30 de junho de 2008
A famigerada avaliação
Apesar disto, e como aqui já manifestei, fiquei surpreendido com o acordo alcançado pelos sindicatos, que pelo menos no presente ano lectivo minoriza a aplicação de tão estúpida legislação. Ela tornou-se ainda mais insignificante e reduzida a uma ficha de auto-avaliação, mal pensada e estruturada.
Quando oiço a ministra dizer que a avaliação era necessária até concordo com o que diz, quando a oiço dizer que ela está em curso apenas consigo soltar impropérios pouco adequados a este texto. Sempre fiz um relatório de avaliação e não tenho o mínimo pejo em afirmar que era bem mais útil do que esta ficha que reduz a minha função como professor a treze singelos parâmetros, tão inócuos como mal pensados. Claro que sei que o relatório que entregava para nada servia, apenas considero que este para menos serve.
Talvez por isto, ou sobretudo por isto, custa-me a compreender a forma como alguns colegas estão a viver este momento de entrega da ficha de auto-avaliação. Não defendo que se ignore que ela existe. Até acho que devemos ser sérios no seu preenchimento, apesar de claramente não ser esse o objectivo. Só não percebo o histerismo. Sempre fizemos isto, agora até é versão «simplex». Para quê a preocupação?
Claro que a resposta não é difícil. A preocupação com um posto de trabalho pesa sempre. Até quando ele desaparece a 31 de Agosto. Há sempre a esperança de uma qualquer continuidade. As contas para pagar não desaparecem com o vínculo laboral. Daí a ansiedade. Não vale a pena é a ela ceder. Estruturalmente está tudo na mesma. E estou certo que não é agora que vamos acreditar que este governo finalmente vai ganhar consciência social.
Este processo é como tudo o que desta legislatura resulta. Intransigente mas inconsequente. A única batalha que vale a pena travar é a de explicar a quem opina que nada mudou. Se todos tivermos essa percepção pode ser que alguém nos oiça. O resto são balelas. De nada valem.
29 de junho de 2008
aleluia!
28 de junho de 2008
goldfrapp
Quando o concerto começou estava tudo sereno. Umas dezenas de pessoas sentadas em frente ao palco, simplesmente na expectativa. Por esta altura este duo tinha um único álbum e ainda não atraia grandes multidões. Provavelmente hoje nem será muito diferente, apenas o nome já provoca outro impacto em qualquer cartaz.
Seja como for, a verdade é que a voz da dita Alison encheu o palco e o resultado foi inesquecível. Pareceu misturar-se com toda aquela atmosfera e por momentos fomos todos transportados para outro local. Aparentemente bem longe daquela poeirenta herdade. Acho que flutuámos um pouco pelo meio da planície, meio incrédulos com o que estávamos a assistir.
Sem dúvida por causa daquele dia, a relação que passei a manter com Goldfrapp tornou-se duradoura. Felt Mountain tornou-se algo mais do que um bom álbum e tornei-me bem mais atento aos trabalhos que iam lançando.
Só agora, porém, com Seventh Tree, voltei a sentir um pouco daquele concerto. Desde que o álbum foi lançado já o ouvi umas boas dezenas de vezes. E ontem, provavelmente por causa do entardecer magnífico e da magnífica praia onde estava, relembrei-me do tal Sudoeste. Aconselho vivamente. E é como quase toda a música. Ouve-se melhor em contextos específicos. Para mim Goldfrapp será sempre sinónimo de descontração.
O vídeo que escolhi acaba por retratá-los bem. E dá para sentir um pouco do que vos falei. Pelo menos para quem aquele momento viveu.
26 de junho de 2008
A PSP no país das maravilhas
As duas notícias são simultaneamente de rir e de chorar, ou simplesmente de chorar a rir. Por causa de alguém que conheci no corpo de intervenção da PSP, já há um tempo que sabia da situação das fardas. Das fardas, das armas, dos coletes, enfim, de tudo o que os polícias vão comprar privadamente a Espanha ou noutros locais recônditos de Portugal, porque tudo é muito caro e o material que lhes é fornecido ou é obsoleto ou não funciona. O ministro, claro, um «boy» que ainda nem sabe ao certo porque ocupa aquele cargo, acha normal e até se predispõe rapidamente a rever o subsídio, não vá o diabo tecê-las e a um ano das eleições arranjar mais um imbróglio com um grupo profissional. Ou seja tudo na mesma. Nada de novo e exactamente o que se esperava. Tal como nos processos disciplinares. Tudo conforme se expectava. A situação, que é sobretudo política, e que como tal devia obrigar alguém da cúpula a assumir o erro, veio agora a ser imputada ao excesso de zelo de uns agentes. Se alguém acredita realmente que foram os agentes por livre iniciativa e vontade própria que se lembraram de ir questionar às escolas quem iria deslocar-se a Lisboa, por favor faça um exame à cabeça. Ou bata com a cabeça em algum lado, o que for mais conveniente, pois bem sei que ir ao médico sai caro.
Não sei quanto a vocês, mas a mim estas atitudes de quem manda é que me chocam. Estes senhores julgam mesmo que tudo podem fazer e dizer e que nada lhes será imputado. A arraia miúda é que se lixa, foi o que sempre ouvi. Julgava é que esta era uma frase mais característica do Estado Novo. Estupidez a minha.
Death. Cab. for Cutie?
Uma das características que mais aprecio na música é a simplicidade. Às vezes até repetitiva. Como é o caso deste tema. Felizmente que os solos ficaram nos anos 70 e que a música já evoluiu noutra direcção. Nem sei se será o melhor exemplo da banda em questão. Mas é bom. E podem sempre dar-me outras sugestões. Como comecei por dizer. Ainda estou a conhecê-los.
25 de junho de 2008
Cinema Paraíso
Sei bem que não sou o único que sinto o filme desta forma. É daqueles guiões que transportam um pouco de nós para a tela e que parecem fazer-nos reviver pedaços da nossa vida. Para mim, então, foi brutal. A identificação foi quase absoluta. Aquele Alfredo era para mim uma imagem muito querida. Foi o avô que sempre esteve presente depois da morte do meu pai e que me acompanhou em alguns dos momentos mais difíceis. Claro que é isto que as histórias pretendem. As boas têm sempre personagens que nos retratam ou que nos identificam. Não é segredo. Mas é sem dúvida mestria.
A banda sonora é também ela inesquecível. Para mim a melhor composição de Ennio Morricone, que ouço variadíssimas vezes.
O vídeo que aqui publico é a cena final do filme. Aviso desde já que quem não viu não deve agora ver. O filme vale como um todo. E deve mesmo ser visto. É um momento único da história do cinema, aliás repetidamente usado pelas televisões quando do tema se fala. E, não o escondo, emociono-me sempre que vejo estas imagens. Parecem sempre novas e surpreendentes. Geniais.
24 de junho de 2008
a meritocracia
DN Online, 23 de Junho de 2008
Como já aqui escrevi, tenho estado envolvido no processo dos exames nacionais como vigilante de provas. Reparei, logo no primeiro exame que vi, incluindo o da disciplina que lecciono, que este ano deve ter sido considerado por esta equipa ministerial o ano das boas estatísticas. A política não é nova e tem sido recorrente neste governo, só continua a surpreender porque agora até os próprios alunos começam a considerar ridícula esta abordagem aos exames. E quando são eles, os mais directos interessados, que estranham, algo está definitivamente podre.
Muitos terão ontem e durante a última semana ficado contentes. O problema é que até foram os alunos mais fracos que rejubilaram. E isto é que não é correcto. Os exames deveriam distinguir os melhores e assim para nada servem. Desculpem. Servem a estatística, que se repararem tem sofrido fantásticas melhorias recentemente.
Esta facilidade é um presente envenenado, que transmite a mensagem do «nacional porreirismo» que, como todos sabemos, tanto contribuiu para o nosso desenvolvimento. Bem sei que é difícil a um governo ter um primeiro que compra uma licenciatura. Bem sei que para a generalidade das pessoas até é giro ser engenheiro sem o ser. Mas quando se fala na necessidade de agarrarmos os melhores é desta forma que o pretendemos fazer?
Quem tem mérito precisa de incentivo e reconhecimento. O que estes exames fizeram foi nivelar os alunos. Quem era aluno de 20 continuará a sê-lo. Quem era de 14, passará a ser de 18 ou 19. A pergunta que cada vez mais ouço os miúdos fazer é então para quê esforçar-me? E com razão. Nada ganham com isso.
Percebo muito bem de que se fala quando se fala em mérito. Não é uma invenção. É uma reivindicação do Iluminismo, consumada na Revolução Francesa. A versão portuguesa é que difere. O mérito cá no burgo é pertencer à família certa. É ter o amigo certo. É estar no sítio certo. É lamber botas no partido certo. Lembrei-me disto porque vi recentemente o Matchpoint. Dirão que o filme até demonstra que isto acontece por todo o lado. E se calhar até é verdade. Mas não tenho de o defender. Muito menos como professor. Há anos que digo que estamos a menosprezar as capacidades de muitos. E tudo para que todos consigam pouco. A tal estatística. Só que isto está a incutir numa geração inteira o sentimento de indiferença.
Perceber que nem todos têm de ser doutores era um passo importante. Mas se calhar o mais premente é validar verdadeiramente aqueles que se distinguem pelas suas capacidades. Se calhar até acabaríamos com o Status Quo dos nossos governantes. Só assim algo pode mudar. Claro que isto é sonhar alto. Mas será mesmo necessário esperar tão pouco?
22 de junho de 2008
20 de junho de 2008
exames e vigilâncias
Um aspecto de tudo isto tenho, porém, de salientar. Realmente não estou talhado para simplesmente ver as horas a passar. Os ponteiros do relógio parecem presos e a angústia aumenta. Nunca gostei, em nenhuma das profissões que já tive, de nada fazer. E menos ainda quando a única coisa que podemos fazer é respirar. Compreendo que haja quem não se importe, mas eu não passo o tempo a pensar de que cor pintar o tecto. Preciso de estar ocupado, de ler, de falar, enfim, de viver. Exactamente o que me é negado durante essas horas. O drama é que ainda só fiz quatro vigilâncias. Dez horas e meia sem nada fazer em apenas três dias. E segunda-feira recomeça. E pelo meio continuo a ensinar à noite. Nestas condições, e infelizmente, apenas o que consigo, não o que desejo.
acabou o carnaval!
17 de junho de 2008
nice dream
Para quem já estiver cansado de vídeos dos Radiohead... azar! Este é para alguém que está lá para as beiras, aquelas de Trás-os-Montes. A mim costuma embalar-me. Pode ser que para ti também sirva. E o vídeo, que não é oficial, tem qualquer coisa que sei irás gostar. Ânimo!
They love me like I was a brother
They protect me, listen to me
They dug me my very own garden
Gave me sunshine, made me happy
Nice dream, nice dream
Nice dream
I call up my friend, the good angel
But she's out with her answerphone
She says she would love to come help but
The sea would electrocute us all
Nice dream, nice dream
Nice dream, nice dream
Nice dream, nice dream
Nice dream
If you think that you're strong enough
If you think you belong enough
If you think that you're strong enough
If you think you belong enough
[Just as well Just as well Just as well]
Nice dream, nice dream
Nice dream, nice dream
16 de junho de 2008
radio_portishead
Claro que o concerto não foi mau. Aliás se me esquecer do constante pedido de cigarros e outras substâncias menos lícitas por parte da dita Beth e do facto de esta estar sempre com o polegar levantado a agradecer a grande «moca» que estava a apanhar, a música não desiludiu. Os moços eram bons e premiaram o público com uma boa hora e um quarto de actuação. Em nada fugiram dos seus trabalhos, o que não é de espantar. Não é certamente pelo improviso que os Portishead se destacam, mas antes pela solidez e preparação das suas composições e actuações.
