30 de abril de 2008
finalmente alguém repara
Ouvi agora outra notícia fantástica. Um sindicato canadiano quer que os trabalhadores sejam pagos por estarem sempre disponíveis para o trabalho através das novas tecnologias. Finalmente alguém repara. Comentava há poucos dias que me enervam estes anúncios de telemóveis e afins que se baseiam na permanente disponibilidade dos trabalhadores que os têm. Que porreiro, tenho um Blackberry, posso ver os meus e-mails a toda a hora, estou permanentemente à disposição da empresa. Ai que giro! Giro uma merda. Sei que está na moda, novamente, o self-made man, que a imagem actual é a do empreendedor. Mas usem lá os poucos neurónios que têm a trabalhar: alguém quer mesmo estar sempre contactável e receber informações de trabalho em casa e de férias. Esse é o sonho desta gente, é que todos trabalhem mais do que a remuneração que auferem. Aos poucos regressamos ao século XIX. Os direitos desaparecem e anda meio mundo a dizer que acha bem. Santa ignorância!
o preço do petróleo
Lembro-me quando há quatro anos optei por comprar um carro a gasóleo. Conseguia encher o depósito com cerca de 30 euros e era uma ajuda fantástica no orçamento mensal. Hoje o preço está praticamente no dobro. Não me importaria, digo-o já, se o ordenado subisse na mesma proporção.
O que ainda não consegui perceber ao longo destes anos é a razão deste aumento. Sei que o valor do petróleo está a subir, mas ainda não subiu para o dobro. E o valor do dólar, utilizado na compra do barril de crude, desceu, no mesmo período, cerca de 30%. É só para mim que isto não faz sentido? Sei que nos tomam por parvos, mas bolas, não é preciso ter uma licenciatura em economia.
O governo entretanto, e ao fim de três anos e meio de «olhos bem abertos», anuncia, e acabaram de dar esta notícia, que vai pedir à autoridade da concorrência para verificar se existe concertação de preços. Ridículo. Todos sabemos a resposta a essa pergunta, queremos é que alguém ponha cobro a esta pouca vergonha.
Não sei quando é que esta situação algum dia se vai resolver. Sei é que todos os anos a Galp aumenta exponencialmente os seus lucros e que a minha carteira está cada dia mais vazia. A riqueza está cada vez mais mal distribuída e estes cartéis têm cada vez mais poder. Eu até chamava a polícia, mas tenho um certo receio que o pobre coitado que fica na esquadra sozinho seja agredido. Triste país este...
O que ainda não consegui perceber ao longo destes anos é a razão deste aumento. Sei que o valor do petróleo está a subir, mas ainda não subiu para o dobro. E o valor do dólar, utilizado na compra do barril de crude, desceu, no mesmo período, cerca de 30%. É só para mim que isto não faz sentido? Sei que nos tomam por parvos, mas bolas, não é preciso ter uma licenciatura em economia.
O governo entretanto, e ao fim de três anos e meio de «olhos bem abertos», anuncia, e acabaram de dar esta notícia, que vai pedir à autoridade da concorrência para verificar se existe concertação de preços. Ridículo. Todos sabemos a resposta a essa pergunta, queremos é que alguém ponha cobro a esta pouca vergonha.
Não sei quando é que esta situação algum dia se vai resolver. Sei é que todos os anos a Galp aumenta exponencialmente os seus lucros e que a minha carteira está cada dia mais vazia. A riqueza está cada vez mais mal distribuída e estes cartéis têm cada vez mais poder. Eu até chamava a polícia, mas tenho um certo receio que o pobre coitado que fica na esquadra sozinho seja agredido. Triste país este...
29 de abril de 2008
spoon_the underdog
Foi a Andreia que pela primeira vez me falou dos Spoon. Já lá vão três anos. E não descansou enquanto não me mostrou a música que tinha ouvido na Radar. A música era engraçada e chamava-se i turn my camera on. Durante uns meses foi o que conheci até que, numa das nossas viagens a Madrid, descobrimos o disco na Fnac. Pode parecer estranho, pois os espanhóis não são muito dados a este mercado alternativo, mas de facto em Lisboa não havia notícias da edição de tal álbum.
A verdade é que Gimme Fiction tornou-se um dos álbuns mais ouvidos desde esse momento, com a particularidade de parecer tornar-se melhor a cada audição. Há bandas assim. Que vão crescendo, que não nos marcam imediatamente, mas sem as quais depois não conseguimos passar.
Ga Ga Ga Ga Ga, lançado em 2007, só veio reforçar a excelente impressão e demonstrar todo o brilhantismo desta banda do Texas. E claro que quando soube que eles iam tocar na Aula Magna em Fevereiro fui a correr comprar bilhetes. Para as Doutorais, diga-se, e não me arrependi. Concerto excelente, grandes músicos, boa atitude e, sobretudo, uma naturalidade de fazer inveja. Sem aparatos, sem cenários, rapidamente cativaram toda a audiência. Só me custa a perceber como é possível aquela sala ter estado tão vazia. A banda não merecia certamente. É aquela realidade que tanto me irrita em Portugal; se não passa na Antena 3 ou não pertence à playlist de um qualquer crítico da Radar não deve valer a pena. Mas se for uma qualquer banda de dub na berra, que até só faz versões, aí a sala enche. Não percebo. Mas, a bem da verdade, também não quero perceber. Só acho triste.
Seja como for aqui fica o meu elogio. Os Spoon são para mim, que não preciso de validar as minhas opiniões, uma das melhores bandas da actualidade. Os dois álbuns que conheço são daqueles que não têm músicas para passar para a frente. Ouvem-se do princípio ao fim. E essa não é uma qualidade que reconheça a muitos. Sei que não será o som mais acessível à primeira audição, mas vale, e de que maneira, o «esforço» da segunda. A música que aqui deixo é uma das que mais aprecio do último álbum e que parece ter um título simbólico daquilo que a banda é: the underdog, excelente, mas sem o devido reconhecimento.
A verdade é que Gimme Fiction tornou-se um dos álbuns mais ouvidos desde esse momento, com a particularidade de parecer tornar-se melhor a cada audição. Há bandas assim. Que vão crescendo, que não nos marcam imediatamente, mas sem as quais depois não conseguimos passar.
Ga Ga Ga Ga Ga, lançado em 2007, só veio reforçar a excelente impressão e demonstrar todo o brilhantismo desta banda do Texas. E claro que quando soube que eles iam tocar na Aula Magna em Fevereiro fui a correr comprar bilhetes. Para as Doutorais, diga-se, e não me arrependi. Concerto excelente, grandes músicos, boa atitude e, sobretudo, uma naturalidade de fazer inveja. Sem aparatos, sem cenários, rapidamente cativaram toda a audiência. Só me custa a perceber como é possível aquela sala ter estado tão vazia. A banda não merecia certamente. É aquela realidade que tanto me irrita em Portugal; se não passa na Antena 3 ou não pertence à playlist de um qualquer crítico da Radar não deve valer a pena. Mas se for uma qualquer banda de dub na berra, que até só faz versões, aí a sala enche. Não percebo. Mas, a bem da verdade, também não quero perceber. Só acho triste.
Seja como for aqui fica o meu elogio. Os Spoon são para mim, que não preciso de validar as minhas opiniões, uma das melhores bandas da actualidade. Os dois álbuns que conheço são daqueles que não têm músicas para passar para a frente. Ouvem-se do princípio ao fim. E essa não é uma qualidade que reconheça a muitos. Sei que não será o som mais acessível à primeira audição, mas vale, e de que maneira, o «esforço» da segunda. A música que aqui deixo é uma das que mais aprecio do último álbum e que parece ter um título simbólico daquilo que a banda é: the underdog, excelente, mas sem o devido reconhecimento.
28 de abril de 2008
regresso ao país real?
O fim de semana foi bom. Bom tempo, melhor companhia. Foram só três diazinhos, mas souberam por quinze. O regresso é sempre o mais complicado. Pelo trânsito, pelo peso das obrigações profissionais e por ter que voltar ao país real. Este, felizmente, já não é o que era e cada dia mais parece que estou a viver num qualquer Flying Circus. Pelo menos é nesta linha de pensamento que me quero manter hoje.
No café, onde passava o jornal da tarde, oiço estas notícias: «Gangue invade esquadra da PSP e agride o polícia que estava de serviço. É um caso em que não dá para chamar a polícia.» (a piada não é minha, mas do pivot de serviço); «A recessão económica está a colocar Portugal na rota de convergência com os seus parceiros europeus. José Sócrates mostra-se bastante satisfeito com o que considera serem boas notícias para Portugal.» O QUÊ?!?
É evidente que como o fim de semana foi porreiro não dá para levar isto a sério, mas tenham paciência... Alguém acha normal que uma esquadra seja invadida (embora não seja novidade é sempre preocupante)? E devemos ficar felizes porque economicamente a União Europeia está em recessão, logo próximos da realidade histórica de Portugal?
Realmente há uns anos o Herman dizia que cada país tem o humor que merece. E, como em muitos casos, estava cheio de razão. Tem o humor, os políticos e os jornalistas e afins que merece. Disso não há dúvida. O que nos vale são estes fins de semana de três dias que de vez em quando dão para nos pôr bem dispostos e imunes a estas... Eu ia dizer notícias, não sei o que vos passou pela cabeça.
No café, onde passava o jornal da tarde, oiço estas notícias: «Gangue invade esquadra da PSP e agride o polícia que estava de serviço. É um caso em que não dá para chamar a polícia.» (a piada não é minha, mas do pivot de serviço); «A recessão económica está a colocar Portugal na rota de convergência com os seus parceiros europeus. José Sócrates mostra-se bastante satisfeito com o que considera serem boas notícias para Portugal.» O QUÊ?!?
É evidente que como o fim de semana foi porreiro não dá para levar isto a sério, mas tenham paciência... Alguém acha normal que uma esquadra seja invadida (embora não seja novidade é sempre preocupante)? E devemos ficar felizes porque economicamente a União Europeia está em recessão, logo próximos da realidade histórica de Portugal?
Realmente há uns anos o Herman dizia que cada país tem o humor que merece. E, como em muitos casos, estava cheio de razão. Tem o humor, os políticos e os jornalistas e afins que merece. Disso não há dúvida. O que nos vale são estes fins de semana de três dias que de vez em quando dão para nos pôr bem dispostos e imunes a estas... Eu ia dizer notícias, não sei o que vos passou pela cabeça.
