31 de março de 2009

I'd like to take you

no passa nada

Tanta notícia boa para explorar e eu aqui sem vontade de comentar nada. É o Santos Silva que morde a própria perna, é o ministro que se preocupa com os problemas sociais, é o espantoso crescimento dos alunos nas escolas (em presença física, alega o ministério), é o Queiroz que vai ficar com barba até aos joelhos, é o Freeport transformado numa completa porcaria com assaltos à mistura... Tudo isto no país das maravilhas, onde a crise que nunca nos abandonou ainda está por se fazer sentir. E olhem que não me apetece dizer nada. Nadinha. Estou a precisar de férias.

29 de março de 2009

Parabéns

Stage two

Je monte un cheval,
qui porte des œillères.

Hey, my eyes are shooting sparks,
la nuit, mes yeux t'éclairent.

Um ano. De textos, fotos, música, vídeos, dislates e disparates de todo o tipo. Quando começou não tinha nenhum objectivo especial e, passados 365 dias, continua
pretty much the same. Tenho então, e precisamente por isso, que agradecer a todos os que por aqui passam. Conhecidos, desconhecidos, comentadores, voyeurs, masoquistas, proxenetas, camaradas, amigos, palhaços. Obrigado pela paciência. Obrigado por todos os dias darem alento a esta Pressa de Chegar, ainda que muitas vezes sintam uma enorme vontade de partir.




lights on don't mean i'm home

27 de março de 2009

azulejos

Eu bem que queria falar sobre umas certas declarações de um tal Lula, mas a minha religião não me permite. Portanto, e sempre na vanguarda do sentimento quando lá chego já estou farto, vou falar do assunto que preocupa verdadeiramente a mente de todo o gajo que se preze. A Playboy. A revista mais usada nos testes de azulejos (de resistência e durabilidade, que os fabricantes com isto não brincam). Valha-nos o Hugh Hefner que lá percebeu que em Portugal há um filão por explorar. E o homem é um verdadeiro visionário. A azulejaria portuguesa é um dos marcos culturais a preservar e a sua tradição por cá persiste há mais de quinhentos anos. E o gajo sabe disso. Podem crer! É por isso, de resto, que escrevo este post. Não é pelas gajas, que isto é um site de respeito. É que até estou a pensar lançar uma petição para que lhe atribuam a Ordem do Infante. Nenhum título seria tão apropriado para o incentivo dado à tal indústria do azulejo. É assim que se promove o desenvolvimento económico. Aprendam.

26 de março de 2009

qual a capital da França? (II)

É extraordinário o número de visitas que por aqui recebo à conta de um post intitulado «qual a capital da França?». O título era uma piada sobre o concurso de Alzheimer dos Gato Fedorento e procurava tão somente evidenciar a memória de três segundos de grande parte da população portuguesa. Nunca imaginei que realmente alguém procurasse no google esta mesma frase. E muito menos que fosse aqui que viriam procurar tão elementar resposta que obviamente já não me recordo. Mas tenho por aí anotado algures. Acho que conheço alguém que lá vive.

Odie

Gosto do nome da banda e do videoclip também.




(mas não gosto do final, do rewind)

t.

25 de março de 2009

as part of an adverb

Os números valem mais que a qualidade. É o que vou sabendo pela boca da nossa ministra. Sempre orgulhosa da sua marcha, nada a detém, nem mesmo a realidade. Hoje é o número das faltas que diminui, amanhã o analfabetismo é irradicado do planeta. Obra sua, claro, ao introduzir este imaculado Estatuto do Aluno.

Já nem me apetece explicar por que é este Estatuto tão mau. Quem com ele trabalha sabe bem o que ele representa e compreende a sobrecarga que foi imposta aos directores de turma e professores. Digo bem, pois os alunos pouco ou nada sentiram com a mudança. Os bons e cumpridores alunos assim continuam. Os outros também. E as turmas continuam a ter o mesmo número. As presenças oscilam como o habitual.

O que mudou então? A resposta é fácil. Introduziu-se uma prova. Mais uma. E para castigar quem: os professores, que perante os incumpridores alunos, ficaram incumbidos de realizar provas de recuperação. Sem ordem nem nexo, ao sabor de cada escola e de cada entendimento, pois o ministério não se preocupa com tais miudezas. Os alunos que a ela são submetidos estão na mesma. Continuam a faltar como sempre o fizeram ou continuam a frequentar as salas de aula. Os que faltaram à prova ficam retidos, mas, e pelo menos para os que estão dentro da escolaridade obrigatória, nada muda.

Como devem imaginar tudo isto é feito em nome da qualidade. E os números apresentados reflectem apenas uma situação típica em Portugal: a capacidade de todos em lidarem com o ridículo. Os professores deixaram de marcar mais umas faltas, pois sabem bem que se as marcarem os únicos penalizados serão eles. 

É disto que a ministra se orgulha. Do milagre estatístico. É disto que os portugueses gostam. Das aparências. Que tudo isto seja estúpido é indiferente.

À tarde, em conversa com uma colega de armas, falávamos dos alunos. Estes que cada vez mais estão «presentes», mas que desconhecem em absoluto a exigência, a responsabilidade e a educação. Dizia-me ela que os pais um dia vão perceber. E que tal acontecerá quando os filhos canalizarem a sua agressividade para eles. A tal agressividade física que é cada vez mais notícia. Pode ser que sim. Pode ser que seja exactamente o que falta.

as part of a word



inF**KINGcredible!

24 de março de 2009

Tenho Orgulho em Ser Uma Vaca

Não é preciso pôr os dois vídeos a tocar ao mesmo tempo.





A questão: já alguém viu o Becas e o Cândido Mota juntos?

t.

23 de março de 2009

a estupidez tem limites?



Fair Play - The generic concept of fair play is a fundamental part of the game of football. It represents the positive benefits of playing by the rules, using common sense and respecting fellow players, referees, opponents and fans.

Acho que a palavra chave é fair. Com as novas oportunidades pode ser que daqui a uns anos eles percebam. 

Waking Life

20 de março de 2009

e agora, já percebem?

Só para terminar o assunto. Já me acusaram de ser anti-democrata, sindicalista e o diabo a quatro. Felizmente que a condenação já foi feita por quem de direito. E seria excelente que todos se começassem a preocupar um bocadinho mais com os tais direitos fundamentais, aqueles em que gostam de «malhar» quando vos convém, mas que são incapazes de reconhecer sem que o dono vos ponha a cenoura à frente do nariz. 
Eu cá acredito na democracia. Mesmo quando ela é incómoda.  Já agora... o único partido que no meio disto tudo fez uma triste figura foi mesmo o PS. O único incapaz de identificar o que era óbvio e evidente. Esta democracia já anda demasiado maltratada para ainda virem com merdas destas. Não teria ficado nada mal reconhece-lo.

suspendam a democracia (mesmo!)

Porra! Isto não é uma causa do PCP, do BE ou de qualquer partido. O anúncio é inadmissível. Sobretudo vindo de uma rádio pública. Tem de merecer o repúdio imediato de toda a classe política. Há quatro anos que vejo campanhas anti-sindicais, mas isto é um atentado. É contribuir para a deseducação e desinformação. Não se pode, não se deve dizer alarvidades destas sobre um direito constitucionalmente garantido. Mesmo a brincar. Isto é repetir uma corrente de opinião que nada percebe e nada quer perceber. A não ser do seu próprio umbigo. Não deixo de me surpreender com a facilidade com que se cospe no próprio prato, em nome de interesses imediatos e incompreensíveis. Que se lixe, suspendam tudo. O direito à manifestação quando fico preso no trânsito, o voto quando interfere na minha ida à praia, a liberdade quando chateia o vizinho. Tenham paciência!

P.S.- O que aqui defendo não é censura. É que por uma vez haja consequências nas decisões mal tomadas. O anúncio não é inocente. Esta rádio pública é paga com os nossos impostos, não está ao serviço de propaganda do PS. E isto é só propaganda. Se este spot fosse de uma qualquer estação privada a questão para mim tornar-se-ia irrelevante. Podia ser transmitido 553 mil vezes. Era só estúpido, nada mais. E continuava a merecer repúdio dos responsáveis políticos. Como devem saber não é sinónimo de censura.

as boas recomendações



Esta veio via twitter. E por aqui merece referência.

19 de março de 2009

só para quem pode

Um português no estrangeiro é considerado um bom trabalhador. Seja ele empregado da construção civil ou investigador. É o que oiço amiúde. Ao que parece o mesmo acontece com os políticos. Um primeiro ministro que de cá saiu sem nada feito torna-se num apreciado presidente da Comissão Europeia. Provoca uma crise política pelo meio, mas não importa. O mesmo se pode dizer de Guterres e da fantástica função que exerce na ONU. Não se pode impor um requisito para estes cargos? Do género... fazer um bom trabalho domesticamente. Não é essa a lógica da produtividade? Fizeste um bom trabalho, és recompensado com uma promoção. É que nem ponho em causa o trabalho que estão a desenvolver, mas se esta gente dependesse dos resultados apresentados para progredir, a única coisa a que poderiam aspirar era ao rendimento social de inserção.

what ever happened



Só por alguém se ter lembrado da revolução francesa...

18 de março de 2009

vale mesmo tudo

Deixem-me cá ver se percebo. A escola discrimina uma comunidade. Positivamente, claro. Com a complacência da DREN, que até aqui se estava a cagar. Positivamente, estou certo. As justificações apresentadas soam todas a uma bela merda, portanto. Resultado: a escola é integrada nos fabulosos Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP). Para, e passo a citar, «que seja “melhorado ainda mais” o trabalho daquele estabelecimento, que isolou uma turma de ciganos do resto dos estudantes.» Como o trabalho é bom e bem feito, vamos dar-lhes ainda mais autonomia. E, já agora, acrescentamos a liberdade de escolher os professores e funcionários que bem entende. Desta forma é mais fácil controlar (ou evitar) eventuais denúncias de tal natureza. É este o ministério reformista e sempre preocupado com a qualidade do ensino que temos. Quando oiço que é esta a «esquerda democrática» nem sei se hei-de rir ou chorar.

reality’s gone away

17 de março de 2009

inocuidade

O deputado António Filipe queixava-se há pouco no Twitter que amanhã seria mais um dia de propaganda na Assembleia. Provavelmente tem razão. Propus-lhe, então, que não colaborasse. Que o silêncio seria uma fantástica resposta.

Imaginem como seria interessante nos próximos debates com o primeiro ministro deixá-lo entregue à sua própria verborreia. E reparem que até faria sentido. De uma forma ou de outra ele nunca responde ao que lhe perguntam. Qualquer afirmação é imediatamente transformada numa campanha infame. E contra este nível de discussão política o silêncio faz sentido.

O deputado respondeu, como seria de esperar, que não é esse o papel dos deputados, que são pagos para intervir. O problema é que neste momento é esta a democracia que temos. Era importante por uma vez espremer até ao tutano o discurso de Sócrates. E sem resposta rapidamente se perceberia a sua inocuidade e superficialidade. Sei bem que até estou a ser inocente. Mas nem estou assim tão distante da realidade.

a importância de ser ernesto

"Num momento em que vai tudo para pior e em que há muitas razões para indignação, o primeiro-ministro não deveria estar a polemizar a propósito das manifestações".

In Publico.pt

Estas palavras foram ditas e repetidas diversas vezes e em inúmeras variações nos últimos dias. A todas elas respondeu o governo com a mesma sobranceria. Valha-nos que desta vez foram ditas por alguém da já famosa «esquerda democrática». Seja lá o que for que tal quer dizer.  

para mim são todos azuis

Detesto os falsos moralismos que envolvem estas questões. A situação da Escola de Barqueiros não é virgem. O que a escola não soube foi preservar a imagem da sua castidade. E neste lindo país à beira-mar plantado seria o suficiente. Não abriria jornais, nem fomentava discussões. Fazê-lo às claras é que chateia, pois nós cá gostamos mesmo é de nos apelidar de tolerantes. Mas nem é isso que me leva a ter vontade de escrever sobre o assunto. O que me leva no meu universo paralelo a desatar à chapada a esta gente é o maravilhoso conceito da discriminação positiva. Discriminar positivamente é favorecer um indivíduo ou um grupo de indivíduos, que à partida estariam em desvantagem e procurar chegar a um ponto de equilíbrio. Todos sabemos que não é o caso. É imbecil e estúpido defende-lo. Ora é isto exactamente que a escola, a DREN e agora a alta comissária para a integração estão a fazer. Este assunto não é uma causa anti-socialista, não é uma questão de esquerda, não é uma cabala. É puro e simples chico-espertismo na resolução de uma situação incómoda. Daquelas que ninguém quer aturar. E é por isso que é discriminação pura. Aliás, tudo estaria na paz do senhor se ninguém tivesse dado com a língua nos dentes. 