Tudo isto para introduzir, claro, algo bem mais simples. Como sou um pouco melómano, é evidente que comprei o álbum Third quando saiu. Não fiquei convencido à primeira audição, mas depois até se entranha. Este é um álbum excelente para suscitar discussões. Sobretudo para os que adoram compará-lo ao brilhante Dummy. Em defesa dos Portishead, até gostava de dizer que acho este aspecto pouco relevante, pois é vulgar que em comparações com anteriores trabalhos todas as bandas percam. O que não vale é a pena fazer tais comparações. Elas já estão viciadas à partida. E se eu nunca tivesse ouvido os anteriores trabalhos ia achar este álbum bom na mesma. Não brilhante, mas bom. E isso é que importa.
Para os que ainda se mantêm cépticos será porventura engraçado ouvirem esta versão do The Rip. E aviso já que nem sou daqueles que agora vou passar a ouvir mais o álbum. Ele continua a ocupar o mesmo lugar nos meus dias. A atitude que já por aí vi de insinuar que se os Radiohead adoram é porque é mesmo bom é verdadeiramente estúpida. E esta versão nem é para levar a sério. Mas é uma excelente homenagem. Isso ninguém pode negar.
15 de junho de 2008
spider pig
«- Está bem, pomos um porco-aranha no filme... mas e o que faz um porco-aranha?»
«- Simples... faz seja lá o que for que um porco aranha faz!»
Deve ter dado gargalhada geral. Pelo menos para mim serviu.
14 de junho de 2008
telemóvel/tijolo?
Já nos anos 80 achei insuportável o «tijolo». Parecia-me de uma arrepiante falta de civismo. Sobretudo na praia, onde uma pessoa vai para descansar, não para ser azucrinado com os gostos musicais do grunho do lado. Só que comparado com isto era um mal menor. A música era uma verdadeira merda, só que tinha um som audível. E os aparelhos por ridículos que fossem a isso se destinavam. Agora os telemóveis não. Aos altos berros nada se percebe e fica só um barulho estúpido e incomodativo. Usem os headphones! Não há pachorra!
13 de junho de 2008
the happening
Ontem era das noites perfeitas para ir ao cinema. Com o calor e os «santos» a ajudar, o Monumental estava vazio, pelo menos para as sessões da meia noite. Às primeiras imagens o filme corresponde exactamente ao que esperava. A ambiência particular de Shyamalan estava lá e a história, absolutamente coerente com os seus trabalhos anteriores, prendia imediatamente a atenção. E a ideia, que até pode não ser original, era fantástica. Imaginem de repente o ser humano perder o controlo sobre si próprio e, em vez de entrar numa espiral assassina, enveredar pelo suicídio. Obviamente não quero dizer muito mais, sobretudo porque acho que vale a pena deslocarem-se ao cinema e verem com os vossos olhos. E digo-vos, há momentos de grande inspiração, quer na realização, quer no argumento.
Já perceberam que sou claramente parcial quando falo deste realizador. E nem sei bem explicar porquê. O que sei é que ainda não vi um filme dele que não me marcasse. E é sempre em pequenos pormenores que o consegue. Pode não ser espectacular e dinâmico como Tarantino, mas estou certo que também ficará ligado à História da 7ª Arte. São poucos os realizadores que assumem a responsabilidade de escrever, dirigir e produzir um filme. E nesse aspecto M. Night é imbatível. Termino à crítico, para dar um aspecto sério à coisa. A não perder.
P.S. – Só houve algo que me irritou ontem. Não sei se a ASAE tem alguma coisa a ver com isto, mas as luzes que indicam a saída da sala eram estupidamente fortes. E porra, o cinema é para se ver às escuras. Aqueles sinais vêem-se no Atrium Saldanha. Não havia necessidade...
12 de junho de 2008
estamos quase, quase... na mesma?!?
Queria aproveitar, porém, para agradecer a todos os que ontem entupiram Lisboa para abastecer os veículos, pois estou certo que nos próximos dias nem um carro vou ter à frente, muito menos dos velhinhos que só saem ao Domingo, mas que ontem tinham de dormir com o depósito cheio. A Galp e as outras também vos agradecem, porque andavam desesperados por vender aquelas gasolinas e gasóleos mais caros que dão para fazer mais 321 metros por depósito (se não pararem nas passadeiras).