25 de abril de 2008
o meu 25 de Abril
Porque hoje é 25 de Abril... vamos falar de uma coisa completamente diferente. No meu universo paralelo este cavaleiro negro podia até ser o nosso primeiro ministro. Obstinação não lhe falta.
24 de abril de 2008
recibos verdes
Esta semana a conversa da treta é sobre os recibos verdes. De repente parece que o nosso governo percebeu que existem trabalhadores em situação precária em Portugal e que é necessário penalizar os empregadores que sustentam esta precariedade. Isto quererá dizer que o Estado vai penalizar-se a si próprio? Calculo que não, pois como grande utilizador destes chamados tarefeiros, não estou a ver o governo a querer pagar a factura.
Gosto pouco que me atirem areia para os olhos e, sinceramente, é só o que isto é. Como pode o governo querer agora afirmar-se um defensor dos direitos dos trabalhadores quando nos últimos três anos muito fez para os desproteger? Ai o medinho das eleições... Parece incrível, mas até o «beato» do Bagão Félix considera que estas propostas são prejudiciais para quem trabalha. Sim, aquele ministro que aplicou o tal Código do Trabalho que tanta contestação gerou. Sim, ele é da direita conservadora portuguesa. E sim, nem ele se lembrou de ir tão longe quanto este suposto governo de esquerda.
Mário Soares dizia no início da semana que o PSD estava a passar uma profunda crise político-ideológica. Grande falácia... Crise política estamos de acordo, mas quem tem problemas com a ideologia é o próprio partido a que este senhor pertence. Gostava tanto que agora fosse crítico como foi em tempos idos. Certamente repararia que este é, e afirmo-o sem hesitação, o governo mais anti-democrático dos últimos 34 anos. Eu, enquanto estudante, várias vezes me manifestei contra os governos cavaquistas, mas confesso que hoje dou por mim a perguntar porquê. Não me esqueci da arrogância, nem das cargas policiais. Mas ao menos era tudo feito às claras.
Este governo só nos deixa ver o que quer. Nunca julguei é que a própria comunicação social alinhasse em sua defesa desta forma. E todas as semanas há propaganda. A desta são os recibos verdes. Só que ninguém questiona se é desta que o Estado vai dar o exemplo e finalmente dignificar o trabalho das pessoas com um vínculo, essencial para a estabilidade de quem trabalha. Eu que o diga, que há 11 anos vivo de contrato em contrato. Tenham vergonha!
Gosto pouco que me atirem areia para os olhos e, sinceramente, é só o que isto é. Como pode o governo querer agora afirmar-se um defensor dos direitos dos trabalhadores quando nos últimos três anos muito fez para os desproteger? Ai o medinho das eleições... Parece incrível, mas até o «beato» do Bagão Félix considera que estas propostas são prejudiciais para quem trabalha. Sim, aquele ministro que aplicou o tal Código do Trabalho que tanta contestação gerou. Sim, ele é da direita conservadora portuguesa. E sim, nem ele se lembrou de ir tão longe quanto este suposto governo de esquerda.
Mário Soares dizia no início da semana que o PSD estava a passar uma profunda crise político-ideológica. Grande falácia... Crise política estamos de acordo, mas quem tem problemas com a ideologia é o próprio partido a que este senhor pertence. Gostava tanto que agora fosse crítico como foi em tempos idos. Certamente repararia que este é, e afirmo-o sem hesitação, o governo mais anti-democrático dos últimos 34 anos. Eu, enquanto estudante, várias vezes me manifestei contra os governos cavaquistas, mas confesso que hoje dou por mim a perguntar porquê. Não me esqueci da arrogância, nem das cargas policiais. Mas ao menos era tudo feito às claras.
Este governo só nos deixa ver o que quer. Nunca julguei é que a própria comunicação social alinhasse em sua defesa desta forma. E todas as semanas há propaganda. A desta são os recibos verdes. Só que ninguém questiona se é desta que o Estado vai dar o exemplo e finalmente dignificar o trabalho das pessoas com um vínculo, essencial para a estabilidade de quem trabalha. Eu que o diga, que há 11 anos vivo de contrato em contrato. Tenham vergonha!
23 de abril de 2008
Control. O filme, não o...
Control foi o primeiro filme que vi no cinema depois de ter voltado para Lisboa. Foi uma boa escolha por diversas razões: estava num dos meus cinemas favoritos, o Monumental, era realizado por Anton Corbijn, alguém que conhecia pelos trabalhos realizados com os Depeche Mode, e, acima de tudo, porque abordava a vida de Ian Curtis (e qualquer momento que me aproxime um pouco mais dos Joy Division é sempre bem vindo).
O filme, obviamente, não desiludiu, de tal forma que, passados poucos meses, aqui estou a escrever sobre ele, desta feita a propósito do seu lançamento em formato dvd. Esta edição, diga-se, não acrescenta nada. É até relativamente pobre apesar de vir com um disco de extras. Felizmente não foi por isso que o comprei, mas sim pela oportunidade de rever o filme. A segunda vez, diga-se, ainda me pareceu melhor que a primeira. Há sempre algo que nos escapa da primeira vez que vemos um filme, sobretudo, como é o caso, quando estamos permanentemente distraídos com a sua banda sonora. Só não a compro, já agora, porque tenho todas as músicas que a compõem e não sou assim tão taradinho. Quer dizer... se calhar até sou, mas isso agora não interessa nada.
Como já devem ter percebido recomendo vivamente o filme. Se já viram, voltem a ver, se não viram, tenho alguma dificuldade em perceber o que andam a fazer com o vosso tempo (só a brincar...).
Para ficarem com uma ideia do que estão a perder, deixo aqui Shadowplay. Não o original, mas o excelente contributo de outra das minhas bandas favoritas, os The Killers. O vídeo, claro, serve de apresentação ao filme.
O filme, obviamente, não desiludiu, de tal forma que, passados poucos meses, aqui estou a escrever sobre ele, desta feita a propósito do seu lançamento em formato dvd. Esta edição, diga-se, não acrescenta nada. É até relativamente pobre apesar de vir com um disco de extras. Felizmente não foi por isso que o comprei, mas sim pela oportunidade de rever o filme. A segunda vez, diga-se, ainda me pareceu melhor que a primeira. Há sempre algo que nos escapa da primeira vez que vemos um filme, sobretudo, como é o caso, quando estamos permanentemente distraídos com a sua banda sonora. Só não a compro, já agora, porque tenho todas as músicas que a compõem e não sou assim tão taradinho. Quer dizer... se calhar até sou, mas isso agora não interessa nada.
Como já devem ter percebido recomendo vivamente o filme. Se já viram, voltem a ver, se não viram, tenho alguma dificuldade em perceber o que andam a fazer com o vosso tempo (só a brincar...).
Para ficarem com uma ideia do que estão a perder, deixo aqui Shadowplay. Não o original, mas o excelente contributo de outra das minhas bandas favoritas, os The Killers. O vídeo, claro, serve de apresentação ao filme.
22 de abril de 2008
conversa em forma de carta
Uma amiga enviou-me ontem este texto. Não o conhecia e devo dizer que quase fiquei sem palavras. De forma sóbria e irónica reflecte o estado de espírito daqueles que se dedicam à educação em Portugal. É bom saber que ainda há quem se preocupe. Bem haja!
«Minha querida Maria de Lurdes Rodrigues,
Ainda lembro esses dias em que foi minha discente em Antropologia. Bem sei que é socióloga e que entende da interacção entre os membros de uma mesma cultura, ou, pelo menos, isso foi o que eu ensinei a si e aos seus colegas nos anos 90 do século passado, nesses dias em que o meu português tinha esse sotaque que aparece nas cinco línguas que estou obrigado a falar e que a Maria de Lurdes muito bem entendia e ajudava a corrigir para eu aprender mais. Ainda lembro a alegria das nossas conversas extracurriculares, no corredor do nosso ISCTE ou no meu gabinete, ao me referir à sua dedicação adequada e conveniente, para o estudo das suas outras matérias. Mais ainda, os comentários, do meu grupo de colaboradores de cátedra que comigo ensinavam, hoje todos doutores como a Maria de Lurdes, e os comentários dos meus colegas sociólogos em outra matérias. Especialmente, os do meu grande amigo João Freire, que orientou a sua tese. Se bem me recordo, connosco teve um alto valor como resultado dos seus estudos. Se bem me recordo. Era do curso da noite no meu departamento e na nossa licenciatura. Por outras palavras, estudava, trabalhava para ganhar a vida e tomar conta da sua família. Por outras palavras também, era uma estudante trabalhadora e uma senhora devota e dedicada ao lar, como muitos dos seus colegas masculinos e femininos. A minha querida Maria de Lurdes aprendeu comigo e outros da minha cátedra, de que o tempo era curto, temido e não dava para tudo. Reuniões, falta de livros na biblioteca para estudar e investigar, o difícil que era entender a, por mim denominada, mente cultural dos estudantes e a dos seus pais, o inenarrável suplício de saber o que pensavam e os parâmetros que orientavam essas mentes. Não esqueço as suas queixas sobre os pedidos do Ministério da Educação que pesavam uma tonelada ideológica e estrutural, na organização dos trabalhos dos docentes primários e secundários, que nem tempo tinham para entender a mente cultural dos seus discípulos ao serem mudados todos os anos para outras escolas. O nosso convívio era aberto e directo. Estou feliz por isso. Aliás, feliz, porque pensava em silêncio: "cá temos uma futura grande educadora". Apenas que, enveredou para a engenharia da interacção social, ao estudar com o meu querido amigo João Freire. E o problema nasceu. Os professores primários e secundários devem preparar as sua lições, como Maria de Lurdes sabe, especialmente os do ensino especial ou inclusivo, que trata de estudantes com problemas de aprendizagem e precisam trabalhar desde as 8 da manhã até por vezes às 9 da noite. Esse ensino inclusivo de João de Deus, da Subsecretária de Estado, Ana Maria Toscano de Bénard da Costa, da sua colega no saber e no posicionamento partidário do Ministério da Educação, a minha grande amiga Ana Benavente, ou do meu outro grande amigo, o seu colega ideológico e no cargo de Ministro da Educação em 2000, Augusto Santos Silva, que nos foi "roubado" ao passar para a vida política. Lembro-me, ainda, como simpatizava com a minha luta de socialista de Allende, por outras palavras, socialista orientado pelas ideias históricas de Marx, tal e qual Durkheim e Mauss, mencheviques, colaboradores de Lenin para derrubar o regime injusto e arbitrário dos Romanoff, como demostro no meu livro de 2007, da Afrontamento: A Dádiva, essa grande mentira social, do qual lhe enviarei uma cópia, escrito calmamente, para comentar o que comentava consigo como minha discente, os atropelos dos czares serem semelhantes ao do ditador do Chile, quem entregara as escolas às juntas de freguesia, denominadas municípios, e obrigava a relatórios semanais para controlar a docência do Chile e assim obter o prometido: "nem uma folha mexe no Chile sem o meu consentimento". Ainda lembro os seus comentários horrorizados: "Senhor professor, é mesmo assim? Que horror. Os professores já sabem, para quê avaliá-los mais, e obrigar a reestudar o que já é sabido nos seus tempos para a família, preparação de aulas e merecido descanso". A Maria de Lurdes esqueceu acrescentar, nessas nossas conversas, que os docentes eram avaliados pela educação que recebiam os seus filhos. Mas, como boa engenheira da sociedade, entendia que os sindicatos deviam protestar quando o poder ultrapassa o afazer, já imenso e pesado, dos docentes, especialmente, do ensino especial e inclusivo, e os de classe social.
