31 de maio de 2008

beekeeping

Por vezes questiono-me acerca da necessidade da existência de sites como o youtube. Se realmente são úteis ou se são apenas mais um incentivo para falarmos cada vez menos e nos fecharmos no nosso «pequeno grande mundo». Provavelmente até têm esta dupla função. Mas para mim só se torna óbvia a sua utilidade quando encontro preciosidades como esta que aqui vou publicar. Aconselho-vos a perderem uns minutinhos e verem com atenção. Vale bem a pena.

30 de maio de 2008

Cada um tem a RTP que merece...

Ontem, por masoquismo puro e talvez algum dano cerebral contraído na infância, assisti ao debate quinzenal na Assembleia da República. Foi a vergonha de sempre e, no geral, o baixo nível foi indescritível.
Não é porém o debate que motiva este texto, mas antes o que assisti cerca de uma hora depois na RTPN. No resumo do debate, várias vezes introduzido pela pivot de serviço, surge a determinada altura a imagem de uma questão colocada por Francisco Louçã sobre o congelamento dos passes sociais em Lisboa e Porto e o porquê de não ser tomada a mesma medida para o resto do país. Para minha surpresa a opção que a RTP faz em seguida é colocar a resposta de José Sócrates ao... Partido Ecologista “Os Verdes”. O que aconteceu uma hora e meia depois da pergunta de Louçã.
A falta de profissionalismo demonstrada é inaceitável. Sobretudo porque à pergunta do Bloco de Esquerda o nosso Primeiro Ministro não respondeu. Estava tão irritado num arrufo de namorados que se esqueceu completamente do que tinha sido perguntado.
Não quero aqui dizer que a RTP cometeu um acto de manipulação inaceitável... mas penso. E questiono-me quantas vezes fará isto noutros debates e noutras situações de cobertura jornalística. Eu já sei que na guerra vale tudo, mas francamente...

29 de maio de 2008

Santarém leva acento

Foi preciso emigrar para ser apelidado de Nacional, Continental e Sulista. Isto tudo pelos diferentes meandros da lusofonia que me rodeia.

Isto acentuou a visão que tinha do nosso Portugalete, de que gosto muito. Também gosto de pão com maionese.

Falo da visão geográfica da coisa. Poderei ir de encontro àquele ideal de que o país se transforma a cada vinte ou trinta quilómetros percorridos, ao apresentar uma perspectiva alcatifada em grandes manchas homogéneas, mas a facécia impõe-se gratuita e singelamente.
t.

Hey! Ho! Let’s go!

Sempre mantive uma relação estranha com os Ramones. Adoro a energia, a simplicidade e a atitude. Não sou é capaz de ouvir por mais de cinco minutos. É sempre igual. Pelo menos para os meus ouvidos. Recordo-me de uma determinada viagem ao Gerês quando estava no 10º ano, em que um amigo meu passou a viagem inteira a ouvir o I Remember You. Irritou-me tanto que não consegui ouvir Ramones até há bem pouco tempo.
São óbvios ídolos do movimento punk, o que lhes vale grande parte do crédito que dispõem. O passar dos anos, e obviamente a morte de Joey, parecem contribuir para que todas as suas gravações sejam consideradas relíquias preciosas da História do rock. Não sei se serão, mas a verdade é que hoje não consigo ficar indiferente ao ouvir Blitzkrieg Pop. Aos primeiros acordes só me apetece dançar e divertir-me. Estou certo que não é diferente para vocês. Digam lá se não é verdade?

28 de maio de 2008

always look on the bright side of life

Estive há pouco a mostrar A vida de Brian aos meus alunos do 11º ano. Devo dizer-vos que é espantoso quando apanhamos turmas que compreendem e apreciam o sentido de humor dos Monty Python. Faz-nos ter uma esperança um pouco maior na sociedade. E já agora... a primeira vez que vi este filme tinha dezasseis anos e foi-me aconselhado pela minha explicadora de Filosofia. Se calhar é este o objectivo. Transmitir estes momentos a outros e difundir um bocadinho de boa disposição por aí. Vale a pena.

saudades de Salazar?


Três ideias me ocorrem sempre que me deparo com um discurso de Salazar.
A primeira é, obviamente, porque raio estou eu a ouvir isto, sentimento que espero estejam a partilhar neste momento.
A segunda é porque raio está o Ricardo a fazer um discurso patriótico. Aquela voz não engana e a atentar pelo nariz até questiono se o Presidente do Conselho não andou a molhar o bico lá para o Montijo.


A terceira está bem retratada neste autocolante que há poucos dias encontrei ao passear em Lisboa. É daquelas larachas da esquerda, que de vez em quando até têm piada. E é muito apropriado para o saudosismo bacoco que por aí vai aparecendo. Palavras para quê.

27 de maio de 2008

Manuel Pin, Le Gaulois

Que o nosso governo era de direita creio que já poucos duvidavam. Os exemplos são mais que muitos e a crítica até é feita por aqueles que ainda não estão «amordaçados» dentro do Partido Socialista.
Até hoje o nosso governo nada fez para amenizar os efeitos do aumento do petróleo. Repetiram vezes sem conta nas últimas semanas que nenhuma responsabilidade têm neste processo. «É a especulação, foi o anterior governo que liberalizou, nós até já pedimos um inquérito, o primeiro ministro já deixou de fumar, foi o Cocas!...» Tudo tem servido para justificar o injustificável.
Claro que tudo piora quando o ministro da economia - esse perigoso vilão que arrasta o nosso “mais que tudo” para os maus caminhos nos aviões- entra em cena. Nada de interessante diz. E quando abre a boca sai disparate. Confesso que ao fim destes anos ainda não percebi o que faz no governo para além do supracitado. Presumo que só lá esteja para compor a cena, quais Jesus gordos para contrabalançar o magro.
De manhã tinha ouvido que o Presidente Sarkozy propor uma descida do IVA sobre os produtos petrolíferos no caso de estes atingirem um valor demasiado elevado. A ideia pareceu-me engraçada, sobretudo tomando em conta que o referido chefe de estado foi eleito pela direita francesa. Afinal até tem alguma consciência social, pensei eu para os meus botões. O ridículo, claro, viria à tarde. O nosso Manel Pinho, aproveitando a boleia, e nada propondo de concreto, solicita uma reunião dos ministros da economia da União Europeia para analisar as consequências destes aumentos gravosos. Ora, isto é o contrário daquele célebre ditado: «a mulher de César não basta ser séria, tem de parece-lo». O nosso governo só quer parecer sério, mas na verdade prostitui-se sempre que a oportunidade aparece.
Que conclusões ficam, então? O nosso governo não age, reage. Ouve ideias interessantes e cola-se a elas, para ver se apanha os mais distraídos. O que querem discutir é precisamente a ideia de Sarkozy, para depois colherem os louros de uma inútil reunião de ministros europeus. Não há pachorra!


