É difícil imaginar o cinema sem pensar em Indiana Jones. Tinha oito anos quando estreou o primeiro filme da série e, como todas as crianças, deliciei-me com aquele mundo fantástico de aventura. Estou certo que até influenciou a minha escolha de estudos no ensino superior. Procuro esquecer-me um pouco disso, mas a verdade é que a minha primeira opção para entrar na faculdade foi Arqueologia. Até fiz dois anos nessa vertente da História, o suficiente para perceber que era um mundo bem mais «sujo» do que o das aventuras de Spielberg. Mas isso são contas de outro rosário...
É evidente que não podia nem queria perder a nova aventura daquela que é uma das minhas personagens favoritas. E fui sem preconceitos, pois tinha consciência que não podia sentir agora o entusiasmo da infância. Não pretendo aqui contar a história do filme e estragar o encanto para aqueles que como eu esperaram esta estreia. Posso apenas dizer que o filme é sensivelmente o que poderíamos esperar. As personagens do costume, o irrealismo na dose adequada, o chicote maravilha, a excelência dos actores, a fantástica realização. Duas horas de puro entretenimento.
Claro que existe um mas. Há um elemento do filme que me desconcertou. E só um pouco depois percebi que foi o mesmo que já me tinha acontecido com o último livro de Astérix. Tal como os autores da banda desenhada, quem escreveu este guião envolveu extraterrestres na história. Não é grave. Nem sequer o suficiente para vos aconselhar a não verem o filme. Claro que vale a pena. Mas não havia necessidade. Com tantas lendas, tradições e folclore dispensava a introdução de mais um elemento para elevar o irrealismo da história.
Queria dizer, porém, e para terminar com um elemento positivo, que neste aspecto Spielberg é genial. Quando tudo parece estar a cair no ridículo, lá ele nos consegue prender a atenção com um qualquer pormenor que nos volta a fazer sorrir. Este é, aliás, o elemento fundamental: para aqueles que como eu vibraram com o Dr. Henry Jones Junior na infância, garanto-vos que várias vezes vão sentir-se um pouco mais perto desses dias. E só por isso vale o preço do bilhete. Pode não ser uma obra de arte, mas não envergonha e sobretudo diverte. Se calhar, e vendo bem, cumpre aquilo a que sempre se propôs. E só não bastará para aqueles que elevaram a trilogia a um estatuto que provavelmente nunca aspirou. Lembrem-se da idade que têm hoje. Depois o resto é fácil.
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