Maria de Lurdes, tenho estado interessado, como etnopsicólogo, nas recentes notícias sobre a Educação em Portugal. Foi preciso adiar a entrega de teses dos meus mestrantes, para não cair na armadilha de uma especial ditadura, pura e dura, como no Chile de Pinochet. De certeza, deve haver um engano em certos sítios. Maria de Lurdes, se a pessoa Ministro da Educação sabe que é preciso entender essa mente cultural de estudantes e os seus pais, sabe também como um dado adquirido, que esse facto acontece apenas pela necessidade de se prepararem os docentes para ensinar. Como educador, conheço bem essa preparação, tal e qual a Engenheira Social, especialidade que a louva, sabe que já está tudo preparado faz tempo, para a divisão do trabalho, sem acrescentar mais deveres aos docentes primários e secundários, que vivem em sessões que atrasam e arrasam a sua preparação de lições, hostiliza aos sindicatos e, além do mais, importamos desde o Chile esse modelo puro e duro já referido, da morta ditadura. Ou, reabilitamos a nossa em Portugal e tiramos os cravos das espingardas do 25 de Abril.
Com carinho, com respeito, mas com firme persistência, do seu velho Professor, a se restabelecer de uma doença que mata rapidamente, especialmente se não falamos pelos nossos.
Os meus parabéns. Foi-nos roubada, como presidenta do nosso ictesiano Conselho Científico, para entrarmos todos em sarilhos muito disputados, que causam esta conversa nossa de corredor, desta vez, em formato de papel, uma carta para si, escrita com carinho, mas com firmeza em prol dos professores portugueses.
Abraço querido e, como era habitual, um beijinho para si!, do seu recuperado velho professor.
Professor Doutor Raúl Iturra
Catedrático de Antropologia sempre no activo, membro do Centro de Estudos em Antropologia Social, CEAS/ISCTE, Membro de Honra do CNRS, Paris, Professor Visitante do Collége de France e Membro do Senado da Universidade de Cambridge.
8 de Março de 2008, denominado Dia Internacional da Mulher
Iautaro@netcabo.pt
A ideia e o texto são da minha responsabilidade e de mais ninguém. Ana Paula Viera da Silva apenas fixou o Português desde texto irónico e destemido.»
«Minha querida Maria de Lurdes Rodrigues,
Ainda lembro esses dias em que foi minha discente em Antropologia. Bem sei que é socióloga e que entende da interacção entre os membros de uma mesma cultura, ou, pelo menos, isso foi o que eu ensinei a si e aos seus colegas nos anos 90 do século passado, nesses dias em que o meu português tinha esse sotaque que aparece nas cinco línguas que estou obrigado a falar e que a Maria de Lurdes muito bem entendia e ajudava a corrigir para eu aprender mais. Ainda lembro a alegria das nossas conversas extracurriculares, no corredor do nosso ISCTE ou no meu gabinete, ao me referir à sua dedicação adequada e conveniente, para o estudo das suas outras matérias. Mais ainda, os comentários, do meu grupo de colaboradores de cátedra que comigo ensinavam, hoje todos doutores como a Maria de Lurdes, e os comentários dos meus colegas sociólogos em outra matérias. Especialmente, os do meu grande amigo João Freire, que orientou a sua tese. Se bem me recordo, connosco teve um alto valor como resultado dos seus estudos. Se bem me recordo. Era do curso da noite no meu departamento e na nossa licenciatura. Por outras palavras, estudava, trabalhava para ganhar a vida e tomar conta da sua família. Por outras palavras também, era uma estudante trabalhadora e uma senhora devota e dedicada ao lar, como muitos dos seus colegas masculinos e femininos. A minha querida Maria de Lurdes aprendeu comigo e outros da minha cátedra, de que o tempo era curto, temido e não dava para tudo. Reuniões, falta de livros na biblioteca para estudar e investigar, o difícil que era entender a, por mim denominada, mente cultural dos estudantes e a dos seus pais, o inenarrável suplício de saber o que pensavam e os parâmetros que orientavam essas mentes. Não esqueço as suas queixas sobre os pedidos do Ministério da Educação que pesavam uma tonelada ideológica e estrutural, na organização dos trabalhos dos docentes primários e secundários, que nem tempo tinham para entender a mente cultural dos seus discípulos ao serem mudados todos os anos para outras escolas. O nosso convívio era aberto e directo. Estou feliz por isso. Aliás, feliz, porque pensava em silêncio: "cá temos uma futura grande educadora". Apenas que, enveredou para a engenharia da interacção social, ao estudar com o meu querido amigo João Freire. E o problema nasceu. Os professores primários e secundários devem preparar as sua lições, como Maria de Lurdes sabe, especialmente os do ensino especial ou inclusivo, que trata de estudantes com problemas de aprendizagem e precisam trabalhar desde as 8 da manhã até por vezes às 9 da noite. Esse ensino inclusivo de João de Deus, da Subsecretária de Estado, Ana Maria Toscano de Bénard da Costa, da sua colega no saber e no posicionamento partidário do Ministério da Educação, a minha grande amiga Ana Benavente, ou do meu outro grande amigo, o seu colega ideológico e no cargo de Ministro da Educação em 2000, Augusto Santos Silva, que nos foi "roubado" ao passar para a vida política. Lembro-me, ainda, como simpatizava com a minha luta de socialista de Allende, por outras palavras, socialista orientado pelas ideias históricas de Marx, tal e qual Durkheim e Mauss, mencheviques, colaboradores de Lenin para derrubar o regime injusto e arbitrário dos Romanoff, como demostro no meu livro de 2007, da Afrontamento: A Dádiva, essa grande mentira social, do qual lhe enviarei uma cópia, escrito calmamente, para comentar o que comentava consigo como minha discente, os atropelos dos czares serem semelhantes ao do ditador do Chile, quem entregara as escolas às juntas de freguesia, denominadas municípios, e obrigava a relatórios semanais para controlar a docência do Chile e assim obter o prometido: "nem uma folha mexe no Chile sem o meu consentimento". Ainda lembro os seus comentários horrorizados: "Senhor professor, é mesmo assim? Que horror. Os professores já sabem, para quê avaliá-los mais, e obrigar a reestudar o que já é sabido nos seus tempos para a família, preparação de aulas e merecido descanso". A Maria de Lurdes esqueceu acrescentar, nessas nossas conversas, que os docentes eram avaliados pela educação que recebiam os seus filhos. Mas, como boa engenheira da sociedade, entendia que os sindicatos deviam protestar quando o poder ultrapassa o afazer, já imenso e pesado, dos docentes, especialmente, do ensino especial e inclusivo, e os de classe social.
Maria de Lurdes, tenho estado interessado, como etnopsicólogo, nas recentes notícias sobre a Educação em Portugal. Foi preciso adiar a entrega de teses dos meus mestrantes, para não cair na armadilha de uma especial ditadura, pura e dura, como no Chile de Pinochet. De certeza, deve haver um engano em certos sítios. Maria de Lurdes, se a pessoa Ministro da Educação sabe que é preciso entender essa mente cultural de estudantes e os seus pais, sabe também como um dado adquirido, que esse facto acontece apenas pela necessidade de se prepararem os docentes para ensinar. Como educador, conheço bem essa preparação, tal e qual a Engenheira Social, especialidade que a louva, sabe que já está tudo preparado faz tempo, para a divisão do trabalho, sem acrescentar mais deveres aos docentes primários e secundários, que vivem em sessões que atrasam e arrasam a sua preparação de lições, hostiliza aos sindicatos e, além do mais, importamos desde o Chile esse modelo puro e duro já referido, da morta ditadura. Ou, reabilitamos a nossa em Portugal e tiramos os cravos das espingardas do 25 de Abril.
Com carinho, com respeito, mas com firme persistência, do seu velho Professor, a se restabelecer de uma doença que mata rapidamente, especialmente se não falamos pelos nossos.
Os meus parabéns. Foi-nos roubada, como presidenta do nosso ictesiano Conselho Científico, para entrarmos todos em sarilhos muito disputados, que causam esta conversa nossa de corredor, desta vez, em formato de papel, uma carta para si, escrita com carinho, mas com firmeza em prol dos professores portugueses.
Abraço querido e, como era habitual, um beijinho para si!, do seu recuperado velho professor.
Professor Doutor Raúl Iturra
Catedrático de Antropologia sempre no activo, membro do Centro de Estudos em Antropologia Social, CEAS/ISCTE, Membro de Honra do CNRS, Paris, Professor Visitante do Collége de France e Membro do Senado da Universidade de Cambridge.
8 de Março de 2008, denominado Dia Internacional da Mulher
Iautaro@netcabo.pt
A ideia e o texto são da minha responsabilidade e de mais ninguém. Ana Paula Viera da Silva apenas fixou o Português desde texto irónico e destemido.»