16 de março de 2009

o que não fazer mais logo

Fujam a sete pés. Ide para o Porto, Coimbra, Ansião ou até Boliqueime. Ide para onde vos apetecer. Apenas não se aventurem pelo Coliseu mais logo. Eu cá também gosto de Sisters of Mercy. Floodland é um daqueles álbuns para mais tarde (ou já) recordar e Temple of Love ainda me fará dançar no túmulo. Simplesmente é pelo túmulo que estes moços andam. O concerto de 2006 que presenciei (e os outros a que me baldei, mas dos quais ouvi relatos) foi um autêntico pesadelo. Um manto de nevoeiro, com uns guitarristas de camisinha de alças a assassinarem toda a imagética construída durante décadas. Quase me fizeram esquecer o que lá me tinha levado. E estive uns bons meses sem conseguir ouvir uma única das suas músicas. Tenham, portanto, amor à carteira que o tempo é de crise. E 25 euros ainda dão para um bom jantarinho. 

apedrejamento

Socialista oficial: Carvalho da Silva, filho do PCP e do BE.
Carvalho da Silva: Tenho de dizer sim?
Apedrejador: Sim
Carvalho da Silva: Sim.
Socialista oficial: Foste considerado culpado pelos anciães do Restelo de pronunciar o nome do senhor e, assim, como blasfemo...
Público: Ooooh!
Socialista oficial: ...vais ser apedrejado até à morte.
Público: Ahh!
Carvalho da Silva: Olhem, eu tinha jantado bem e a única coisa que disse à minha mulher foi: “Este naco na pedra estava capaz de agradar ao próprio Sócrates.”
Público: Oooooh!
Socialista oficial: Blasfémia! Ele repetiu outra vez!

15 de março de 2009

com a verdade m´enganas

«-Ai Salazar, Salazar... que falta por cá fazes!» Foi exactamente o que ouvi quando na sexta entrei no estabelecimento do costume para beber café. A televisão transmitia os preparativos para a manifestação da CGTP. E não consegui controlar o sorriso. O mesmo que esbocei ao ouvir as declarações de ontem do nosso primeiro. O mesmo a que recorro ao ouvir as palavras de Jerónimo.
Esta democracia está uma valente merda. Podem crer que está.

always on the outside always looking in

13 de março de 2009

Zeitgeist



"The years shall run like rabbits,
For in my arms I hold
The Flower of the Ages,
And the first love of the world."
But all the clocks in the city
Began to whirr and chime:
"O let not Time deceive you,
You cannot conquer Time....
"O plunge your hands in water,
Plunge them in up to the wrist;
Stare, stare in the basin
And wonder what you've missed."

from W.H. Auden's "As I Walked Out One Evening" (1937)

socialistas anónimos

Manuel Alegre resolve falar numa reunião do grupo parlamentar do PS.

M. Alegre: - Olá, o meu nome é Manel e eu sou um socialista!

G.Parlamentar: - Olá, Manel!

12 de março de 2009

Aproveito o texto sobre os concursos para deixar um texto sobre um assunto que me diz respeito e que é preciso de divulgar. Mais uma vez se pode ver até onde vai o ministério da (des)educação.

"É do conhecimento geral a necessidade de formar professores de espanhol, uma vez que o número de professores existentes não chega para colmatar as necessidades que desde há três anos se verificam. O aumento de escolas nas quais a disciplina de espanhol é uma opção é algo que vemos com muito agrado e, como professores de espanhol que somos, com licenciaturas de quatro anos e mais dois anos de pós- licenciatura para obtermos a profissionalização, consideramos a expansão da língua espanhola uma mais-valia para os nossos alunos.
Esta necessidade de formação, deu origem a uma excepção aberta pelo Ministério da Educação para o concurso de contratação 2009/2010 em que, e passo a citar: “Também podem ser candidatos, com habilitação profissional, ao grupo de recrutamento código 350 (Espanhol) os seguintes docentes:
1– Candidatos titulares de uma qualificação profissional numa Língua estrangeira e/ou
Português, que possuam na componente cientifica da sua formação, a variante Espanhol ou o Diploma Espanhol de Língua Estrangeira (DELE) nível C, do Instituto Cervantes.
2– Apenas poderão ser candidatos, os professores com qualificação profissional para os grupos de recrutamento 200, 210, 220, 300, 310, 320, 330 e 340.”