P.S. - O seu a seu dono. Já depois de ter escrito este texto soube que a mesma proposta apresentada por Sarkozy tinha já anteriormente um adepto, que dela falou no Domingo: Pedro Passos Coelho. Na altura não lhe ligaram. Será que não é suficientemente de direita para o nosso Partido Socialista?

26 de maio de 2008

«...tenho alguns amigos que são, mas a mim não me dá jeito.»

A propósito da solução genial de Burton para o mistério do monólito de Kubrick, só me lembrei deste fantástico momento em que o Herman não nos envergonhava a todos. É, aliás, um momento bem menosprezado, pois não é todos os dias que se insinua que Deus é homosexual. Pelo menos não na televisão portuguesa. Para ver e rever.

25 de maio de 2008

Pode-se pôr mais que um vídeo na mesma mensagem?

No "2001, Odisseia no Espaço", do Kubrick, não há naves espaciais que fazem zumbir - no vácuo - tiros laiser. Há macacos. Ou humanos pré-históricos. É mais isso. Isto no início do filme, numa reflexão sobre a evolução da espécie humana que resulta (e conclui) naquele que é considerado como um dos mais geniais raccord da história do cinema.

Um pouco (bastante?) antes deste momento, os nossos pré-históricos deparam-se com um monólito que os surpreende de tal maneira, que contribuiu para a sua evolução como espécie.

Esse calhau - perdão, monólito - suscita imensa discussão sobre o seu significado: será Deus?, algo divino?, extraterrestre?, reminiscência de uma antiga civilização? Nem pensar que vou esplanar uma qualquer teoria sobre esse assunto. Deixo apenas o convite a descobrir a solução que o Tim Burton encontrou para essa questão, no seu filme infantil "Charlie e a Fábrica de Chocolates", a partir do livro com o mesmo nome. Atentem no rápido pormenor de Oprah surgir antes dos pré-históricos, qual módulo espacial derivado de osso.

Por falor em bons raccords, o videoclip da canção representante de França na Eurovisão 2008 está pleno de excelentes soluções para a ligação - e coesão - entre planos. Vejam como o mesmo raccord consegue atravessar, mesmo, em alguns casos, de um lado para o outro, mais que dois planos.


t.

24 de maio de 2008

Indiana Jones

É difícil imaginar o cinema sem pensar em Indiana Jones. Tinha oito anos quando estreou o primeiro filme da série e, como todas as crianças, deliciei-me com aquele mundo fantástico de aventura. Estou certo que até influenciou a minha escolha de estudos no ensino superior. Procuro esquecer-me um pouco disso, mas a verdade é que a minha primeira opção para entrar na faculdade foi Arqueologia. Até fiz dois anos nessa vertente da História, o suficiente para perceber que era um mundo bem mais «sujo» do que o das aventuras de Spielberg. Mas isso são contas de outro rosário...
É evidente que não podia nem queria perder a nova aventura daquela que é uma das minhas personagens favoritas. E fui sem preconceitos, pois tinha consciência que não podia sentir agora o entusiasmo da infância. Não pretendo aqui contar a história do filme e estragar o encanto para aqueles que como eu esperaram esta estreia. Posso apenas dizer que o filme é sensivelmente o que poderíamos esperar. As personagens do costume, o irrealismo na dose adequada, o chicote maravilha, a excelência dos actores, a fantástica realização. Duas horas de puro entretenimento.
Claro que existe um mas. Há um elemento do filme que me desconcertou. E só um pouco depois percebi que foi o mesmo que já me tinha acontecido com o último livro de Astérix. Tal como os autores da banda desenhada, quem escreveu este guião envolveu extraterrestres na história. Não é grave. Nem sequer o suficiente para vos aconselhar a não verem o filme. Claro que vale a pena. Mas não havia necessidade. Com tantas lendas, tradições e folclore dispensava a introdução de mais um elemento para elevar o irrealismo da história.
Queria dizer, porém, e para terminar com um elemento positivo, que neste aspecto Spielberg é genial. Quando tudo parece estar a cair no ridículo, lá ele nos consegue prender a atenção com um qualquer pormenor que nos volta a fazer sorrir. Este é, aliás, o elemento fundamental: para aqueles que como eu vibraram com o Dr. Henry Jones Junior na infância, garanto-vos que várias vezes vão sentir-se um pouco mais perto desses dias. E só por isso vale o preço do bilhete. Pode não ser uma obra de arte, mas não envergonha e sobretudo diverte. Se calhar, e vendo bem, cumpre aquilo a que sempre se propôs. E só não bastará para aqueles que elevaram a trilogia a um estatuto que provavelmente nunca aspirou. Lembrem-se da idade que têm hoje. Depois o resto é fácil.