21 de abril de 2008
velhos são os trapos
Não sei quando comecei a ter esta percepção, mas estou hoje absolutamente consciente de que a idade está a avançar. Não o sinto muito a nível físico, nem sequer ao nível psicológico. Nesse aspecto continuo a sentir que sou o mesmo miúdo de sempre. Continuo, inclusive, a fazer uma vida muito semelhante à que sempre fiz. Tenho algumas responsabilidades a mais, é certo, mas no geral continuo é a gostar de ouvir música, estar com os amigos e divertir-me.
Se assim é, então como ganhei esta percepção? Em parte por causa de momentos como o que vivi hoje. Cheguei ao vídeo clube e perguntei à rapariga atrás do balcão se por acaso tinham o Delicatessen. Certamente já vos aconteceu algo semelhante. A rapariga ficou a olhar para mim sem saber o que dizer e chegou a pedir para escrever no papel o nome do filme para procurar. Perguntou, também, se o filme era recente e a minha resposta não foi imediata. Na minha cabeça foi ontem que o vi no cinema, mas na verdade já lá vão uns anos. Dezassete anos para ser preciso. DEZASSETE?!!! Isso significa que tinha metade da idade que tenho hoje. Porra! Como é que isto aconteceu?
É perfeitamente normal ter alunos que nunca ouviram falar de Joy Division ou que falam dos The Cure como eu falava daquelas bandas que os meus pais ouviam lá para os anos 60. É óbvio que agora eles dizem lá para os anos 80, aquele tempo ridículo em que alguns nem eram nascidos.
Devo dizer que isto não me incomoda. Como miúdo que ainda me sinto a minha primeira reacção é sempre dizer: «Como é possível nunca teres visto esse filme?», ou «Como é possível não conheceres essa banda?». Isto é característico do meu estado de estupidez natural. Mas a piada é que de facto já pertenço a uma geração. Como a dos meus pais. E já há elementos que marcam a minha época, como sempre achei que aconteceria. Só não sabia é que já tinha chegado esse momento. E claro não sabia como ele se iria manifestar. Para mim é em dias como os de hoje.
«Como é possível nunca teres visto o Delicatessen? Sua ignorante! Sua estúpida! Mas tu vês alguma coisa que se aproveite?» Não o disse, mas podem crer que foi o que pensei...
Se assim é, então como ganhei esta percepção? Em parte por causa de momentos como o que vivi hoje. Cheguei ao vídeo clube e perguntei à rapariga atrás do balcão se por acaso tinham o Delicatessen. Certamente já vos aconteceu algo semelhante. A rapariga ficou a olhar para mim sem saber o que dizer e chegou a pedir para escrever no papel o nome do filme para procurar. Perguntou, também, se o filme era recente e a minha resposta não foi imediata. Na minha cabeça foi ontem que o vi no cinema, mas na verdade já lá vão uns anos. Dezassete anos para ser preciso. DEZASSETE?!!! Isso significa que tinha metade da idade que tenho hoje. Porra! Como é que isto aconteceu?
É perfeitamente normal ter alunos que nunca ouviram falar de Joy Division ou que falam dos The Cure como eu falava daquelas bandas que os meus pais ouviam lá para os anos 60. É óbvio que agora eles dizem lá para os anos 80, aquele tempo ridículo em que alguns nem eram nascidos.
Devo dizer que isto não me incomoda. Como miúdo que ainda me sinto a minha primeira reacção é sempre dizer: «Como é possível nunca teres visto esse filme?», ou «Como é possível não conheceres essa banda?». Isto é característico do meu estado de estupidez natural. Mas a piada é que de facto já pertenço a uma geração. Como a dos meus pais. E já há elementos que marcam a minha época, como sempre achei que aconteceria. Só não sabia é que já tinha chegado esse momento. E claro não sabia como ele se iria manifestar. Para mim é em dias como os de hoje.
«Como é possível nunca teres visto o Delicatessen? Sua ignorante! Sua estúpida! Mas tu vês alguma coisa que se aproveite?» Não o disse, mas podem crer que foi o que pensei...
20 de abril de 2008
Say hello, wave goodbye
Ao navegar na net, descobri há pouco esta preciosidade. Não sei se será o melhor exemplo do que se fez nos anos oitenta, mas que os identifica isso é certo. A verdade é que façam eles parte de uma memória kitsch ou não, estes senhores conseguem ainda hoje manter adeptos. Eu sou um deles, não me envergonho de dizer, particularmente pelo inacreditável hino que é o maior dos seus êxitos, Tainted Love. Esta música que vos vou deixar recordo-me mais pela minha irmã. Era daquelas músicas que fazia as delícias de qualquer adolescente apaixonada e a minha irmã estava precisamente nessa fase. Eu tinha oito anos.
Claro que hoje não evito um sorriso quando a oiço. E até é engraçada, não acham?
Claro que hoje não evito um sorriso quando a oiço. E até é engraçada, não acham?
19 de abril de 2008
You’ve got to hide your love away
Não estou certo, mas devia ter para aí uns sete anos quando o meu tio me ofereceu o meu primeiro álbum dos Beatles. Chamava-se Revolver e foi, a meu ver, um álbum de transição na carreira da banda, um primeiro passo para saírem da fase cor-de-rosa que os marcou nos trabalhos anteriores. Claro que não tive esta percepção naquela idade. O que ficou foi a marca de um som que, apesar de não ser uma novidade para mim, pois os meus pais também ouviam, veio a influenciar certamente os meus gostos musicais desde então. Aos sete anos um álbum daqueles era extraordinário e rodou vezes sem conta num gira-discos que me tinha sido oferecido e que foi um dos meus objectos mais preciosos durante anos.
Lembrei-me desta história hoje porque acordei com uma música dos Beatles a rodar na minha cabeça. É algo que me acontece diversas vezes e que costuma marcar os meus dias pela positiva. A música nem é do álbum em questão, mas do anterior Help!. É sem dúvida uma das minhas músicas favoritas. Costumo dizer que são os dois minutos mais perfeitos que se fizeram na música pop. A letra é absolutamente maravilhosa, a simplicidade magnífica, a voz melancólica revela uma interpretação espantosa. Percam, então, uns minutinhos que, garanto, não vão dar o tempo por perdido. Não esqueçam este título: You’ve got to hide your love away
Lembrei-me desta história hoje porque acordei com uma música dos Beatles a rodar na minha cabeça. É algo que me acontece diversas vezes e que costuma marcar os meus dias pela positiva. A música nem é do álbum em questão, mas do anterior Help!. É sem dúvida uma das minhas músicas favoritas. Costumo dizer que são os dois minutos mais perfeitos que se fizeram na música pop. A letra é absolutamente maravilhosa, a simplicidade magnífica, a voz melancólica revela uma interpretação espantosa. Percam, então, uns minutinhos que, garanto, não vão dar o tempo por perdido. Não esqueçam este título: You’ve got to hide your love away
18 de abril de 2008
acordo ortográfico
Tive oportunidade de ver o Prós e Contras de segunda-feira numa reposição na RTPN. O tema era o acordo ortográfico e como quando liguei a televisão estava a falar Maria Alzira Seixo, fiquei imediatamente cativado pelo programa. Devo dizer que dada a falta de isenção da jornalista que o coordena aquando dos debates da educação, só a qualidade de alguns dos intervenientes me manteve atento.
Não sei se tinha verdadeiramente uma opinião formada sobre este acordo. Estava, como a generalidade das pessoas, céptico, não sabia se o suficiente para dizer que estava contra. Neste aspecto o programa serviu o seu propósito, o de ajudar a formar uma opinião. Ouvi com atenção os argumentos apresentados e fiquei espantado por não ouvir uma única opinião favorável ao acordo por parte de um linguista. Este aspecto é por si só suficiente para o questionar. Mas há mais. As opiniões favoráveis que ouvi não utilizavam argumentos científicos, antes argumentos políticos. Até fiquei a saber que existe uma profissão de especialista em política da língua, que reconheço estou ansioso de perceber verdadeiramente o que é. A lógica dos defensores do acordo é a de seguir o Brasil (potência emergente no mundo económico), sob o risco de ficarmos «orgulhosamente sós». É uma lógica que me custa a aceitar, pois parte do pressuposto que temos de estar sempre com quem vai à frente, sem questionar se é mesmo o que necessitamos. Lógica política, portanto, tal como a que nos levou a aderir à moeda única sem medir as consequências negativas para a nossa economia.
Sempre tive dificuldade em conviver com as maiorias. Se todos estão de acordo costumo desconfiar. Mas neste caso nem esta situação se coloca. A maioria está contra este acordo (e estou a referir-me à maioria dos estudiosos da língua, essencialmente) e quem no tal programa ouvi pronunciar-se favoravelmente não apresentou um único argumento científico plausível que justifique a sua aceitação. Queria neste aspecto dizer que se calhar a escolha dos dois primeiros entrevistados foi infeliz. O reitor de uma Universidade quase tão credível como a Independente e uma escritora de cordel, que tiveram afirmações quase inacreditáveis. O primeiro chega a insinuar que o problema de quem está contra é a xenofobia. Claro que não o disse com esta palavra, mas pouco faltou. E este argumento não é perigoso, é estúpido. A escritora convidada (Lídia Jorge), quando confrontada com a opinião de um tradutor disse que não tínhamos nada que nos preocupar com questões económicas e de emprego. Não resisto a dizer que, dado o tratamento que a senhora dá à língua portuguesa e se a cultura fosse de facto valorizada neste país, ela é que devia estar preocupada com o seu emprego.
Não sou xenófobo nem nacionalista. A preocupação de ficar para trás em termos linguísticos (que nem sei bem o que quer dizer) não me preocupa. Não consigo é compreender o porquê da adaptação que nos é proposta. Não percebo porque não pode haver um Português Europeu e um Português do Brasil. Cada qual seguiu o seu caminho e até ouvir uma explicação lógica da parte dos linguistas da necessidade de uma convergência considero que não a devemos aceitar. Não por razões políticas. Era só o que faltava. É a nossa língua. Pode mudar só dois por cento, segundo os defensores do acordo, mas depende da importância desses dois por cento. O que de imediato me surgiu em pensamento foi isto: e se me dissessem como lisboeta que iam mudar dois por cento da minha cidade; ora se fosse o castelo de S. Jorge ou o Mosteiro dos Jerónimos eu estava completamente contra.
