26 de junho de 2008

A PSP no país das maravilhas

Este é mesmo o país das maravilhas. Num dia em que vem a lume que os polícias compram as fardas em estabelecimentos privados, porque o subsídio que recebem para o efeito já não dá para mais, ficamos também a saber que foram instaurados processos disciplinares aos agentes que se deslocaram às escolas em vésperas da manifestação de professores.
As duas notícias são simultaneamente de rir e de chorar, ou simplesmente de chorar a rir. Por causa de alguém que conheci no corpo de intervenção da PSP, já há um tempo que sabia da situação das fardas. Das fardas, das armas, dos coletes, enfim, de tudo o que os polícias vão comprar privadamente a Espanha ou noutros locais recônditos de Portugal, porque tudo é muito caro e o material que lhes é fornecido ou é obsoleto ou não funciona. O ministro, claro, um «boy» que ainda nem sabe ao certo porque ocupa aquele cargo, acha normal e até se predispõe rapidamente a rever o subsídio, não vá o diabo tecê-las e a um ano das eleições arranjar mais um imbróglio com um grupo profissional. Ou seja tudo na mesma. Nada de novo e exactamente o que se esperava. Tal como nos processos disciplinares. Tudo conforme se expectava. A situação, que é sobretudo política, e que como tal devia obrigar alguém da cúpula a assumir o erro, veio agora a ser imputada ao excesso de zelo de uns agentes. Se alguém acredita realmente que foram os agentes por livre iniciativa e vontade própria que se lembraram de ir questionar às escolas quem iria deslocar-se a Lisboa, por favor faça um exame à cabeça. Ou bata com a cabeça em algum lado, o que for mais conveniente, pois bem sei que ir ao médico sai caro.
Não sei quanto a vocês, mas a mim estas atitudes de quem manda é que me chocam. Estes senhores julgam mesmo que tudo podem fazer e dizer e que nada lhes será imputado. A arraia miúda é que se lixa, foi o que sempre ouvi. Julgava é que esta era uma frase mais característica do Estado Novo. Estupidez a minha.

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