23 de maio de 2008

Hail to the Radiohead

Tenho percebido ultimamente que há por aí muito boa gente cansada do alarido à volta dos Radiohead. Queixam-se que a Radar e o Blitz lhes dão demasiado crédito e que eles nem são assim tão magníficos. Ou, na outra perspectiva, que eles até são doutro mundo, mas que não há necessidade de os glorificar. Que chorrilho de asneiras. Quem é que rege os seus gostos musicais pelos critérios da Radar? Melhor. Quem é que no seu perfeito juízo ainda lê o Blitz?
Sou confesso ouvinte da estação de rádio em questão, mas valha-me deus se tenho paciência para tudo o que dizem. E menos paciência ainda tenho para aqueles momentos em que cada um dos membros da equipa daquela estação competem para ver quem passa a música mais alternativa (entenda-se, mais chata e inaudível). É o tal complexo Galopim, de que já falei. E quanto ao Blitz, estamos conversados. Já foi em tempos um jornal engraçado, mas serve sobretudo para adolescentes convencidos da sua singularidade trocarem uns «pregões», hoje sob a forma de comentários às notícias online.
Resumindo: mais uma vez apelo a que pensem um pouco pela vossa cabeça. Os Radiohead são o que são. As modas vão e vêm e as bandas pouco influência têm nelas. Divirtam-se a ouvir o que compõem em vez de se preocuparem em juntar-se à «manada» que não gosta do burburinho à sua volta. E já agora vejam lá se não é no mesmo hype que agora criticam que encontram o vosso som de referência. Deixem de ser ridículos.
Para que se encontrem com os bons pensamentos vou aqui deixar um dos melhores vídeos de sempre. É daqueles que considero mesmo uma obra de arte e a melhor companhia para a música em questão, claro. E quando parvoíces como a que motivou este texto vos vierem à cabeça é só colocarem o The Bends ou o Ok Computer a tocar e passa-vos logo. É melhor que Kompensan para o enjoo.

22 de maio de 2008

disparidade

«Portugal foi hoje apontado em Bruxelas como o Estado-membro com maior disparidade na repartição dos rendimentos, ultrapassando mesmo os Estados Unidos nos indicadores de desigualdade.»
TSF, 16.34
Não é novidade. Provavelmente alguns nem consideram notícia. Mas a verdade é que parece ser necessária a União Europeia para apontar aquilo que parece tão óbvio. O que entristece é que já hoje o nosso governo reagiu e afirmou que os dados são incorrectos, que se referem a 2004. Qualquer pessoa com o mínimo de decência pedia desculpa e calava-se. Estou certo, mas obviamente só a fazer uma suposição, que esta disparidade só aumentou desde 2004. E não sou especialista, apenas me baseio no que observo e nas dificuldades que cada vez mais sinto no dia a dia.
Continuo convencido, e já o afirmei aqui, que um dos problemas deste país é que as pessoas se escondem atrás da sua realidade e cada vez menos se preocupam com o que os rodeia. Com a agravante de serem aqueles que melhor educação possuem, e que melhor poderiam opor-se a este status quo, a contribuir para a sua perpetuação.
Sei que não faço o suficiente. Alguns até dirão que nada faço. Procuro, porque a minha profissão me permite, transmitir esta realidade aos alunos com quem lido todos os dias. E entenderem que é fundamental fazerem ouvir a sua voz. Pode ser pouco. É melhor que nada, estou certo.
Não sei como vamos estar daqui a uns anos. Ninguém sabe. Na História todos os momentos de conturbação e agitação social tiveram consequências. E por vezes só a violência serviu para abrir os olhos para o que devia ser evidente. Digo já que odeio qualquer forma de violência e não a defendo. E espero estar enganado. Apenas cada vez mais sinto que só quando todos sentirmos a nossa segurança em risco é que estaremos dispostos a reagir. Seremos assim tão estúpidos?

21 de maio de 2008

lost in translation

É absolutamente fantástico quando ao vermos um filme não conseguimos tirar os olhos do ecrã. Mais impressionante se torna se tal fenómeno se verifica após várias visualizações. Sou grande admirador de Sofia Copolla. Os seus filmes têm uma sensibilidade especial, difícil de caracterizar. Não importa o espaço ou o tempo em que decorrem. De uma forma impressionante acabam por nos prender e envolver-nos ao ponto de nos sentirmos um pouco mais vivos ao vê-los. Ou pelo menos mais humanos.
Provavelmente o melhor exemplo disso é Lost in Translation. Não sei se é da escolha de actores, do argumento, da banda sonora ou simplesmente do bom gosto demonstrado em cada momento do filme. Tudo tem um toque especial. E acho que nos faz sentir especiais, não no sentido de sermos únicos, mas o absoluto oposto, que há mais quem se sinta perdido por aqui. E não importa se crescemos em Nova Iorque ou em Lisboa. O sentimento aparenta ser o mesmo.
De um filme como este resta pouco para dizer. Fui à procura de um momento que expressasse a sua singularidade. Aproveitei e escolhi o que glorifica uma das músicas da minha vida. E nem importa a interpretação, que, esclareço já, acho magnífica. Foi um dos muitos momentos que me fizeram sorrir.

20 de maio de 2008

silly job interview

Nem me apetece falar de trabalho, mas esta é daquelas semanas non-sense de reuniões inexplicáveis. Essencialmente por questões que se prendem com a avaliação e com os propalados objectivos, tão importantes para esta geração de pós-modernos. Andamos na febre da quantificação, dos resultados, da parvoíce do fazer só porque parece bem ser feito. Não importa como, nem sequer se tem utilidade.
É nestes momentos de discussões inúteis que me lembro de determinados sketches de Monty Python e viajo para o meu universo paralelo. Hoje foi assim que senti a utilidade do que faço. E creio que as entrevistas de avaliação no ano que vem nem devem ser assim tão diferentes. Calculo que sem sentido de humor, certamente.

19 de maio de 2008

violência ao fim de semana

Só uma pequena provocação. Hoje saiu um estudo que indica que os fins de semana e particularmente o Domingo são propícios à violência doméstica. Não percebo onde está a surpresa... ora, o bom chefe de família é lampião e lampião que se preze de vez em quando (para não acharem que estou a exagerar) esbofeteia a mulher. Antes o fenómeno só acontecia ao Domingo, mas com estas modernices já se joga à Sexta e ao Sábado. A única novidade é que a pancada agora não tem dia certo. Que mais há para dizer...

pós-modernos

Sempre gostei dos GNR. Já não os oiço muitas vezes, mas nunca me vou esquecer daqueles concertos que vi por altura da «Valsa dos Detectives» e que resultou no célebre In Vivo. E muito menos de quando descobri o «Psicopátria». A verdade é que dei por mim muito recentemente a ouvi-lo. E realmente não importa a idade. Aos 14 ou aos 34 anos, continuo a senti-lo como um grande álbum. E as letras são um espanto. Aliás, sempre achei que, nesse aspecto, muitas foram as vezes em que menosprezaram Rui Reininho. Vou aqui recuperar os Pós-modernos. Não será a música de que todos se recordam, mas tem uma letra tão actual que às vezes me apetece berrá-la só para ver se alguém percebe.

