16 de junho de 2008

radio_portishead

Correndo o risco de ser vilipendiado com uma série de impropérios, devo dizer que não apreciei particularmente o concerto de Portishead no Sudoeste em 1998. As razões são várias e até me atrevo a enumerar algumas. Primeiro porque já tinha assistido a outros grandes concertos nesse ano. Segundo, e aguentem os insultos, porque me desagradou a presença em palco de Beth Gibbons. Terceiro e, «qui ça» a mais importante, porque pura e simplesmente me enervou a histeria que rodeou o concerto. Particularmente porque vi muita gente cega nesse ano, como se mais nada houvesse para assistir nesses dias, o que era uma perfeita imbecilidade.
Claro que o concerto não foi mau. Aliás se me esquecer do constante pedido de cigarros e outras substâncias menos lícitas por parte da dita Beth e do facto de esta estar sempre com o polegar levantado a agradecer a grande «moca» que estava a apanhar, a música não desiludiu. Os moços eram bons e premiaram o público com uma boa hora e um quarto de actuação. Em nada fugiram dos seus trabalhos, o que não é de espantar. Não é certamente pelo improviso que os Portishead se destacam, mas antes pela solidez e preparação das suas composições e actuações.
Tudo isto para introduzir, claro, algo bem mais simples. Como sou um pouco melómano, é evidente que comprei o álbum Third quando saiu. Não fiquei convencido à primeira audição, mas depois até se entranha. Este é um álbum excelente para suscitar discussões. Sobretudo para os que adoram compará-lo ao brilhante Dummy. Em defesa dos Portishead, até gostava de dizer que acho este aspecto pouco relevante, pois é vulgar que em comparações com anteriores trabalhos todas as bandas percam. O que não vale é a pena fazer tais comparações. Elas já estão viciadas à partida. E se eu nunca tivesse ouvido os anteriores trabalhos ia achar este álbum bom na mesma. Não brilhante, mas bom. E isso é que importa.
Para os que ainda se mantêm cépticos será porventura engraçado ouvirem esta versão do The Rip. E aviso já que nem sou daqueles que agora vou passar a ouvir mais o álbum. Ele continua a ocupar o mesmo lugar nos meus dias. A atitude que já por aí vi de insinuar que se os Radiohead adoram é porque é mesmo bom é verdadeiramente estúpida. E esta versão nem é para levar a sério. Mas é uma excelente homenagem. Isso ninguém pode negar.

Sem comentários: