Quando acordei hoje (tarde e más horas) fui confrontado com uma notícia sobre o entendimento entre a ministra da educação e os sindicatos. É evidente que o primeiro pensamento que me ocorreu era que estávamos no dia das mentiras. Depois, ao continuar a ouvir o desenvolvimento, apercebi-me que realmente era verdade. A notícia era vaga porém, e perante o ar cândido da ministra a afirmar que não havia qualquer recuo do governo o segundo pensamento que me ocorreu é que tínhamos sido vendidos pelos nossos sindicatos.
Como reflexo fui imediatamente às páginas dos sindicatos à procura do tal entendimento alcançado. Conforme fui lendo, a minha perplexidade foi aumentando. O acordo dá resposta a várias das questões levantadas pelos professores ao longo dos últimos anos e não só à questão da avaliação, que infelizmente é transversal a quase todas as razões do descontentamento. É, por muito que custe reconhecer a este governo, uma derrota para a política do quero, posso e mando.
Claro que não sou inocente. Sei bem porque o governo recua. Todos sabemos. Está na altura de começarmos a dar uns caramelos para ver se nos safamos em 2009. Sem eleições no horizonte esta situação era impossível.
A questão fundamental é perceber porque razão este governo (como outros antes dele) não adoptou esta postura desde o início. Era mesmo necessário hostilizar uma classe profissional inteira para conseguir mudanças? Respondo claramente que não. Eu, como muitos, até desejava algumas das alterações propostas. As aulas de substituição, por exemplo, até são uma ideia positiva. Não se podia era fazer às três pancadas, nem pôr os professores a fazer papel de animadores, sob risco de vir a acontecer o que agora todos constatamos. Os miúdos já não distinguem espaço de brincadeira de espaço de trabalho e o professor é só mais um que os aguenta na escola até os pais os irem buscar.
De qualquer forma devo dizer que por uma vez as negociações (e a manifestação que a elas levou) serviram para alguma coisa. Num país democrático é assim que deve acontecer. Os motivos eleitorais não devem ser o móbil, mas uma vitória é sempre de louvar, seja qual for o motivo que está na sua origem.
Continuo a não estar convencido. A ministra continua a não reunir as condições para se manter no cargo e muitos outros aspectos têm de ser revistos, como o «aberrante» estatuto do aluno. Mas por um dia vou comemorar. Comemorar o simples facto de ter visto este governo arrogante cair do seu pedestal. E acreditem que é bem necessário.
4 comentários:
sindicatos canhotos é o que dá...
nao sou professor.. nem quero ! mas tenho acompanhado esta porra que tem acontecido e cada vez vejo estes pulhiticos pior..
Ainda bem que não queres ser professor, nem te aconselho! Agora desta vez é errado criticar os sindicatos, sejam eles canhotos ou dextros, que na plataforma sindical estavam todos. Se leres com atenção vais reparar que o problema não vem daí. E olha que este governo está bem à direita.
nao digo o contrario mas o que se passa em Portugal é mais como o nosso próprio futebol.. temos os 3 grandes que ganham sempre.. acabam por ser os 3 falados como muito diferentes mas são todos a mesma porcaria. e os restantes clubes não ganham nada nem marcam a diferença excepto alguns casos.. no nosso espectro politico é igual temos o PS e o PSD (esquerda e direita) mas acabam por ser a mesma coisa (quase) e Portugal acaba por ter uma espécie de partido único.. depois temos os partidos pequenos e os médios como o PCP e o CDS que acabam por não ser nada mais que uma claquezinha a gritar contra uma curva de estádio inteira
Compreendo e aceito o que dizes. Mas lembra-te do que te dizia o ano passado: é importante estar atento e procurar mais informação do que aquela que nos passam em primeira instância. E às vezes é bem fácil cair nos argumentos simplistas. Esses também são responsáveis por muita política sem sentido e a História bem o demonstra. Um abraço
Enviar um comentário