«... depois da V2 DDT PBX
Ketchup K7 kleenex kitchenette duplex
Twist again colourful wonderful
Chegou o T2-T4 c/garagem pró P2 turbo sound disco sound discussão?
Video-Club joy stick midi high-tech squash & sauna
Compact D (compre aqui?)...»

Ser mãe era a aspiração natural de todo o homem moderno
Ser o melhor é normal para os novos pobres deste colégio interno
Ter medo é a pulsão fundamental do criador & artista
Estar sóbrio é continuar permanecer positivista

«... E dantes as máquinas estavam sempre a avariar...»

Mas com uns pós modernos nada complicados
Sentimo-nos realizados
Ah! Os pós modernos agarram na angústia
E fazem dela uma outra indústria
Com os pós modernos nunca ganhamos
Mas também nada investimos

18 de maio de 2008

Sporting! Sporting! Sporting!

Podem discutir o que quiserem. É falta, é pénalti, o golo é mal anulado, o cartão mal mostrado (e por favor pensem bem antes de dizer este disparate), o golo foi uma sorte... A verdade é que o Sporting foi um justo vencedor. Foi melhor durante praticamente todo o jogo. E que grande jogo. Só foi pena não ter mais golos. A única preocupação é ver jogadores profissionais de cabeça perdida, como continua a ser tradição infeliz dos jogadores do Porto. O João Pinto foi suspenso por uns meses por ter tido a atitude do João Paulo para com o árbitro. E, já agora, lembrem-se: o Paulo Bento pode ter muitos defeitos, mas com esta equipa sofrível ganhar duas taças ao Porto e ir pela terceira vez à Champions é obra. Sporting! Sporting! Sporting!

The Sound

Estranhamente só ouvi falar dos The Sound há cerca de 4 anos e por causa do meu amigo Jorge Costa. Dizia-me ele que estava certo que iria gostar, tal a forma como se integrava no meu universo musical. Obviamente não errou. E que agradável é quando os amigos nos conhecem desta forma.
Confesso que senti uma enorme estranheza por ter passado vinte anos sem reparar na existência dos seus álbuns. É exactamente o tipo de som que oiço e que gosto de dançar. E o estilo é o que mais adoro: aquele «pop escuro» que só podia sair das ilhas britânicas.
Falo neles hoje, porque ontem no Incógnito o dj Fernando Morgado se lembrou deles. Ontem, aliás, e só para meter inveja a quem não esteve lá, foi outra grande noite de música. Claro que sorri ao ouvir os primeiros acordes de Sense of Purpose. É uma grande música, perfeitamente adequada ao espaço e por uns momentos trouxe-me recordações engraçadas.
Seja como for aconselho vivamente. Vão ver que são grande influência para muitas bandas que estão aí na berra, como os White Rose Movement. E se não sabem por onde começar procurem ouvir From the Lions Mouth. É espectacular. Depois, e se ficarem convencidos, vão questionar-se, como eu, porque nunca repararam nesta banda do início dos anos 80. Talvez até percebam melhor porque me irritam as playlists e os fazedores de opinião.

16 de maio de 2008

The Arcade Fire

Se algum dia me perguntarem qual a banda que marca esta década, acho que a minha escolha será certamente The Arcade Fire. Até 2007 presentearam-nos com dois álbuns que irão por certo ficar para a História. Pelo menos no meu livro. A música que fazem é de tal forma magnífica que se ouve em qualquer lugar e em qualquer situação. Não conheço quem reaja com indiferença. Aqui vou colocar muitos dos seus vídeos, nem que seja para marcar a importância que têm nos meus dias. Só não foi fácil escolher o primeiro. Optei por Wake Up, no Festival de Glastonbury de 2007. A música é maravilhosa, mas escolhi este vídeo por ser um fantástico exemplo da energia destes canadianos em palco. Tal e qual os vi e senti no Super Bock. E reparem na alegria com que tocam. É impagável. Já tenho saudades.

15 de maio de 2008

this is the day

Nada como recuperar os anos 80 para nos sentirmos um pouco melhor. Como muitos temas da década, este também é de um optimismo digno de Voltaire. Esqueçam os penteados, as roupas, apreciem só a música e o inocente vídeoclip. São os The The no seu melhor. Sim, ainda há quem deles se lembre.