E aproveitando toda esta parvoíce, que estou certo a selecção irá proporcionar pelo menos mais uma semana, aproveito para invocar o grande Sid Vicious. Só mais um bocadinho e começo a achar que a anarquia é a resposta. Já que nada é para levar a sério, então para quê o esforço?
11 de junho de 2008
realmente...
Big Chill
10 de junho de 2008
Dia de Portugal, da raça e de outras merdas que agora não me lembro
http://www.tsf.pt/paginainicial/portugal/interior.aspx?content_id=956255
Quando questionado sobre o que pensava sobre a greve dos camionistas o nosso Presidente saiu-se com esta. Aconselho a seguirem o link e ouvirem vocês próprios. Eu também não quis acreditar, mesmo sabendo que isto vinha do cuspidor oficial de bolo rei da nação. E não é título de somenos importância, pois requer grande perícia, acrescento. Por isso não se estejam para aí a rir.
Se pensarmos bem é fácil compreender porque comete o nosso chefe da nação semelhante lapso. Poderiam pensar que foi por ter sido um rebento do Estado Novo, tese defendida pelo BE que já veio gritar Aqui d'el Rey. Esta posição do nosso Bloco, até se compreende, pois o que eles gostam mesmo é de ir ao país vizinho levar pancada, atitude sado-maso sobre a qual não me pronuncio. Estou convicto, porém, que as razões do chefe Silva foram outras. Ora afinal o que é a raça portuguesa, pus-me a pensar. As imagens que imediatamente me ocorreram foram a do bigode, da unha gigante do dedo mindinho, do arroto em público, do coçar os tomates como se não houvesse amanhã e, claro, da elegante cuspidela cheia de gosma que se treina desde pequenino. Se assim for, e até melhor explicação sigo esta teoria, que melhores espécimes que os camionistas para representarem a raça portuguesa? Os taxistas também serviriam, podem argumentar, mas aposto que se perguntassem ao Presidente o que ele pensava dos taxistas ele responderia o mesmo.
Por isso vá, ide às vossas vidas e nada de chatear o senhor de Boliqueime. Como vêem ele até sabe o que diz e nunca se engana e raramente tem dúvidas. Esperem lá... onde é que eu já ouvi isto?
«Sou camionista, sou o maior...»
9 de junho de 2008
Os camiões e a «mine»
Sem a cervejinha para acompanhar o tremoço vai haver sarilho. Ai isso é que vai.
8 de junho de 2008
“Por que no te callas!” - parte 2
"Todos respeitamos a independência do Banco Central Europeu, mas todos esperamos responsabilidade do Banco Central Europeu", adiantou.
© 2008 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.2008-06-07 16:25:01
Quando penso para que serve um primeiro ministro no actual contexto da política europeia, penso em castelhano. Há uns tempos que estava à espera que alguém mandasse calar este senhor do BCE e finalmente fizeram-me a vontade. Cada vez que abre a boca a especulação aumenta e presumo que só os bolsos dos amigos se vão enchendo. Não é preciso nenhuma licenciatura em economia para o compreender.
7 de junho de 2008
selecção
Correndo contra a maré, aqui declaro:
- não gosto dos símbolos nacionais;
- torço pela selecção, mas não sofro por ela;
- detesto bandeiras nas janelas, sobretudo porque já sei que lá vão apodrecer;
- não quero saber nada da vida dos jogadores;
- tenho pena dos suiços por aturarem tão tristes figuras dos emigrantes.
Por estas razões e outras que o alemão me fez esquecer apelo portanto para que cancelem a «lobotomia» já marcada e não se esqueçam do país em que vivem. Aquele dos combustíveis criminosamente altos, do governo mentiroso, das listas de espera e da pobreza que muitos se recusam a ver. Eu pelo menos conseguiria apreciar melhor as vitórias da selecção. E se calhar até colocava uma bandeira na janela.
6 de junho de 2008
indiferença
Hoje fiquei um pouco indisposto ao ver esta notícia. Sei bem que acontece todos os dias, que é sensacionalismo, blá, blá, blá... O que me incomodou a sério foi a indiferença de quem assiste. Ninguém se aproxima, e até o condutor naquela faixa mantém distância. Como se este infeliz peão tivesse peste. E é a este que chamamos o primeiro mundo. Dá que pensar...