Assim, os professores possuidores de uma licenciatura e um estágio profissional em espanhol serão certamente ultrapassados no concurso por outros de diferentes grupos apesar de não terem formação específica na área. Teremos então licenciados de Português, Inglês, Francês ou Alemão nos quadros de Espanhol enquanto os que obtiveram uma licenciatura e uma profissionalização na área poderão ficar para trás. Sendo os professores de espanhol na sua maioria jovens, com pouco tempo de serviço ficarão assim as aulas da disciplina a cargo de professores mais experientes, mas apenas com um mínimo de formação na disciplina.

Mostramos por estas razões a nossa indignação no que diz respeito a esta excepção, uma vez que gerará uma situação muito injusta para com os professores de espanhol profissionalizados na disciplina, uma vez que poderão ser ultrapassados na lista de graduação e consequente afectação ou colocação por docentes de outros grupos de recrutamento sem habilitação profissional efectiva para a disciplina. Consideramos que é urgente a formação de mais professores de espanhol de forma a responder às necessidades existentes, mas consideramos também que esta formação não pode passar somente pela rapidez mas também pela qualidade. Não queremos de forma alguma pôr em causa a capacidade e a credibilidade dos colegas dos referidos grupos de recrutamento, mas não nos parece de todo viável que lhes seja conferida habilitação profissional para o grupo de recrutamento 350 apenas por reunirem as condições consideradas excepcionais pelo Ministério da Educação. É uma situação injusta também para todos os candidatos licenciados em espanhol portadores de habilitação própria, que por algum motivo ainda não realizaram a profissionalização e para todos os candidatos finalistas, que não poderão concorrer ao concurso de contratação 2009/2010."

eu concurso, tu concursas...

Há quem goste de não perceber. Eu também gostava. Gostava de não saber que amanhã abre novo concurso de professores. Adorava acreditar que é um processo normal, com as vagas necessárias, feito para suprir as necessidades das escolas. Obviamente não tenho tal sorte. Sei que mais uma vez um governo não cumpre a lei, esconde as reais carências e consegue ainda o milagre da viciação das listas, através da ridícula avaliação do ano passado.

2.600 vagas para o quadro. Como eu gostava de ser um «calhau com olhos» que não percebe o que isto significa. Adorava não conhecer a precariedade, a instabilidade e o cansaço que tal situação provoca. Que para muitos isto significa mais quatro anos a contrato. A somar em muitos casos a outros dez ou quinze. Mas claro que isto não tem nada a ver com a qualidade do ensino. Afinal, e ao contrário das outras profissões, a de professor não precisa de motivação e boas condições de trabalho. Isso é só para os outros. Para os gestores, os empreendedores e outros que tais. Os professores, essa canalha que não trabalha e nada faz, não merecem nada.

Para os socialistas convictos gostava de lhes recordar outro tempo. Aquele da demissão do governo de Guterres. Ficou, então, na gaveta um acordo assinado com os sindicatos que provia de lugar nos quadros todos os professores com mais de seis anos de serviço. Bem sei que o Estado não é um centro de emprego, mas reparem que na lei geral são três os anos necessários para que tal suceda numa empresa. Repunha-se alguma justiça, portanto. Até por que estes professores continuam nas escolas. Continuam a ser necessários. A ironia é esta: sabem porque não cumpriu o governo o acordo? Considerava que como governo de gestão não tinha legitimidade para honrar o estipulado. Será preciso dizer mais alguma coisa?

ao que isto já chegou

Comentário de um gajo qualquer (aparentemente especialista na modalidade, seja lá o que for que isso quer dizer) a propósito dos jogadores de um torneio ontem transmitido:

«Não sei se fazem bem. Estes jogadores por vezes optam por blufar em demasia.»

Ora, francamente!

10 de março de 2009

do tempo em que se escrevia com ph


“Há duas espécies de fadas: as fadas boas e as fadas más. As fadas boas fazem coisas boas e as fadas más fazem coisas más.” 