14 de maio de 2008

Carta aberta ao primeiro-ministro

Ex.mo Sr. primeiro-ministro,

Foi com preocupação que recebi as notícias de hoje relativas à sua pessoa. Não lhe conhecia esse terrível hábito que tanto contribui para a diminuição da esperança média de vida dos portugueses. Calculo que não seja fácil deixar o vício, sobretudo com o cargo desgastante que ocupa. Compreendo sobretudo a ansiedade de ter que conviver com Hugo Chávez e a má influência do Ministro da Economia que o acompanha.
Esta foi a preocupação que ocupou a manhã. Mas à tarde fui, como todos os portugueses, confrontado com o seu pedido de desculpas e a minha preocupação agravou-se. Depois de vários anos a seguir a sua carreira, pergunto-me se não teria sido útil fazer-se acompanhar da Ministra da Saúde, pois é evidente que se deixou afectar por uma qualquer febre tropical. Só temperaturas elevadíssimas explicam tal pedido da sua parte. A mesma febre afecta certamente o seu gabinete, que horas antes classificou como «normal» a sessão de fumo num voo fretado. Temo mesmo que haja um surto, pois a administração da TAP veio dizer que a lei não se aplica da mesma forma que num voo comercial. Estou certo que as hospedeiras e toda a tripulação destes fretes é imune aos malefícios do tabaco e que num avião as leis da terra não se aplicam, mas ainda assim...
Preocupado também estou com a nossa A.S.A.E.. Porque essa doença mostra mexer-se rapidamente pelo aparelho de Estado. Como sabe senhor primeiro-ministro o dia já vai mais avançado cá no nosso burgo e estes fiscais, outroura tão expeditos, ficaram adormecidos, sem reacção, o que dá a entender que a febre, passadas umas horas, entorpece a acção fiscalizadora.
Apenas um aspecto me deixa descansado após o dia de hoje. Sei, porque o senhor primeiro-ministro o afirmou, que vamos assistir a uma rápida revisão constitucional. Não mais serei multado, nem penalizado de forma alguma, bastando-me para tal afirmar o meu total desconhecimento da lei. É um bom princípio, inspirado na avançada legislação do faroeste americano (ou da selva tropical venezuelana), tantas vezes menosprezada por aquelas criaturas aberrantes a quem chamamos constitucionalistas.
Queria terminar este texto para lhe dar uma palavra de conforto e coragem perante a opressão de que foi alvo durante o dia de hoje. Resista senhor primeiro-ministro. Resista e não deixe de fumar. Não ceda aos interesses dos anti-tabagistas primários que oprimem o seu povo. Por favor, a todos nós dê um bom exemplo. É só o que lhe peço. Na sua viagem de regresso fume, mas cumpra a lei; abra a porta e fume fora do avião. É um favor que faz à democracia portuguesa que precisa de um líder inspirador.
Com o respeito que me merece, despeço-me, desejando o seu pronto restabelecimento.

«dignificação» do pimba

Ando um pouco cansado da cultura pimba que se instalou por cá. E praticamente ninguém escapa incólume à sua perpetuação. Ora é a música que se põe na festa no meio da bebedeira, ora é a queima das fitas e a benção e outros afins, ora, e esta é que mais me chateia, são os diferentes humoristas e apresentadores que tanto os utilizam para ocupar os seus momentos parcos em ideias. Entristece-me pensar que o maior responsável pelo crescimento deste fenómeno foi Herman José. Acredito até que é uma das grandes razões da sua decadência. Ainda me lembro quando fiquei estupefacto a olhar para um seu programa quando ele convidou o “emplastro” (e sim, saber quem é o emplastro já é parte do problema). Até podia ser um bom momento de humor (embora de gosto duvidoso), mas na verdade consolidou a estupidificação das massas. A partir desse momento, creio que nada mais lhe restou do que continuar na senda da conquista de audiências. Deve é ter custado a sua alma. Depois tudo valeu. Zandingas, Ruths Marlenes, Zé Cabras e todos os outros que os seis milhões exigiam no prime time da televisão.
Infelizmente outros seguem este caminho. Alguns que, tal como o Herman, eu admiro e gosto de ouvir. O mais recente chama-se Bruno Nogueira. Seguindo as pisadas de Markl e companhia, eis que se lembra de criar um dia para a música pimba na crónica diária que faz na TSF. A rubrica chama-se a música mais improvável de passar naquela estação, ou coisa que o valha. A ideia, engraçada, já não me agradou muito da primeira vez. Pareceu uma forma hábil de “encher” o seu vazio de ideias. Mas repetidamente é demais. É novamente a glorificação desta palhaçada. Já nos basta o noticiário da TVI. Já levamos com todos os aniversários da «Carreira» do Tony. Será que precisamos mesmo de mais estes momentos?
Sei que tenho alguma dificuldade em conviver com os fenómenos populares. Não gosto de feiras, não vou visitar o Museu Berardo só porque é de borla, não me mascaro no Carnaval e não apanho uma bebedeira só porque é fim de ano. Os meus momentos de alegria e divertimento escolho eu. Podem chamar-me de elitista, dizer que não tenho sentido de humor, o que vos fizer dormir melhor. Até admito que nem sempre é fácil ser assim. Mas há um mundo para além do social-maioritariamente correcto. E esse agrada-me muito mais.

13 de maio de 2008

californication lol

Tenho dito várias vezes que não percebo a esmagadora maioria da linguagem associada à internet. Até já afirmei, e quase fui trucidado por isso, que lol é a expressão mais estúpida do mundo. Ontem, ao ver a série Californication, percebi que nem sou o único a pensar assim. Quem escreve estes guiões até sente a mesma preocupação, ou, deverei dizer, estupefacção. Atentem bem esta entrevista do personagem Hank Moody sobre o assunto. É fantástica. E como ele, eu também me autoflagelo diariamente por contribuir para esta blogosfera.

contratos a prazo

É mais um daqueles disparates que não lembra ao diabo. Ao que parece o nosso governo pretende manter na função pública a possibilidade de estender os contratos a prazo até seis anos. Num momento em que quer obrigar, por força da revisão do código de trabalho, as empresas a um limite de três anos. Isto não é sério. É mais uma como a dos recibos verdes. Alguém explique a este senhores que não basta parecerem sérios. Já não estão fartos? Não sei quanto tempo mais vão comer-nos por parvos.

11 de maio de 2008

fake empire

É dos concertos que mais pena tenho de perder. Os The National estão neste preciso momento a tocar na Aula Magna. Para mim espaço de eleição para ver qualquer banda. Particularmente como esta. Intimista. Já ouvi compará-los com diversos artistas. Tindersticks, Nick Cave, Leonard Cohen... Não importa. São para mim originais. E estou apaixonado pelo seu último ábum: Boxer. Fake Empire é a música de abertura. Será preciso mais?

Guernica em 3D

Sou daqueles felizardos que já tiveram a hipótese de ver a Guernica, de Pablo Picasso, ao vivo e «a cores». Por duas vezes. A segunda não foi grande experiência, pois foi num dia em que as visitas eram livres ao Museu Rainha Sofia e, como é apanágio da populaça, se é de borla todos comparecem. Mas a primeira vez foi inesquecível. Fiquei assoberbado com a magnitude da obra. Já muito tinha lido sobre o quadro, mas nada me preparou para o que senti naquele momento. A sua dimensão é inesquecível. O retrato de horror é perturbador. E conheço poucos que não tenham sentido isto. Não importa a interpretação. Aliás, o próprio Picasso diz que cada um deve interpretar a obra como quiser.
Falo nisto hoje porque uma artista de 3D chamada Lena Gieseke fez uma abordagem ao quadro. E é impressionante. Transporta o quadro para outra dimensão. Literalmente. E vale a pena ver. Se nunca se deixaram tocar pela obra, não creio que desta vez consigam ficar indiferentes. Para os que se entusiasmarem deixo também o link para o site da autora, onde poderão ver o trabalho em alta definição:
http://www.lena-gieseke.com/guernica_qt17.html.

