo mesmo que haja um surto, pois a administração da TAP veio dizer que a lei não se aplica da mesma forma que num voo comercial. Estou certo que as hospedeiras e toda a tripulação destes fretes é imune aos malefícios do tabaco e que num avião as leis da terra não se aplicam, mas ainda assim...
Preocupado também estou com a nossa A.S.A.E.. Porque essa doença mostra mexer-se rapidamente pelo aparelho de Estado. Como sabe senhor primeiro-ministro o dia já vai mais avançado cá no nosso burgo e estes fiscais, outroura tão expeditos, ficaram adormecidos, sem reacção, o que dá a entender que a febre, passadas umas horas, entorpece a acção fiscalizadora.
Apenas um aspecto me deixa descansado após o dia de hoje. Sei, porque o senhor primeiro-ministro o afirmou, que vamos assistir a uma rápida revisão constitucional. Não mais serei multado, nem penalizado de forma alguma, bastando-me para tal afirmar o meu total desconhecimento da lei. É um bom princípio, inspirado na avançada legislação do faroeste americano (ou da selva tropical venezuelana), tantas vezes menosprezada por aquelas criaturas aberrantes a quem chamamos constitucionalistas.
Queria terminar este texto para lhe dar uma palavra de conforto e coragem perante a opressão de que foi alvo durante o dia de hoje. Resista senhor primeiro-ministro. Resista e não deixe de fumar. Não ceda aos interesses dos anti-tabagistas primários que oprimem o seu povo. Por favor, a todos nós dê um bom exemplo. É só o que lhe peço. Na sua viagem de regresso fume, mas cumpra a lei; abra a porta e fume fora do avião. É um favor que faz à democracia portuguesa que precisa de um líder inspirador.
Com o respeito que me merece, despeço-me, desejando o seu pronto restabelecimento.
Foi com preocupação que recebi as notícias de hoje relativas à sua pessoa. Não lhe conhecia esse terrível hábito que tanto contribui para a diminuição da esperança média de vida dos portugueses. Calculo que não seja fácil deixar o vício, sobretudo com o cargo desgastante que ocupa. Compreendo sobretudo a ansiedade de ter que conviver com Hugo Chávez e a má influência do Ministro da Economia que o acompanha.
Esta foi a preocupação que ocupou a manhã. Mas à tarde fui, como todos os portugueses, confrontado com o seu pedido de desculpas e a minha preocupação agravou-se. Depois de vários anos a seguir a sua carreira, pergunto-me se não teria sido útil fazer-se acompanhar da Ministra da Saúde, pois é evidente que se deixou afectar por uma qualquer febre tropical. Só temperaturas elevadíssimas explicam tal pedido da sua parte. A mesma febre afecta certamente o seu gabinete, que horas antes classificou como «normal» a sessão de fumo num voo fretado. Temo mesmo que haja um surto, pois a administração da TAP veio dizer que a lei não se aplica da mesma forma que num voo comercial. Estou certo que as hospedeiras e toda a tripulação destes fretes é imune aos malefícios do tabaco e que num avião as leis da terra não se aplicam, mas ainda assim...
Preocupado também estou com a nossa A.S.A.E.. Porque essa doença mostra mexer-se rapidamente pelo aparelho de Estado. Como sabe senhor primeiro-ministro o dia já vai mais avançado cá no nosso burgo e estes fiscais, outroura tão expeditos, ficaram adormecidos, sem reacção, o que dá a entender que a febre, passadas umas horas, entorpece a acção fiscalizadora.
Apenas um aspecto me deixa descansado após o dia de hoje. Sei, porque o senhor primeiro-ministro o afirmou, que vamos assistir a uma rápida revisão constitucional. Não mais serei multado, nem penalizado de forma alguma, bastando-me para tal afirmar o meu total desconhecimento da lei. É um bom princípio, inspirado na avançada legislação do faroeste americano (ou da selva tropical venezuelana), tantas vezes menosprezada por aquelas criaturas aberrantes a quem chamamos constitucionalistas.
Queria terminar este texto para lhe dar uma palavra de conforto e coragem perante a opressão de que foi alvo durante o dia de hoje. Resista senhor primeiro-ministro. Resista e não deixe de fumar. Não ceda aos interesses dos anti-tabagistas primários que oprimem o seu povo. Por favor, a todos nós dê um bom exemplo. É só o que lhe peço. Na sua viagem de regresso fume, mas cumpra a lei; abra a porta e fume fora do avião. É um favor que faz à democracia portuguesa que precisa de um líder inspirador.
Com o respeito que me merece, despeço-me, desejando o seu pronto restabelecimento.
1 comentário:
De uma ironia refrescante...
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