5 de junho de 2008
11ºR
Mas regressemos à opção que tomei, independentemente das angústias profissionais. Classifico-a como natural, pois foi o resultado óbvio do trabalho que fui desenvolvendo, antes e depois da faculdade. E aprendi muito com alguns professores que tive e que me «empurraram» para este caminho. Alguns no ensino superior, mas sobretudo dois professores de Filosofia do secundário, que responsabilizo todos os dias pela opção que tomei. Eram uma verdadeira inspiração e demonstraram-me particularmente a importância da exigência no ensino. Com eles sabia bem porque trabalhava e compreendia a justeza das classificações que me atribuíam. Presumo, porém, que o que me marcou para sempre foi o sentido humano com que sempre trabalharam e que sempre esteve presente nas suas aulas. As preocupações pela sociedade e o mundo em que viviam e que tão bem sabiam enquadrar nos currículos que leccionavam.
Não tenho a pretensão de ser como eles. Mas todos os dias esforço-me por transmitir um pouco do que aprendi com eles. E nem sempre é fácil. Hoje a escola é bem mais complexa na sua organização e muitas vezes perdemos demasiado tempo a serenar em vez de ensinar. Claro que por vezes temos a felicidade de encontrar turmas com quem é possível trabalhar de forma positiva e relembrar-nos o porquê da profissão que escolhemos.
Nesse aspecto até tenho sido feliz nos últimos anos. Das turmas com quem trabalhei quer em Alvalade do Sado, quer no Montijo guardo excelentes recordações. E este ano sinto o mesmo. Particularmente com este 11ºR que dá o título a este texto. A empatia que criámos e o clima de trabalho que desenvolvemos foi magnífico e por isso, no dia em que vou leccionar-lhes a última aula, aqui quero prestar-lhes a minha homenagem. É cada vez mais raro encontrar alunos interessados e interessantes e, sobretudo, alunos que nos desafiem e que nos obriguem a ser ainda melhores. Muitas vezes questiono-me sobre o que me mantém ligado ao ensino e a resposta encontro-a nestes momentos. É por isso que ainda não desisti. Obrigado!
4 de junho de 2008
será que podemos acreditar?
3 de junho de 2008
Morra o Dantas, morra! Pim!
Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mais atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!
Morra o Dantas, morra! Pim!
José de Almada Negreiros
Poeta d'Orpheu
Futurista E Tudo
1915
2 de junho de 2008
electric dreams
Houve por aí uma época em que não se podia falar em Human League, Soft Cell ou Duran Duran sem ser vilipendiado com uma série de impropérios. Mesmo quando a música tinha inegável qualidade, parecia difícil convencer os dogmáticos dos anos 90 que a década anterior até tinha de ser considerada. O preconceito era tão grande que hoje dá-me um gozo enorme ver aqueles que tanto criticavam divertirem-se e cantarem as músicas como o comum dos mortais. E não me interpretem mal. Realmente considero os anos 90 extraordinários a nível musical. E melhor ainda a década em que vivemos. Mas há que reconhecer que durante muito tempo foi difícil no mundo musical recuperar a alegria e a inocência daqueles anos.
Uma das músicas de que me recordo e ainda gosto de ouvir foi escrita por um senhor chamado Giorgio Moroder e interpretada pelo vocalista dos Human League, Phil Oakley. Era a composição perfeita para um daqueles filmes também só possíveis há vinte e tal anos, de seu nome Electric Dreams. O cinema era como a música: alegre e despreocupado. Na época não havia a Blockbuster e as estreias de cinema ainda eram aguardadas com ansiedade. E, no meio dos bons filmes, lá vinha uma comédia romântica engraçada ou uma aventura, tal como hoje acontece, apenas sem o pretensiosismo das grandes produções e dos actores de renome. Nos próximos tempos irei colocar alguns exemplos do que falo e se calhar até vale a pena ir ao vídeo clube, nem que seja só para rir um bocadinho.