10 de maio de 2008

on the other side

Gostava muito de ter escrito esta letra, tal a forma como reflecte o meu estado de espírito actual. Só posso louvar o senhor Julian Casanova.

I'm tired of everyone I know,
Of everyone I see
On the street
And on TV.
On the other side
On the other side
Nobody's waiting for me.
On the other side
I hate them all.
I hate them all.
I hate myself for hating them,
so I'll drink some more.
I love them all.
I'll drink even more.
I'll hate them even more
than I did before.
On the other side,
on the other side
nobody's waiting for me.
On the other side.
I remember when you came,
you taught me how to sing.
Now, it seems so far away
you taught me how to sing...
I'm tired of being so judgemental
of everyone.
I will not go to sleep.
I will train my eyes to see
that my mind is as blind
as a branch on a tree.
On the other side,
on the other side
I know what's waiting for me.
On the other side.
On the other side,
on the other side
I know you're waiting for me.
On the other side.

complexo galopim

Quando criei este blog, esta terá sido a primeira ideia que pensei publicar. É um complexo que venho confirmando desde a adolescência e que encontra a sua personificação naquele que muitos consideram um crítico musical a ter em conta: o inigualável Nuno Galopim. Ao longo dos anos conseguiu, através de um sem número de disparates, retirar alguma seriedade à profissão que exerce. A estupidez do século (do passado, pois no actual também haveria o que referir), proferiu-a numa crítica relativa a um concerto dos The Cure no Sudoeste de 1998. Segundo ele Robert Smith não passava de um rock star anestesia que toca a olhar para o próprio umbigo, pois, e atentem bem nisto, não tocou o seu tributo aos Depeche Mode. Gostava de dizer que este foi um mero deslize profissional, mas não. O senhor repete impunemente afirmações destas e, esta é a parte que me preocupa, arrasta com ele um séquito que com ele as repete. Seja como for, é por causa de momentos infelizes como este que não nutro grande afeição pelo seu trabalho. São várias as vezes que dou por mim a ler as suas críticas (num masoquismo inqualificável) e a ficar exactamente no ponto de partida. Quando assim não é, a situação piora. É vulgar o facciosismo militante que não lhe permitir a imparcialidade necessária para emitir uma sentença. Dirão que todos os críticos são assim, mas não é verdade. Várias vezes encontro aqueles que são capazes de sair da sua superioridade intelectual e analisar imparcialmente os trabalhos que lhes apresentam. Dentro de diversos géneros, acrescento. Diga-se que um dos melhores exemplos até partilha um blog com Galopim e chama-se João Lopes.
Lembro-me sempre de ouvir dizer que os críticos de qualquer área são sempre os que nela falharam. Não sei se assim será. Sinceramente espero que não. Não podem é sofrer do estigma que passei a designar por complexo galopim e que dá o mote a este texto. Este estigma aplica-se a todos aqueles que até são comuns mortais, mas quando se expõem têm a tendência para numa qualquer conversa ir procurar a banda mais obscura, o filme mais abjecto ou o livro desconhecido. E porque o fazem? Essencialmente porque gostam de vincar a sua originalidade. Não haveria nenhum problema se fosse genuíno (ou se os 16 anos durassem para sempre), mas na esmagadora maioria dos casos não é. Estas pessoas ouvem os mesmos discos que nós, vêm os mesmos filmes e lêem os mesmos livros. Só se transformam quando expostos ao público. Ora metamorfoses destas não me agradam. E não creio serem aceitáveis num profissional. Sobretudo com a sua visibilidade. Eu sei que nesta terra quem tem olho é rei, mas não vale tudo.
É por isto que quando pensei neste complexo o apelidei de Galopim. E o senhor, se lesse este texto, nem se ofenderia, estou certo. Afinal toda a publicidade conta. Até reconheço que lhe estou a dar demasiada importância, embora não fosse esse o meu objectivo . Só é desagradável ver que gente desta é que decide o que se ouve ou não em Portugal. E que tenha amigos que o usam como referência, como se ele fosse alguma sumidade. Se ele considera que ouvir Abba é sinal de bom gosto, eis que de repente começo a ver o mais acérrimo «be» a dançar o Dancing Queen. Tenham juízo e pensem com os vossos neurónios, ainda que sejam poucos. O senhor às vezes é para levar na brincadeira, não tem muita validade.

9 de maio de 2008

“Por que no te callas!”


“Há motivos de sobra para censurar o Governo.”

Como é? O que disse? Terei ouvido bem? Quem disse esta frase? Olha que o Sócrates ainda manda a guarda. Como? Foi o Sócrates? Não pode ser. Esse senhor está sempre tão bem preparado que não comete gaffes!
Pois é. Este é o mais recente disparate do nosso primeiro ministro. Estou certo que o disse sem querer, mas normalmente assim se dizem as verdades. Esperem! Mas se foi um lapso ele deve ter corrigido imediatamente a frase. Será? Poderia ser, mas não. Eis o que afirmou pouco depois:

“Pode haver muitos motivos para censurar o Governo, mas não por estas razões.”

Ora por uma vez tenho de reconhecer que o nosso líder máximo, o mais que tudo, aquele que tudo sabe, não nos enganou. Sabia o que estava a dizer e reafirmou-o. E quem diz a verdade... não merece castigo, o tanas!
Realmente o senhor está a perder a compustura. No debate de ontem da moção de censura chegou a fazer um gesto para um deputado do PCP que eu julguei só poder observar no recreio das escolas onde trabalho. Quando confrontado com o seu próprio programa de 2005 pelo deputado António Filipe, começou a acenar a mão em frente à cara a chamar de cego ao seu inquiridor. Só lhe faltou tapar os ouvidos e começar a gritar como as crianças birrentas. Volto a repetir o que escrevi ontem: já não há paciência para estas atitudes mal educadas e indignas de um membro do governo (o seu líder ainda por cima). Só consigo pensar na falta que nos faz um tal de Juan Carlos para finalmente alguém lhe dizer:


“Por que no te callas!”

