24 de abril de 2008

recibos verdes

Esta semana a conversa da treta é sobre os recibos verdes. De repente parece que o nosso governo percebeu que existem trabalhadores em situação precária em Portugal e que é necessário penalizar os empregadores que sustentam esta precariedade. Isto quererá dizer que o Estado vai penalizar-se a si próprio? Calculo que não, pois como grande utilizador destes chamados tarefeiros, não estou a ver o governo a querer pagar a factura.
Gosto pouco que me atirem areia para os olhos e, sinceramente, é só o que isto é. Como pode o governo querer agora afirmar-se um defensor dos direitos dos trabalhadores quando nos últimos três anos muito fez para os desproteger? Ai o medinho das eleições... Parece incrível, mas até o «beato» do Bagão Félix considera que estas propostas são prejudiciais para quem trabalha. Sim, aquele ministro que aplicou o tal Código do Trabalho que tanta contestação gerou. Sim, ele é da direita conservadora portuguesa. E sim, nem ele se lembrou de ir tão longe quanto este suposto governo de esquerda.
Mário Soares dizia no início da semana que o PSD estava a passar uma profunda crise político-ideológica. Grande falácia... Crise política estamos de acordo, mas quem tem problemas com a ideologia é o próprio partido a que este senhor pertence. Gostava tanto que agora fosse crítico como foi em tempos idos. Certamente repararia que este é, e afirmo-o sem hesitação, o governo mais anti-democrático dos últimos 34 anos. Eu, enquanto estudante, várias vezes me manifestei contra os governos cavaquistas, mas confesso que hoje dou por mim a perguntar porquê. Não me esqueci da arrogância, nem das cargas policiais. Mas ao menos era tudo feito às claras.
Este governo só nos deixa ver o que quer. Nunca julguei é que a própria comunicação social alinhasse em sua defesa desta forma. E todas as semanas há propaganda. A desta são os recibos verdes. Só que ninguém questiona se é desta que o Estado vai dar o exemplo e finalmente dignificar o trabalho das pessoas com um vínculo, essencial para a estabilidade de quem trabalha. Eu que o diga, que há 11 anos vivo de contrato em contrato. Tenham vergonha!

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