22 de maio de 2008

disparidade

«Portugal foi hoje apontado em Bruxelas como o Estado-membro com maior disparidade na repartição dos rendimentos, ultrapassando mesmo os Estados Unidos nos indicadores de desigualdade.»
TSF, 16.34
Não é novidade. Provavelmente alguns nem consideram notícia. Mas a verdade é que parece ser necessária a União Europeia para apontar aquilo que parece tão óbvio. O que entristece é que já hoje o nosso governo reagiu e afirmou que os dados são incorrectos, que se referem a 2004. Qualquer pessoa com o mínimo de decência pedia desculpa e calava-se. Estou certo, mas obviamente só a fazer uma suposição, que esta disparidade só aumentou desde 2004. E não sou especialista, apenas me baseio no que observo e nas dificuldades que cada vez mais sinto no dia a dia.
Continuo convencido, e já o afirmei aqui, que um dos problemas deste país é que as pessoas se escondem atrás da sua realidade e cada vez menos se preocupam com o que os rodeia. Com a agravante de serem aqueles que melhor educação possuem, e que melhor poderiam opor-se a este status quo, a contribuir para a sua perpetuação.
Sei que não faço o suficiente. Alguns até dirão que nada faço. Procuro, porque a minha profissão me permite, transmitir esta realidade aos alunos com quem lido todos os dias. E entenderem que é fundamental fazerem ouvir a sua voz. Pode ser pouco. É melhor que nada, estou certo.
Não sei como vamos estar daqui a uns anos. Ninguém sabe. Na História todos os momentos de conturbação e agitação social tiveram consequências. E por vezes só a violência serviu para abrir os olhos para o que devia ser evidente. Digo já que odeio qualquer forma de violência e não a defendo. E espero estar enganado. Apenas cada vez mais sinto que só quando todos sentirmos a nossa segurança em risco é que estaremos dispostos a reagir. Seremos assim tão estúpidos?

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