8 de maio de 2008

Que o amianto não nos caia em cima da cabeça!

Resultado de levantamentos feitos pelas direcções regionais
Ministério da Educação revela que 59 por cento das escolas têm amianto
Actualmente, 59 por cento das escolas têm coberturas de chapas de fibrocimento que contêm amianto, segundo um estudo baseado nos levantamentos realizados pelas direcções regionais de Educação, de Novembro do ano passado.
In PÚBLICO, 8 de Maio de 2008

Não sei muito bem o que pensar desta notícia. Acredito sinceramente que até haja algum alarmismo exagerado. É difícil, porém, ficar indiferente. E creio que a indiferença é a única resposta que não acho aceitável numa questão como esta. Já aqui afirmei que considero que a actual ministra não reúne condições para ocupar o cargo, mas todos os dias fico estarrecido com a atitude de quem manda na 5 de Outubro. Citando a TSF online, vejam a resposta da senhora à notícia em questão:

«Felizmente que o mundo das escolas é melhor do que os títulos dos jornais» e não se «reduz» a eles, disse, num tom de irritação, sublinhando que não comenta «títulos de jornais».

Confesso que tenho dificuldade em digerir esta atitude. É de uma sobranceria e arrogância inigualável. Sobretudo para quem nos últimos três anos via nas escolas um dos círculos do inferno.
O problema não se resume apenas às declarações da dona Maria de Lurdes, que são mais do mesmo. Tanto quanto percebo a questão levantada é sobre a continuada exposição de quem estuda ou trabalha nestas escolas. E são 59% das escolas. Não é uma amostra sem importância. A ministra aconselha os jornalistas a ler os relatórios e a não olharem para os títulos dos jornais. Mas será que ela já leu o relatório? E nesse caso a sua irritação prende-se com o facto de agora ter que falar nele por ter vindo a público ou com a real preocupação pelas suas conclusões? Creio que todos sabemos a resposta a estas perguntas.
Já estou farto de ver problemas sérios tratados por directrizes economicistas. E não devia ser o único. Este tipo de políticos, infelizmente, grassam pelo país fora e vão aproveitando a falta de informação e educação deste povo para se manterem no poleiro. Quero acreditar que este tipo de atitude não impera pela Europa fora. Ou que pelo menos não é possível escapar impunemente como no nosso «cantinho». Vou reforçar o que disse no início: não sei se devemos estar preocupados. Sei é que quem ocupa estes cargos e lê estes relatórios não pode esconder-se e, impunemente, nem responder às dúvidas que são levantadas. A questão agora vai certamente para uma qualquer comissão parlamentar que, por o PS estar em maioria absoluta, vai abafar as questões sérias e tratar-nos mais uma vez como ignorantes. Daqui a nada já ninguém se lembra disto. E estou certo que muitos comentadores aparecerão a dizer que é uma falsa questão. E esses sabem tudo, não é verdade?

7 de maio de 2008

all i need

Vi há pouco este vídeo na MTV. Fiquei imediatamente preso ao ecrã e envolvido na mensagem transmitida. Sei que este tipo de imagem até está um pouco vulgarizada hoje, mas não deixa de surpreender. E é útil. Quanto mais não seja para nos colocar na devida perspectiva. Nós, que vivemos neste mundo ocidental, nada nos preocupamos com esta realidade. Damos tudo como seguro e raramente nos questionamos sobre o que nos garante essa segurança. Há um outro mundo e vidas que valorizamos menos que simples objectos. Estou certo que não fomos educados assim. Só não percebo como aqui chegámos.

6 de maio de 2008

The Empire Strikes Barack

Tenho seguido com algum interesse as primárias americanas. Por formação (ou deformação, como diriam alguns...) interesso-me particularmente pelos candidatos democratas e nesse aspecto tem sido um espectáculo assistir à luta entre Barack Obama e Hillary Clinton. Luta política pura, com tudo o que de nobre e podre a ela está associado. Não consigo deixar de alimentar a esperança que qualquer um deles venha a ser o próximo presidente americano, pois estão a léguas do que nos habituámos nos últimos oito anos. Sei bem que a comparação é ridícula, mas...
A parte engraçada é que não consigo escolher entre eles. Os americanos pelos vistos também não. Hoje mais dois estados vão a votos e pode ser que alguma definição surja. Por enquanto podem entreter-se com esta brincadeira que encontrei no youtube. Como adoro o Star Wars, achei o título absolutamente fantástico. E simbólico, porque continuo a não estar convencido que estejam prontos para eleger um presidente afro-americano (detesto esta expressão, mas pelos vistos é a politicamente correcta).

4 de maio de 2008

everyday is like sunday

O Domingo é um dia estranho. De uma forma lógica não encontro explicação para isso. Sei é que não sou o único que me sinto assim. E lembro-me disso sempre que oiço esta música. Estou certo que foi escrita para pessoas como eu, que estupidamente transformamos um dia de descanso num dia de angústia. Não consigo evitar. E acreditem que gostava.

3 de maio de 2008

no surprises

Oiço esta música repetidamente desde 1997. Como todo o álbum OK Computer, diga-se. Ao fim destes anos é parte integrante do que sou e define bem a forma como me sinto. A música em questão e o álbum, para quem se questiona. Com os Radiohead até nem estranho este sentimento. Serão, provavelmente, a banda da minha vida, se é que consideram possível fazer uma afirmação destas. E nenhuma música o exemplifica tão bem como No Surprises. Para mim é um sonho. Reconfortante por saber que é partilhado. Talvez. Há mais quem sinta o sufoco dos dias a passar. E às vezes só conseguimos contemplá-los. E já nem nos surpreendemos.
Acho que cada pessoa interpreta esta música como quer. Já ouvi classificá-la das mais diferentes formas. Eu sinto que todas estão correctas. É por isso que a acho mágica. E o vídeo é genial. Simples como a música. Uma grande imagem visual. Para ver e rever.

2 de maio de 2008

discussão política

Cada vez menos tenho o hábito de discutir política. Não é por opção que me afasto do tema, mas antes porque sinto enorme resistência das pessoas com quem convivo em abordá-lo. Parece sempre incómodo, chato, uma repetição. Lembro-me quando a política era o tema de todas as discussões em família e a minha não era diferente. Havia sempre um tio, primo ou avô que se envolviam em violentas discussões e que tornavam cada Natal ou aniversário inesquecível. Claro que nem sempre pelos melhores motivos. Estou certo, porém, é que foi nesse ambiente que cresci e aprendi a compreender as diferentes pontos de vista e as questões que separavam a esquerda da direita. Há quem diga que essas diferenças esmoreceram e por isso a paixão também. Percebo o que querem dizer, mas não o compreendo. Digo mais: a apatia desta abordagem enerva-me e revela no mínimo uma enorme desatenção. Mostra que cada vez mais nos preocupamos apenas com a nossa realidade e procuramos manter-nos afastados de tudo o que seja minimamente incómodo ou nos faça sair do conforto do nosso egoísmo.
A nova moda é afirmar que os partidos são todos iguais. O que interessa são os movimentos dos cidadãos. Esses é que podem dinamizar o país. Percebo que por vezes é útil que eles apareçam, nem que seja em momentos como os das eleições intercalares em Lisboa. Agitaram os ânimos e puseram os partidos em sentido. Mas nada mais. Não têm futuro e não são a resposta necessária. A própria Helena Roseta o reconhece. Servem no imediato, nada dizem para o futuro. E quanto aos partidos da moda, cujo mais recente é o Bloco de Esquerda, o que fazem? Dizem umas coisas giras e mal podem colam-se ao poder, como exemplificou bem José Sá Fernandes no seu entendimento com António Costa. Oferecem verdadeira alternativa? Mais uma vez não e aposto que no poder já não lhes achariam tanta graça. São úteis na oposição, em alguns momentos. Só isso.
Claro que o texto que aqui exponho resulta de uma visão de uma classe média em extinção, da qual eu faço parte. Alguns como eu sentem-no todos os dias. Cresci num meio economicamente estável e todos os dias me debato por manter o nível de vida a que sempre estive habituado. Vejo os amigos (alguns) a prosperar, mas aqueles que hoje como ontem estão bem são os mesmos. Aqueles que têm a sorte de ter uma família que os protege nos momentos difíceis. Os que têm amigos que de uma forma ou de outra os conseguem projectar no mercado de trabalho. Em suma, aqueles que sempre soube que iriam estar onde estão actualmente. E eu gostava de dizer que é sempre com mérito, mas às vezes... Não interpretem o que acabei de dizer como uma crítica, provavelmente se as mesmas oportunidades me fossem oferecidas não as desdenharia. Apenas gostava que não fossem estes os primeiros a desinteressarem-se pela política. Se tivesse sido esse o caminho seguido pelos meus pais certamente não teria a consciência cívica que tenho hoje.
Antes tinha o hábito de ouvir os debates parlamentares. Eram interessantes e esclarecedores. Mesmo quando eram política pura. Agora ninguém ouve o que se passa no Parlamento, esperam pela crónica de um dos comentadores do momento ou pelas «quadraturas» e «eixos» que ocupam os horários televisivos. Ainda bem, diga-se. É sinal que ainda vale a pena trocar ideias. Só gostava de perceber é o motivo que leva as pessoas a ouvir estas trocas de ideias e a não querer participar nelas. Presumo que seja porque dá trabalho. O simples acto de ter de explicar um ponto de vista a alguém cansa. Às vezes questiono-me se Dias Loureiro tinha razão quando nos chamou de «geração rasca». Foi um escândalo, não conheci ninguém que então não se tivesse ofendido. Mas passados estes anos como se comporta esta geração? «A política não presta, os sindicatos não servem, quero é o meu «T2-T4 com garagem pró P2...» e o meu ipod e iphone e o que mais estiver na berra. Trocar ideias é chato. Não resolve nada. E afinal o país nem está assim tão mal. Pelo menos eu não tenho amigos que vivam na rua. E afinal todos vamos tendo trabalho.»
Eu sei que é mais agradável falar de música e dizer uns disparates que dispõem bem. Até ler este texto custa, estou certo. Mas sinceramente, também não vale a pena ser como a avestruz e enfiar sempre a cabeça na areia. Às vezes mais vale ficar com as orelhas a arder.

1 de maio de 2008

ronnie, the rocket

Nem sempre tenho paciência para ver desporto. Muitas vezes nem os jogos do Sporting ou da selecção consigo seguir com atenção. Estou certo, porém, que passei mais horas a ver snooker na televisão nos últimos anos do que qualquer outro desporto. Em particular por causa de um jogador: Ronnie O´Sullivan. Quando está bem é imparável e nos outros dias premeia-nos só com o seu absoluto talento. Porque, mais uma vez, tenho estado a seguir o campeonato do mundo que está a decorrer em Sheffield e ele tem estado novamente em destaque, lembrei-me de mostrar aqui um dos jogos que para mim se tornaram inesquecíveis. Foi neste mesmo campeonato do mundo em 2003 e ele até foi eliminado na primeira ronda, mas proporcionou, ainda assim, um dos momentos que ficou para a História: o break máximo mais rápido de sempre. São sete minutos preciosos até para quem não aprecia e dá para perceber porque os ingleses o apelidam de rocket.

Senna

Já lá vão 14 anos. Nem parece verdade. Lembro-me que fiquei bem abalado nesse dia. Hoje já não tenho pela F1 o entusiasmo da infância ou da adolescência. E este senhor tem muito a ver com isso.
Ainda me lembro do entusiasmo com que acompanhava cada corrida sua. É daquelas paixões quase inexplicáveis, mas que neste caso muito tem a ver com o meu pai. Outros tempos...