Sophia de Mello Breyner Andresen, A Fada Oriana

 

Sempre que por motivos profissionais me deparo com esta obra é um sarilho. O livro é engraçado. Os miúdos até costumam gostar. O problema reside no inevitável e juvenil trocadilho que sempre ocorre a qualquer adulto quando lê o primeiro parágrafo acima transcrito (o título abstenho-me de comentar, uma vez que a minha religião não o permite). A Sophia era uma malandra. Ninguém com mais de dez anos consegue ler isto sem, no mínimo, esboçar um sorriso.

O Anormal Mundo Novo!

Sociedade de vanguarda na qual a sabedoria e o conhecimento tecnológico se sobrepõe aos ideais e à educação. Ratos do esgoto que se aproveitam para assumir uma identidade secreta. Gozem o mundo da infâmia, porque amanhã será diferente.


9 de março de 2009

don´t touch Jimmy!!!

"Por exemplo, há uma campanha da parte de um jornal - Record - que não pára de falar do Miguel Veloso. Há uma campanha contra o Miguel e fico triste por ninguém o vir defender", disse o jogador, falando de si na terceira pessoa. Questionado sobre quem, concretamente, o deveria defender o jogador adiantou: "O Sporting, como é óbvio, porque existe uma grande campanha contra o Miguel Veloso e acho que isso não é justo".


Uma Hora

Por favor, sem moralismos:

you don't want to live till monday and have to do it all again


6 de março de 2009

será isto uma campanha rosa?

Na primeira página do Diário Económico podemos hoje ler que o PS pretende acabar com as taxas na saúde. É interessante, particularmente no dia em que este mesmo partido chumbou todas as propostas da oposição que pretendiam acabar com estas mesmas taxas. Se poucas dúvidas existiam sobre a linha editorial do dito pasquim, creio terem ficado desfeitas. A menos que queiram considerar que o pobre jornalista não sabe de todo o que anda a fazer. É pena que nada se tenha ouvido sobre este e outros directores de jornal no passado fim de semana. É que isto é que é pura desinformação.

finalmente

Aqui venho neste espaço manifestar o meu total apoio a José Eduardo Martins. Querer dar uns tabefes a Afonso Candal é comum a qualquer pessoa com mais de dois neurónios em funcionamento. E, com franqueza, com o actual nível de muitas bancadas parlamentares, este tipo de procedimento até poderia levar mais portugueses a interessarem-se pela política. A considerar.

5 de março de 2009

fais mes devoirs

A polémica educativa do momento em França é este sitezinho que vos deixo aqui para consulta. Parece que paizinhos e professores não estão a achar piada nenhuma à ideia. Os putos, claro, deliram. Afinal de contas é genial. Em troca de uns tostões (que ainda por cima cravam aos papás) podem marimbar-se para os TPC e garantir que eles apareçam feitos. Ainda por cima bem feitos.

Sempre gostaria de saber o que por cá diria a Confap. É que normalmente estes senhores até dizem que os professores não deviam sobrecarregar as pobres criancinhas com estes trabalhos. É injusto para elas e para os pais. Dizem eles, não eu.

Seja como for isto abre todo um conjunto de novas oportunidades* de negócio. À atenção do pessoal empreendedor. E os encarregados de educação por cá agradecem. Desde já deixo estes possíveis espaços de ajuda escolar à vossa consideração:

precisodeumpardeestalos.com

arrequenaopercebonadadisto.net 

comoconseguirunstenisnovossendoumaverdadeirabesta.pt

alguemquemecuidedopirralhoqueeutenhodeiraoshopping.com.pt

Ora digam lá se não seriam um sucesso.   link

*designação usada sem nenhuma intenção de diminuir a importância dos novos cursos criados pelo senhor todo poderoso e sem qualquer intenção de contribuir para campanhas negras, insídias ou cabalas.

