Foi a Andreia que pela primeira vez me falou dos Spoon. Já lá vão três anos. E não descansou enquanto não me mostrou a música que tinha ouvido na Radar. A música era engraçada e chamava-se i turn my camera on. Durante uns meses foi o que conheci até que, numa das nossas viagens a Madrid, descobrimos o disco na Fnac. Pode parecer estranho, pois os espanhóis não são muito dados a este mercado alternativo, mas de facto em Lisboa não havia notícias da edição de tal álbum.
A verdade é que Gimme Fiction tornou-se um dos álbuns mais ouvidos desde esse momento, com a particularidade de parecer tornar-se melhor a cada audição. Há bandas assim. Que vão crescendo, que não nos marcam imediatamente, mas sem as quais depois não conseguimos passar.
Ga Ga Ga Ga Ga, lançado em 2007, só veio reforçar a excelente impressão e demonstrar todo o brilhantismo desta banda do Texas. E claro que quando soube que eles iam tocar na Aula Magna em Fevereiro fui a correr comprar bilhetes. Para as Doutorais, diga-se, e não me arrependi. Concerto excelente, grandes músicos, boa atitude e, sobretudo, uma naturalidade de fazer inveja. Sem aparatos, sem cenários, rapidamente cativaram toda a audiência. Só me custa a perceber como é possível aquela sala ter estado tão vazia. A banda não merecia certamente. É aquela realidade que tanto me irrita em Portugal; se não passa na Antena 3 ou não pertence à playlist de um qualquer crítico da Radar não deve valer a pena. Mas se for uma qualquer banda de dub na berra, que até só faz versões, aí a sala enche. Não percebo. Mas, a bem da verdade, também não quero perceber. Só acho triste.
Seja como for aqui fica o meu elogio. Os Spoon são para mim, que não preciso de validar as minhas opiniões, uma das melhores bandas da actualidade. Os dois álbuns que conheço são daqueles que não têm músicas para passar para a frente. Ouvem-se do princípio ao fim. E essa não é uma qualidade que reconheça a muitos. Sei que não será o som mais acessível à primeira audição, mas vale, e de que maneira, o «esforço» da segunda. A música que aqui deixo é uma das que mais aprecio do último álbum e que parece ter um título simbólico daquilo que a banda é: the underdog, excelente, mas sem o devido reconhecimento.
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