Ando um pouco cansado da cultura pimba que se instalou por cá. E praticamente ninguém escapa incólume à sua perpetuação. Ora é a música que se põe na festa no meio da bebedeira, ora é a queima das fitas e a benção e outros afins, ora, e esta é que mais me chateia, são os diferentes humoristas e apresentadores que tanto os utilizam para ocupar os seus momentos parcos em ideias. Entristece-me pensar que o maior responsável pelo crescimento deste fenómeno foi Herman José. Acredito até que é uma das grandes razões da sua decadência. Ainda me lembro quando fiquei estupefacto a olhar para um seu programa quando ele convidou o “emplastro” (e sim, saber quem é o emplastro já é parte do problema). Até podia ser um bom momento de humor (embora de gosto duvidoso), mas na verdade consolidou a estupidificação das massas. A partir desse momento, creio que nada mais lhe restou do que continuar na senda da conquista de audiências. Deve é ter custado a sua alma. Depois tudo valeu. Zandingas, Ruths Marlenes, Zé Cabras e todos os outros que os seis milhões exigiam no prime time da televisão.
Infelizmente outros seguem este caminho. Alguns que, tal como o Herman, eu admiro e gosto de ouvir. O mais recente chama-se Bruno Nogueira. Seguindo as pisadas de Markl e companhia, eis que se lembra de criar um dia para a música pimba na crónica diária que faz na TSF. A rubrica chama-se a música mais improvável de passar naquela estação, ou coisa que o valha. A ideia, engraçada, já não me agradou muito da primeira vez. Pareceu uma forma hábil de “encher” o seu vazio de ideias. Mas repetidamente é demais. É novamente a glorificação desta palhaçada. Já nos basta o noticiário da TVI. Já levamos com todos os aniversários da «Carreira» do Tony. Será que precisamos mesmo de mais estes momentos?
Sei que tenho alguma dificuldade em conviver com os fenómenos populares. Não gosto de feiras, não vou visitar o Museu Berardo só porque é de borla, não me mascaro no Carnaval e não apanho uma bebedeira só porque é fim de ano. Os meus momentos de alegria e divertimento escolho eu. Podem chamar-me de elitista, dizer que não tenho sentido de humor, o que vos fizer dormir melhor. Até admito que nem sempre é fácil ser assim. Mas há um mundo para além do social-maioritariamente correcto. E esse agrada-me muito mais.
5 comentários:
Queima das fitas e benção das pastas, por si, não é pimba. É uma tradição. Se há quem viva estes momentos "na forma pimba", enfim, é um direito que lhes assiste. Sempre os vivi, usando as tuas palavras, da forma "para além do social-maioritariamente correcto" e não foi por isso que se tornaram momentos menos importantes.
Claramente não leste com atenção o que disse. Refiro essas ocasiões por causa dos concertos dos músicos pimba, que, realmente, já se tornaram uma tradição. Nada mais. Não precisas ser tão sensível...
Eu li com atenção... Mas a Benção das Pastas é uma missa pah!!! N tem música pimba!
Carago! Percebes melhor se disser semana académica, onde decorre a benção das fitas (e não das pastas, pelo menos em Lisboa)? Não havia necessidade...
espelha completamente o que se passa na comunidade portuguesa, quer seja no nosso país quer no estrangeiro..
ja começa a faltar paciencia para carreiras ou bruno nogueira ou mesmo QUIM Barreiros..
tem que me explicar piada
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