O que é necessário é fazer aquilo que os políticos gostam pouco. Perguntar a quem de direito se concorda com as alterações que pretendem implementar. Ora neste caso têm de perguntar aos estudiosos da língua.
Sei que num país onde se tiram cursos de engenharia por encomenda isto é difícil de aceitar. A lógica do nacional porreirismo é sempre mais válida, porque é mais fácil. Mas é isto mesmo que eu quero transmitir às gerações futuras?
Não sei se tinha verdadeiramente uma opinião formada sobre este acordo. Estava, como a generalidade das pessoas, céptico, não sabia se o suficiente para dizer que estava contra. Neste aspecto o programa serviu o seu propósito, o de ajudar a formar uma opinião. Ouvi com atenção os argumentos apresentados e fiquei espantado por não ouvir uma única opinião favorável ao acordo por parte de um linguista. Este aspecto é por si só suficiente para o questionar. Mas há mais. As opiniões favoráveis que ouvi não utilizavam argumentos científicos, antes argumentos políticos. Até fiquei a saber que existe uma profissão de especialista em política da língua, que reconheço estou ansioso de perceber verdadeiramente o que é. A lógica dos defensores do acordo é a de seguir o Brasil (potência emergente no mundo económico), sob o risco de ficarmos «orgulhosamente sós». É uma lógica que me custa a aceitar, pois parte do pressuposto que temos de estar sempre com quem vai à frente, sem questionar se é mesmo o que necessitamos. Lógica política, portanto, tal como a que nos levou a aderir à moeda única sem medir as consequências negativas para a nossa economia.
Sempre tive dificuldade em conviver com as maiorias. Se todos estão de acordo costumo desconfiar. Mas neste caso nem esta situação se coloca. A maioria está contra este acordo (e estou a referir-me à maioria dos estudiosos da língua, essencialmente) e quem no tal programa ouvi pronunciar-se favoravelmente não apresentou um único argumento científico plausível que justifique a sua aceitação. Queria neste aspecto dizer que se calhar a escolha dos dois primeiros entrevistados foi infeliz. O reitor de uma Universidade quase tão credível como a Independente e uma escritora de cordel, que tiveram afirmações quase inacreditáveis. O primeiro chega a insinuar que o problema de quem está contra é a xenofobia. Claro que não o disse com esta palavra, mas pouco faltou. E este argumento não é perigoso, é estúpido. A escritora convidada (Lídia Jorge), quando confrontada com a opinião de um tradutor disse que não tínhamos nada que nos preocupar com questões económicas e de emprego. Não resisto a dizer que, dado o tratamento que a senhora dá à língua portuguesa e se a cultura fosse de facto valorizada neste país, ela é que devia estar preocupada com o seu emprego.
Não sou xenófobo nem nacionalista. A preocupação de ficar para trás em termos linguísticos (que nem sei bem o que quer dizer) não me preocupa. Não consigo é compreender o porquê da adaptação que nos é proposta. Não percebo porque não pode haver um Português Europeu e um Português do Brasil. Cada qual seguiu o seu caminho e até ouvir uma explicação lógica da parte dos linguistas da necessidade de uma convergência considero que não a devemos aceitar. Não por razões políticas. Era só o que faltava. É a nossa língua. Pode mudar só dois por cento, segundo os defensores do acordo, mas depende da importância desses dois por cento. O que de imediato me surgiu em pensamento foi isto: e se me dissessem como lisboeta que iam mudar dois por cento da minha cidade; ora se fosse o castelo de S. Jorge ou o Mosteiro dos Jerónimos eu estava completamente contra.
O que é necessário é fazer aquilo que os políticos gostam pouco. Perguntar a quem de direito se concorda com as alterações que pretendem implementar. Ora neste caso têm de perguntar aos estudiosos da língua.
Sei que num país onde se tiram cursos de engenharia por encomenda isto é difícil de aceitar. A lógica do nacional porreirismo é sempre mais válida, porque é mais fácil. Mas é isto mesmo que eu quero transmitir às gerações futuras?
17 de abril de 2008
assim vale a pena!
O tema do dia é, obviamente, o Sporting-Benfica de ontem. Não será o mais interessante, mas quanto tempo passará até voltarmos a ter o privilégio de ver o futebol como um espectáculo. Claro que como lagarto estou feliz da vida. Desculpem os meus amigos benfiquistas, mas ontem só me apeteceu gritar sporting, sporting, sporting! Fez-me lembrar um jogo para a taça do rei quando Figo jogava no Barcelona. Foi o melhor jogo que vi na vida; 5-4 ao Atlético de Madrid. Tal como o jogo de ontem foi empolgante, de cortar a respiração.
Não pretendo ao escrever isto enxovalhar ninguém. Com o Benfica gozo todos os dias e raramente quando sofrem derrotas com o Sporting. Esta aliás é uma grande diferença entre lagartos e lampiões: nós gozamos sempre, nas vitórias e nas derrotas, os benfiquistas só quando estão na mó de cima. Claro que gosto de ver o Sporting ganhar, só gostava era que fosse sempre de forma espectacular como ontem. Assim vale a pena!
Saudações leoninas!
Não pretendo ao escrever isto enxovalhar ninguém. Com o Benfica gozo todos os dias e raramente quando sofrem derrotas com o Sporting. Esta aliás é uma grande diferença entre lagartos e lampiões: nós gozamos sempre, nas vitórias e nas derrotas, os benfiquistas só quando estão na mó de cima. Claro que gosto de ver o Sporting ganhar, só gostava era que fosse sempre de forma espectacular como ontem. Assim vale a pena!
Saudações leoninas!
15 de abril de 2008
weeds
Gostava de ter este sentimento todos os dias. Ficar satisfeito com um programa de televisão e ansioso pela sua continuação. Convenhamos que não é fácil, sobretudo para alguém que há uns anos não tinha acesso aos canais de cabo. Só a RTP2 me ia safando, particularmente com as séries que vai passando por volta das 22.40.
Uma das séries que se tornou para mim indispensável recomeçou ontem à noite: Erva. E como bónus estreou Californication. Fiquei mais uma vez cativado e preso ao sofá durante os 50 minutos que as duas duraram. Não sei se é o absurdo conceito que as norteia que me prende. Tal já tinha acontecido com Sete Palmos de Terra, mas não só... Ultimamente, e a bem da verdade, não podemos deixar de reparar na extraordinária qualidade de muito do que se tem feito na televisão. Por culpa da HBO, embora não exclusivamente, temos visto surgir no pequeno ecrã actores que antes só podíamos ver no cinema e que imprimem uma qualidade acima da média a um espaço que antes não os dignificava. Os argumentos, a música, os genéricos (e o do Weeds é genial), os directores, tudo se tem conjugado para que magníficos momentos de televisão aconteçam. Só espero que não seja uma moda e que de facto os próximos anos nos venham mostrar uma televisão de qualidade crescente e cada vez menos secundarizada relativamente ao cinema.
Há uns anos, ainda estudava na Secundária de Benfica, escrevi um artigo sobre a pobre qualidade da televisão em Portugal. Chamava-se (num aproveitamento óbvio de uma letra dos Taxi) «Quem vê tv sofre mais que no wc!». Claro que na altura pouco havia que se aproveitasse. Nem cabo, nem sequer 4 canais. Felizmente esse tempo parece ter-se desvanecido, pelo menos durante uma hora por dia na RTP2. Fica o convite para estarem atentos.
Uma das séries que se tornou para mim indispensável recomeçou ontem à noite: Erva. E como bónus estreou Californication. Fiquei mais uma vez cativado e preso ao sofá durante os 50 minutos que as duas duraram. Não sei se é o absurdo conceito que as norteia que me prende. Tal já tinha acontecido com Sete Palmos de Terra, mas não só... Ultimamente, e a bem da verdade, não podemos deixar de reparar na extraordinária qualidade de muito do que se tem feito na televisão. Por culpa da HBO, embora não exclusivamente, temos visto surgir no pequeno ecrã actores que antes só podíamos ver no cinema e que imprimem uma qualidade acima da média a um espaço que antes não os dignificava. Os argumentos, a música, os genéricos (e o do Weeds é genial), os directores, tudo se tem conjugado para que magníficos momentos de televisão aconteçam. Só espero que não seja uma moda e que de facto os próximos anos nos venham mostrar uma televisão de qualidade crescente e cada vez menos secundarizada relativamente ao cinema.
Há uns anos, ainda estudava na Secundária de Benfica, escrevi um artigo sobre a pobre qualidade da televisão em Portugal. Chamava-se (num aproveitamento óbvio de uma letra dos Taxi) «Quem vê tv sofre mais que no wc!». Claro que na altura pouco havia que se aproveitasse. Nem cabo, nem sequer 4 canais. Felizmente esse tempo parece ter-se desvanecido, pelo menos durante uma hora por dia na RTP2. Fica o convite para estarem atentos.
14 de abril de 2008
maybe he was talking to me
Estas são aquelas ideias que de vez em quando vale a pena partilhar. Estava na sexta-feira numa alegre conversa no Incógnito quando de forma muito natural surgiu em discussão o debate parlamentar daquele dia. A constatação do baixo nível dos actuais debates naquela que devia ser a sala mais prestigiada do país já não é novidade, mas o baixo nível usado pelo primeiro-ministro em alguns momentos continua a surpreender.
Ainda há quem diga que Sócrates tem o mérito de ir bem preparado (e por vezes assim é), só que mal as questões começam a divergir da sua preparação lá vem ao de cima a sua arrogância e o sentimento de superioridade do cargo que ocupa. Esse é um dos pontos mais censuráveis na sua postura, que, infelizmente, quase me fazem esquecer aqueles horríveis anos do cavaquismo.
A ideia engraçada que surgiu está directamente ligada à postura trauliteira usada pelo primeiro-ministro quando o contrariam minimamente. Recordou-me uma determinada personagem que aparecia no Seinfeld e que fazia a vida negra ao Kramer. Acredito que as semelhanças são muitas e por isso deixo-vos aqui um pequeno vídeo com diversas aparições dessa personagem. Acredito que muitos não vão partilhar a minha opinião, mas estou certo que não podem deixar de se rir um pouco com a ideia.
Ainda há quem diga que Sócrates tem o mérito de ir bem preparado (e por vezes assim é), só que mal as questões começam a divergir da sua preparação lá vem ao de cima a sua arrogância e o sentimento de superioridade do cargo que ocupa. Esse é um dos pontos mais censuráveis na sua postura, que, infelizmente, quase me fazem esquecer aqueles horríveis anos do cavaquismo.
A ideia engraçada que surgiu está directamente ligada à postura trauliteira usada pelo primeiro-ministro quando o contrariam minimamente. Recordou-me uma determinada personagem que aparecia no Seinfeld e que fazia a vida negra ao Kramer. Acredito que as semelhanças são muitas e por isso deixo-vos aqui um pequeno vídeo com diversas aparições dessa personagem. Acredito que muitos não vão partilhar a minha opinião, mas estou certo que não podem deixar de se rir um pouco com a ideia.
13 de abril de 2008
Incógnito
O Incógnito é, desde os meus 16 anos, o local de eleição para as saídas nocturnas. Porque não oiço as músicas da moda e não sou adepto de música electrónica, a opção é óbvia, mas não explica tudo. É um daqueles espaços aos quais sentimos pertencer. Tudo é familiar. O porteiro (e sem ele o Incógnito não seria igual), os empregados, os que, como eu, por lá continuam a aparecer. Essa, aliás, é uma das melhores características do espaço. Apesar de albergar um público heterogéneo, há uma identidade comum a todos os que o frequentam e que não mudou muito desde que lá vou.
É evidente que já lá tive noites menos boas, particularmente por causa de alguns djs que de vez em quando se esquecem do espaço em que estão e que a sua função é animar aqueles que querem dançar. Sofrem de um determinado complexo, que um dia mais tarde abordarei neste blog. Mas não hoje. Hoje só pretendo elogiar aquele que nas últimas semanas tem animado por lá muitas noites e dá pelo nome de Fernando Morgado. Devo dizer que nos últimos tempos este nome até já se confunde com as noites do Incógnito, pelo menos para aqueles que comigo costumam partilhar esses momentos. Já é inclusive motivo de brincadeira, muito por causa do «Fernando» dos Gato Fedorento.
A verdade é que é daqueles que percebe muito bem o público que tem à frente e que se diverte a animá-lo. Nesse aspecto os clientes do Incógnito são bastante previsíveis. Não pretendemos lições de boa música porque, perdoem-me a imodéstia, até a conhecemos. Sabemos o que nos diverte e precisamos é de alguém a passar música que se divirta como nós. Aí o «Fernando» é imbatível.
Claro que muitos outros também cumprem este papel. Há uns tempos ia lá para as noites de uns moços que se apelidam de Planeta Pop. Cumpriam muito bem os desejos de quem lá ia. Até ao momento em que, e perdoem-me se vou exagerar, se começaram a sentir superiores ao Incógnito. Nenhum dj é. Já lá vi muitos e os que deixam marca são aqueles que se adaptam ao espaço onde estão. Os outros, só gostamos de os aturar de vez em quando.
Seja como for, espero daqui a uns anos continuar a dizer que frequento aquele espaço na rua Poiais de S. Bento, 37. Se os «Fernandos» por lá continuarem certamente assim será. Bem haja!
É evidente que já lá tive noites menos boas, particularmente por causa de alguns djs que de vez em quando se esquecem do espaço em que estão e que a sua função é animar aqueles que querem dançar. Sofrem de um determinado complexo, que um dia mais tarde abordarei neste blog. Mas não hoje. Hoje só pretendo elogiar aquele que nas últimas semanas tem animado por lá muitas noites e dá pelo nome de Fernando Morgado. Devo dizer que nos últimos tempos este nome até já se confunde com as noites do Incógnito, pelo menos para aqueles que comigo costumam partilhar esses momentos. Já é inclusive motivo de brincadeira, muito por causa do «Fernando» dos Gato Fedorento.
A verdade é que é daqueles que percebe muito bem o público que tem à frente e que se diverte a animá-lo. Nesse aspecto os clientes do Incógnito são bastante previsíveis. Não pretendemos lições de boa música porque, perdoem-me a imodéstia, até a conhecemos. Sabemos o que nos diverte e precisamos é de alguém a passar música que se divirta como nós. Aí o «Fernando» é imbatível.
Claro que muitos outros também cumprem este papel. Há uns tempos ia lá para as noites de uns moços que se apelidam de Planeta Pop. Cumpriam muito bem os desejos de quem lá ia. Até ao momento em que, e perdoem-me se vou exagerar, se começaram a sentir superiores ao Incógnito. Nenhum dj é. Já lá vi muitos e os que deixam marca são aqueles que se adaptam ao espaço onde estão. Os outros, só gostamos de os aturar de vez em quando.
Seja como for, espero daqui a uns anos continuar a dizer que frequento aquele espaço na rua Poiais de S. Bento, 37. Se os «Fernandos» por lá continuarem certamente assim será. Bem haja!
12 de abril de 2008
entendimento na educação?
Quando acordei hoje (tarde e más horas) fui confrontado com uma notícia sobre o entendimento entre a ministra da educação e os sindicatos. É evidente que o primeiro pensamento que me ocorreu era que estávamos no dia das mentiras. Depois, ao continuar a ouvir o desenvolvimento, apercebi-me que realmente era verdade. A notícia era vaga porém, e perante o ar cândido da ministra a afirmar que não havia qualquer recuo do governo o segundo pensamento que me ocorreu é que tínhamos sido vendidos pelos nossos sindicatos.
Como reflexo fui imediatamente às páginas dos sindicatos à procura do tal entendimento alcançado. Conforme fui lendo, a minha perplexidade foi aumentando. O acordo dá resposta a várias das questões levantadas pelos professores ao longo dos últimos anos e não só à questão da avaliação, que infelizmente é transversal a quase todas as razões do descontentamento. É, por muito que custe reconhecer a este governo, uma derrota para a política do quero, posso e mando.
Claro que não sou inocente. Sei bem porque o governo recua. Todos sabemos. Está na altura de começarmos a dar uns caramelos para ver se nos safamos em 2009. Sem eleições no horizonte esta situação era impossível.
A questão fundamental é perceber porque razão este governo (como outros antes dele) não adoptou esta postura desde o início. Era mesmo necessário hostilizar uma classe profissional inteira para conseguir mudanças? Respondo claramente que não. Eu, como muitos, até desejava algumas das alterações propostas. As aulas de substituição, por exemplo, até são uma ideia positiva. Não se podia era fazer às três pancadas, nem pôr os professores a fazer papel de animadores, sob risco de vir a acontecer o que agora todos constatamos. Os miúdos já não distinguem espaço de brincadeira de espaço de trabalho e o professor é só mais um que os aguenta na escola até os pais os irem buscar.
De qualquer forma devo dizer que por uma vez as negociações (e a manifestação que a elas levou) serviram para alguma coisa. Num país democrático é assim que deve acontecer. Os motivos eleitorais não devem ser o móbil, mas uma vitória é sempre de louvar, seja qual for o motivo que está na sua origem.
Continuo a não estar convencido. A ministra continua a não reunir as condições para se manter no cargo e muitos outros aspectos têm de ser revistos, como o «aberrante» estatuto do aluno. Mas por um dia vou comemorar. Comemorar o simples facto de ter visto este governo arrogante cair do seu pedestal. E acreditem que é bem necessário.
Como reflexo fui imediatamente às páginas dos sindicatos à procura do tal entendimento alcançado. Conforme fui lendo, a minha perplexidade foi aumentando. O acordo dá resposta a várias das questões levantadas pelos professores ao longo dos últimos anos e não só à questão da avaliação, que infelizmente é transversal a quase todas as razões do descontentamento. É, por muito que custe reconhecer a este governo, uma derrota para a política do quero, posso e mando.
Claro que não sou inocente. Sei bem porque o governo recua. Todos sabemos. Está na altura de começarmos a dar uns caramelos para ver se nos safamos em 2009. Sem eleições no horizonte esta situação era impossível.
A questão fundamental é perceber porque razão este governo (como outros antes dele) não adoptou esta postura desde o início. Era mesmo necessário hostilizar uma classe profissional inteira para conseguir mudanças? Respondo claramente que não. Eu, como muitos, até desejava algumas das alterações propostas. As aulas de substituição, por exemplo, até são uma ideia positiva. Não se podia era fazer às três pancadas, nem pôr os professores a fazer papel de animadores, sob risco de vir a acontecer o que agora todos constatamos. Os miúdos já não distinguem espaço de brincadeira de espaço de trabalho e o professor é só mais um que os aguenta na escola até os pais os irem buscar.
De qualquer forma devo dizer que por uma vez as negociações (e a manifestação que a elas levou) serviram para alguma coisa. Num país democrático é assim que deve acontecer. Os motivos eleitorais não devem ser o móbil, mas uma vitória é sempre de louvar, seja qual for o motivo que está na sua origem.
Continuo a não estar convencido. A ministra continua a não reunir as condições para se manter no cargo e muitos outros aspectos têm de ser revistos, como o «aberrante» estatuto do aluno. Mas por um dia vou comemorar. Comemorar o simples facto de ter visto este governo arrogante cair do seu pedestal. E acreditem que é bem necessário.
11 de abril de 2008
Sud-Express
O vídeo que hoje aqui vou publicar baseia-se num outro que deu vida a Star Guitar, dos Chemical Brothers. Só que este foi feito pelo meu primo e gravado numa das suas viagens para Paris. Está muito bom, como o original aliás. Percam uns minutinhos, pois vale a pena.
10 de abril de 2008
Mr. Brightside
Este é o primeiro texto que vou escrever sobre os The Killers. Nos últimos três anos deve ser uma das bandas que mais ouvi juntamente com os The Arcade Fire (sobre estes escreverei noutra ocasião, pois tanto há também para dizer). Quando conheci julguei imediatamente que eram uma banda inglesa, por isso imaginem a surpresa que tive quando descobri a sua origem: Las Vegas. Parecia impossível, tal era a forma como se integravam nas latitudes sonoras por onde costumo viajar. Acho que quando comprei o primeiro álbum, Hot Fuss, estive quase ininterruptamente a ouvi-lo durante umas duas semanas. E desde aí continua no meu top ten.
O vídeo que aqui exponho faz parte da minha relação com os The Killers. Pela imagem, pelo som, que para mim passaram a estar directamente associados. É tão trágico, tão romântico e tão divertido. Estava a tomar café na estação de serviço da Grândola por volta das 7.30 da manhã, hora em que normalmente não dou importância a nada, quando o vi. Foi numa das minhas viagens para Alvalade do Sado, onde trabalhei há dois anos atrás. Não sei porquê, mas deixou-me num estado de estúpida alegria para o resto do dia. Pode ser que vos faça o mesmo.
O vídeo que aqui exponho faz parte da minha relação com os The Killers. Pela imagem, pelo som, que para mim passaram a estar directamente associados. É tão trágico, tão romântico e tão divertido. Estava a tomar café na estação de serviço da Grândola por volta das 7.30 da manhã, hora em que normalmente não dou importância a nada, quando o vi. Foi numa das minhas viagens para Alvalade do Sado, onde trabalhei há dois anos atrás. Não sei porquê, mas deixou-me num estado de estúpida alegria para o resto do dia. Pode ser que vos faça o mesmo.
9 de abril de 2008
Pinguim e a educação
Estava para publicar este texto só amanhã, mas não resisti...
Ando já há uns anos a advogar esta tese. Como sou basicamente um optimista, qual Cândido, custa-me a acreditar que alguém consiga ser tão mau no desempenho das suas funções como a nossa actual ministra da educação. Tentei encontrar respostas que justificassem tal desempenho e um dia, ao ver um dos filmes do Batman, percebi: um dos seus vilões regressou, desta vez (e fiquem desde já a saber que não acredito em coincidências) como um político português. Esqueçam a indumentária e a maquilhagem abusiva (do actor Danny DeVito, claro!) e vejam lá se não é possível que esteja certo.
Ando já há uns anos a advogar esta tese. Como sou basicamente um optimista, qual Cândido, custa-me a acreditar que alguém consiga ser tão mau no desempenho das suas funções como a nossa actual ministra da educação. Tentei encontrar respostas que justificassem tal desempenho e um dia, ao ver um dos filmes do Batman, percebi: um dos seus vilões regressou, desta vez (e fiquem desde já a saber que não acredito em coincidências) como um político português. Esqueçam a indumentária e a maquilhagem abusiva (do actor Danny DeVito, claro!) e vejam lá se não é possível que esteja certo.
Dado o autismo deste governo a toda e qualquer contestação, e no seguimento da minha descoberta, estou inclusive inclinado a considerar que estamos na presença não só de um Pinguim à portuguesa, mas de um verdadeiro sindicato do crime. Espero que não seja necessário para nos salvar um herói vestido de vinil... ou será que é isso que o próprio governo está à espera?
Shout Out Louds
A primeira vez que ouvi Shout Out Louds foi, como para muitos, através do irritante anúncio da Optimus. Não fiquei nada impressionado. Bem pelo contrário. Achei a música uma colagem ao som dos The Cure. A voz parece semelhante à de Robert Smith e a melodia parece copiada de Friday I’m in Love. Como tal não lhes dei importância e até passei a mudar de canal instintivamente quando o anúncio começava.
Só num agradável jantar no Cento e Doce voltei a ouvir falar da dita banda. A Maria Luís disse-me que seria melhor ouvir com atenção, pois apesar de também sentir a influência acrescentou que o som deles até era bem agradável. Como até temos gostos semelhantes segui o conselho. Dediquei-me a uma rápida pesquisa na net por forma a conhecer algo mais que a tal música (que hoje sei chamar-se Tonight I Have to Leave It). Confesso que fiquei imediatamente curioso em conhecer mais e, fetichista como sou com os cds, só descansei quando comprei um dos seus álbuns. Neste caso o segundo, pois infelizmente o primeiro não está fácil de encontrar na Fnac.
Ora, depois de ouvir com alguma atenção, devo reconhecer que nem sempre as primeiras impressões são as mais correctas. De facto, nota-se a influência dos The Cure (que creio ser assumida), mas o caminho destes suecos é diferente. De uma forma simpática parecem ter encontrado o seu próprio espaço e conseguiram doze músicas bem agradáveis que torna Our Ill Wills num dos muitos bons álbuns que saíram em 2007. Não serão uma banda de referência, mas pelo menos têm o condão de manter-me interessado em continuar a acompanhar o que vão fazendo.
Só num agradável jantar no Cento e Doce voltei a ouvir falar da dita banda. A Maria Luís disse-me que seria melhor ouvir com atenção, pois apesar de também sentir a influência acrescentou que o som deles até era bem agradável. Como até temos gostos semelhantes segui o conselho. Dediquei-me a uma rápida pesquisa na net por forma a conhecer algo mais que a tal música (que hoje sei chamar-se Tonight I Have to Leave It). Confesso que fiquei imediatamente curioso em conhecer mais e, fetichista como sou com os cds, só descansei quando comprei um dos seus álbuns. Neste caso o segundo, pois infelizmente o primeiro não está fácil de encontrar na Fnac.
Ora, depois de ouvir com alguma atenção, devo reconhecer que nem sempre as primeiras impressões são as mais correctas. De facto, nota-se a influência dos The Cure (que creio ser assumida), mas o caminho destes suecos é diferente. De uma forma simpática parecem ter encontrado o seu próprio espaço e conseguiram doze músicas bem agradáveis que torna Our Ill Wills num dos muitos bons álbuns que saíram em 2007. Não serão uma banda de referência, mas pelo menos têm o condão de manter-me interessado em continuar a acompanhar o que vão fazendo.
8 de abril de 2008
processo de avaliação
Cada vez mais estou convencido que a maioria das pessoas não faz ideia do que se está a passar nas escolas. Assistiram há bem pouco tempo a uma manifestação sem precedentes e como o Ministério diz que a questão é a avaliação todos passam a rápida sentença que os professores não querem é ter trabalho. Hoje, mais uma vez, estive presente numa reunião para discutir este assunto, ou melhor, tudo o que está por trás do dito processo de avaliação. Para existir a avaliação como é proposta têm de ser definidos projectos educativos que definam de forma concreta os objectivos que a escola quer atingir. Estamos em Abril e, na minha escola como em muitas, eles ainda não estão concluídos. E não podiam estar, dado que as instruções relativas à avaliação só começaram a chegar às escolas em Janeiro e, acreditem ou não, muitas vezes estas instruções mudam semanalmente. O pior é que como o Ministério não cumpriu a sua parte no timing devido pressiona agora as escolas para aprovarem rapidamente estes documentos.
Esta é uma das razões pelas quais os professores se opuseram a este sistema. É precipitado. É incoerente. Coloca professores e Conselhos Executivos a procurar concluir projectos que requerem maturação. Inevitavelmente coloca todos em sobressalto e num estado de desorientação. Estamos a dois meses de finalizar o ano lectivo e querem que neste momento tudo se faça para que não pareçam haver cedências. É ridículo.
Sei perfeitamente como isto vai acabar e todos os que estão mais informados também o sabem. Os contratados, como eu, serão cobaias do processo, mas acima de tudo este processo será uma mentira, pois no fundo as avaliações dependerão do fundamentalismo de cada Conselho Executivo no cumprimento das políticas ministeriais.
Ninguém vai ficar bem nesta fotografia e mais uma vez as repercussões far-se-ão sentir. Não no imediato, mas a lei do compadrio e da cunha vai reforçar-se, tal como os boys do PS tanto gostam. Triste é que todos vamos pagar por isso, pois para os que ainda não perceberam a educação é mesmo fundamental para o futuro. E estas novas gerações já são um bom exemplo de muitos dos disparates que se fizeram no passado.
Esta é uma das razões pelas quais os professores se opuseram a este sistema. É precipitado. É incoerente. Coloca professores e Conselhos Executivos a procurar concluir projectos que requerem maturação. Inevitavelmente coloca todos em sobressalto e num estado de desorientação. Estamos a dois meses de finalizar o ano lectivo e querem que neste momento tudo se faça para que não pareçam haver cedências. É ridículo.
Sei perfeitamente como isto vai acabar e todos os que estão mais informados também o sabem. Os contratados, como eu, serão cobaias do processo, mas acima de tudo este processo será uma mentira, pois no fundo as avaliações dependerão do fundamentalismo de cada Conselho Executivo no cumprimento das políticas ministeriais.
Ninguém vai ficar bem nesta fotografia e mais uma vez as repercussões far-se-ão sentir. Não no imediato, mas a lei do compadrio e da cunha vai reforçar-se, tal como os boys do PS tanto gostam. Triste é que todos vamos pagar por isso, pois para os que ainda não perceberam a educação é mesmo fundamental para o futuro. E estas novas gerações já são um bom exemplo de muitos dos disparates que se fizeram no passado.
7 de abril de 2008
Sporting
Hoje fui novamente ver um jogo do Sporting (se calhar deveria dizer ontem, visto já passar da meia noite). Não é um exercício que realize muitas vezes e este ano a motivação não é muita, dada a qualidade dos jogos do nosso futebol. Foi, porém, um bom dia. Não só porque o meu clube ganhou, mas sobretudo porque assisti a um bom espectáculo. Do público, de civismo e de futebol. Estive muitos anos sem ver qualquer jogo de futebol e se fui ver este devo-o, sem dúvida, ao meu amigo Pedro, pois sem os bilhetes que arranjou acho que não teria coragem de pagar o preço exorbitante de uma entrada. Para se exigir 20 ou 30 euros tem de se oferecer espectáculo e ele nem sempre está garantido, como ficou claro pela qualidade da arbitragem de hoje. Claro que agora nada disso importa. O que ficou são os momentos de brincadeira e a sensação de mais uma vez ter estado em paz num estádio onde todos pareciam estar em sintonia.
Não sou fanático, não perco o sono por causa do futebol, mas continuo a sentir orgulho de pertencer a este clube e foi isso que mais uma vez senti hoje. Podemos não estar satisfeitos com toda a realidade do clube. As vitórias e as derrotas são sentidas. Mas amanhã como hoje somos os mesmos. E isso não parece ter mudado desde que em miúdo ia assistir aos jogos no velhinho estádio de Alvalade. Por isso aqui ficam as minhas saudações leoninas. Bem haja!
Não sou fanático, não perco o sono por causa do futebol, mas continuo a sentir orgulho de pertencer a este clube e foi isso que mais uma vez senti hoje. Podemos não estar satisfeitos com toda a realidade do clube. As vitórias e as derrotas são sentidas. Mas amanhã como hoje somos os mesmos. E isso não parece ter mudado desde que em miúdo ia assistir aos jogos no velhinho estádio de Alvalade. Por isso aqui ficam as minhas saudações leoninas. Bem haja!
5 de abril de 2008
Lisboa
Há pouco, estava eu calmamente a fazer zapping, deparei-me com duas notícias distintas, mas com um ponto em comum. A primeira era relativa ao F.C. Porto e ao campeonato que provavelmente ganharão esta noite. A segunda era sobre o congresso do PSD Madeira e os respectivos comentários de Alberto João Jardim. Em circunstâncias normais não haveria qualquer associação entre os dois assuntos, porém nas duas tive de ouvir uma série de ironias e conjecturas sobre Lisboa. Ora eu sou lisboeta e tenho alguma dificuldade em ouvir determinados disparates que são ditos, particularmente quando me misturam com aqueles que realmente devem ser alvo de críticas: os políticos e outros afins... Que culpa tenho eu que esta gente tenha políticas centralistas? Na esmagadora maioria dos casos estes senhores não nasceram cá, nem cá fazem a vida. Vêm de todas as regiões do país e tomam decisões com as quais geralmente estou em desacordo. Eu sei que é fácil culpar a capital por tudo o que acontece de mal no país, mas por que listas distritais foram eleitos aqueles que são responsáveis por tais políticas.
Se há uma coisa que Lisboa não tem culpa é que aqueles que para cá vêm esqueçam as suas origens e se comportem rapidamente como se tivessem o rei na barriga. Já sofri por causa disto, pois, nas diversas vezes que trabalhei fora da minha cidade, fui amiúde mal recebido pelo simples facto de ser da capital. Quero aqui deixar claro que os verdadeiros lisboetas não se sentem de nenhuma forma superiores aos restantes portugueses. Este é um mal que só aqueles que adoptaram Lisboa como cidade parecem padecer. Aliás, esta é daquelas verdades que até já ouvi da boca de um senhor chamado Manuel Serrão, portista dos sete costados. É uma pena é que este mesmo senhor depois, nos momentos de maior euforia como os das vitórias do seu clube, se esqueça de uma realidade que ele próprio reconhece.
Estou a escrever sobre isto porque de vez em quando tanta estupidez chateia. Mais nada. Lá diz o ditado: «Quem não se sente...».
A triste verdade é que no próprio momento em que estou a acabar este texto já nem percebo porque razão comecei a escrevê-lo. O tio Alberto João está bem longe e as vitórias do Porto, lamento dize-lo, não têm eco na capital. Logo irei sair e nem um adepto a gritar ou uma buzinadela vou ouvir. Por isso...
Se há uma coisa que Lisboa não tem culpa é que aqueles que para cá vêm esqueçam as suas origens e se comportem rapidamente como se tivessem o rei na barriga. Já sofri por causa disto, pois, nas diversas vezes que trabalhei fora da minha cidade, fui amiúde mal recebido pelo simples facto de ser da capital. Quero aqui deixar claro que os verdadeiros lisboetas não se sentem de nenhuma forma superiores aos restantes portugueses. Este é um mal que só aqueles que adoptaram Lisboa como cidade parecem padecer. Aliás, esta é daquelas verdades que até já ouvi da boca de um senhor chamado Manuel Serrão, portista dos sete costados. É uma pena é que este mesmo senhor depois, nos momentos de maior euforia como os das vitórias do seu clube, se esqueça de uma realidade que ele próprio reconhece.
Estou a escrever sobre isto porque de vez em quando tanta estupidez chateia. Mais nada. Lá diz o ditado: «Quem não se sente...».
A triste verdade é que no próprio momento em que estou a acabar este texto já nem percebo porque razão comecei a escrevê-lo. O tio Alberto João está bem longe e as vitórias do Porto, lamento dize-lo, não têm eco na capital. Logo irei sair e nem um adepto a gritar ou uma buzinadela vou ouvir. Por isso...
4 de abril de 2008
Editors, para embalar
Com muita pena minha, não pude assistir aos dois concertos que os Editors deram em Lisboa nos últimos meses. Por calharem a dias de semana e este ano estar servido com um horário nocturno, tornou-se impossível concretizar este desejo. Aliás, deve haver alguma conspiração cósmica para me impedir de estar presente nestes concertos, pois já quando vieram ao Super Bock estava a trabalhar fora de Lisboa e o custo da deslocação e do bilhete tornaram insustentável a realização deste desejo.
Não é porém esta amargura que me faz escrever este texto. Ao ler as críticas e os comentários de quem pode estar presente na última quarta-feira no Campo Pequeno, deparei-me com o inevitável alinhamento do concerto. No geral era o que se esperava, apenas uma música não batia certo. Ora os senhores resolveram tocar uma versão do Lullaby dos The Cure. Nada tenho contra estas aventuras das bandas e até sou adepto. Lembro-me de muitos bons exemplos quer em concertos, quer em tributos, e aprecio particularmente quando acrescentam algo ao original. Se calhar vou ser injusto nesta apreciação que, devo esclarecer para os que já se estão a questionar, se baseia nos múltiplos vídeos entretanto divulgados no youtube, mas quantos mais segundos passavam da dita versão, mais desiludido ficava com o que ouvia. Até reconheço que se esforçaram por dar um som próprio à música e que provavelmente o terão conseguido. O problema é que, paralelamente, tornaram este hino quase inaudível. Uma banda deve saber quando aquilo que faz nos ensaios pode ser apresentado ao público, ainda mais quando resolve apostar numa versão de um grupo que atrai os mesmos nichos de audiência.
Claro que este momento menos positivo não apaga a excelente impressão que dos Editors tenho. Os dois álbuns que lançaram são dos que mais oiço e continuo a considerá-los uma das bandas da década. Só não queria ter aquele sentimento de vergonha alheia, só possível quando alguém de quem gostamos faz alguma coisa que parece envergonhar o próprio. Melhores dias virão, por certo.
Não é porém esta amargura que me faz escrever este texto. Ao ler as críticas e os comentários de quem pode estar presente na última quarta-feira no Campo Pequeno, deparei-me com o inevitável alinhamento do concerto. No geral era o que se esperava, apenas uma música não batia certo. Ora os senhores resolveram tocar uma versão do Lullaby dos The Cure. Nada tenho contra estas aventuras das bandas e até sou adepto. Lembro-me de muitos bons exemplos quer em concertos, quer em tributos, e aprecio particularmente quando acrescentam algo ao original. Se calhar vou ser injusto nesta apreciação que, devo esclarecer para os que já se estão a questionar, se baseia nos múltiplos vídeos entretanto divulgados no youtube, mas quantos mais segundos passavam da dita versão, mais desiludido ficava com o que ouvia. Até reconheço que se esforçaram por dar um som próprio à música e que provavelmente o terão conseguido. O problema é que, paralelamente, tornaram este hino quase inaudível. Uma banda deve saber quando aquilo que faz nos ensaios pode ser apresentado ao público, ainda mais quando resolve apostar numa versão de um grupo que atrai os mesmos nichos de audiência.
Claro que este momento menos positivo não apaga a excelente impressão que dos Editors tenho. Os dois álbuns que lançaram são dos que mais oiço e continuo a considerá-los uma das bandas da década. Só não queria ter aquele sentimento de vergonha alheia, só possível quando alguém de quem gostamos faz alguma coisa que parece envergonhar o próprio. Melhores dias virão, por certo.
2 de abril de 2008
is there a ghost
Hoje estive a ouvir em repeat Band of Horses. De vez em quando acontece-me. Oiço um álbum ou uma música quase até à exaustão. Cease to Begin, segundo álbum da banda em questão, foi a escolha do dia (para falar a verdade já tinha sido do dia anterior). É um daqueles discos que nos prendem desde o início. Oiçam lá a primeira música e digam-me se não vos acontece o mesmo.
1 de abril de 2008
Street Spirit
A música será sempre tema deste blog. É provavelmente o elemento que mais me entusiasma. Os meus melhores dias são aqueles em que uma qualquer música serve de motivação para tudo o que faço. Nesses dias tudo parece fácil e as preocupações dão azo a um entusiasmo pouco realista.
O facto de ser um melómano não me torna, porém, num apaixonado pelos videoclips. Estes são sem dúvida a marca da minha geração, mas as mais novas gerações apropriaram-se do seu significado. Lembro-me do fascínio que senti a primeira vez que vi a MTV, mas a sensação de novidade passou depressa e, sinceramente, só a música costuma persistir na minha memória. Apenas alguns vídeos, pelo sentimento que me transmitem, ficam arquivados.
Este que hoje aqui publico é um desses exemplos. Lembro-me que no dia em que o vi pela primeira vez estava no café do senhor Monsanto no Alandroal. Embora não fosse novidade, prendeu-me a atenção durante os minutos que durou e transformou-se numa saudável obssessão. Hoje com o youtube até parece ridículo falar nisto, mas na altura não foi nada fácil encontrá-lo.
A música em questão é fantástica, mas a imagem que a ela passou a estar associada transformou-a numa obra de arte.
O facto de ser um melómano não me torna, porém, num apaixonado pelos videoclips. Estes são sem dúvida a marca da minha geração, mas as mais novas gerações apropriaram-se do seu significado. Lembro-me do fascínio que senti a primeira vez que vi a MTV, mas a sensação de novidade passou depressa e, sinceramente, só a música costuma persistir na minha memória. Apenas alguns vídeos, pelo sentimento que me transmitem, ficam arquivados.
Este que hoje aqui publico é um desses exemplos. Lembro-me que no dia em que o vi pela primeira vez estava no café do senhor Monsanto no Alandroal. Embora não fosse novidade, prendeu-me a atenção durante os minutos que durou e transformou-se numa saudável obssessão. Hoje com o youtube até parece ridículo falar nisto, mas na altura não foi nada fácil encontrá-lo.
A música em questão é fantástica, mas a imagem que a ela passou a estar associada transformou-a numa obra de arte.
Subscrever:
Mensagens (Atom)