4 de março de 2009

how to disappear completely

Este governo parece funcionar cada vez mais em modo Twitter. Com apenas 140 caracteres lá vai anunciando tudo o que lhe apetece. Sem grande significado, sem grande consequência. Sobretudo sem nenhum critério ou verdadeira avaliação do pouco que vai realizando. Isso da avaliação também nada interessa. A menos que possa ser traduzida em 140 caracteres. Para quem é bacalhau basta.
Entretanto lá se abafou a audição parlamentar dos presidentes dos conselhos executivos. Coincidência, certo?

sub rosa

«As relações de clientelismos, fundamentadas em laços não económicos, persistem, obviamente, nas sociedades modernas – toda a gente conhece a história do filho do patrão que foi promovido sem mérito ou a rede de “cunhas” usada no assalariamento -, mas isto são coisas geralmente consideradas ilegítimas e levadas a cabo sub rosa

Fukuyama F., O fim da História e o último homem, Gradiva, 1992

Para quem não sabe, a expressão sub rosa significa confidencialmente. É engraçada a forma como é usada pelo autor para evidenciar o avanço das sociedades modernas.           
link link

an answer that refused to be found

3 de março de 2009

crucifiction? yes please!

O secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros disse que o inquérito aberto apurou "indícios de violação do segredo" profissional


in Publico.pt

Estas duas notícias têm algo em comum. Bem sei que não é propriamente o mesmo que descobrir o Wally, mas... Só mais um brilhante exemplo da grande esquerda democrática que parece direita mas não é e que julga que democracia é outra forma de brincar ao follow the leader mas só se este estiver para aí virado.

o desprezo da actividade cerebral



Todos sabemos que isto é verdade. O que nos levará então a «enterrar a cabeça na areia como a avestruz»? Bem sei que esta questão da avestruz não é um facto científico, mas também não o é o sucesso anunciado. Vale bem a pena ouvir esta entrevista até ao fim. Já agora... a resposta à pergunta feita no rodapé pela SIC é simples. Tudo mudou. Não foi para melhor, mas mudou.             link

my porn!!!

                                                                                                    link

2 de março de 2009

mais do mesmo

Este é mais um cambalacho indescritível. Só possível numa república das bananas. E reparem que nem com um caso Freeport a decorrer esta gente se inibe. O bom ladrão é aquele que rouba à vista de todos, não há dúvida. E este é daqueles favorecimentos que só servem ao diabo. É impressionante quando uma boa ideia se revela afinal uma verdadeira merda.

resistir à crise é para rotos

Ontem, sem perceber bem porquê, vieram para aqui falar de bijutarias. Ah e tal, que as gajas é que têm negócios de sucesso, que o mundo está em crise e que o que vale são as «Marias da Fonte» que por cá andam. Nada de mais profundamente errado. Homem que é homem deixa a empresa falir só pelo prazer de a poder reconstruir. Essas mariquices de gerir bem e pegar no único nicho de mercado que nunca é afectado é para rotos. E aqui digo. Só não é afectado porque as mulheres partem sempre do errado princípio que um gajo se preocupa em demasia com a aparência delas. É como a cena dos orgasmos, mas não vou aqui explicar, pois este blog também é visto por sub-16. Além de que é visto pela minha mãe, claro está, e depois é que eu estava feito.
Seja lá como for, vejam e aprendam. Os homens quando pegam é para estraçalhar aquilo tudo. Clubes de futebol incluídos, que como sabemos não é mesmo negócio de gaja. Ou não era, antes daqueles palhaços dos «Velosos e Danis» andarem nas passarelas. Eu queria era ver uma mulher a conseguir arrasar assim com um clube. Amadoras!

vinyl video lounge

1 de março de 2009

Paint It Black

Um dos grandes cineastas da sua geração, Stanley Kubrick (1928-1999) permanece como um dos grandes realizadores de todos os tempos. 2001: Odisseia no Espaço (o filme Trip), Laranja Mecânica (o filme culto), The Shining (o filme das massas), são alguns dos filmes sublimes que o imortalizaram. Para mim, Roubo no Hipódromo (o Heist Movie perfeito) e Barry Lyndon são os meus favoritos. O primeiro, pela brilhante execução de um filme noir, o segundo pela narrativa envolvente, a complexa contemplação histórica, o uso de iluminação natural/luz de velas.
Todos os filmes de Kubrick estão repletos de momentos inesquecíveis e escolhi colocar neste espaço Nascido para Matar por ter um dos meus finais preferidos e a minha música favorita dos Stones: Paint It Black.
Nascido para Matar explora mais o tema da colonização (do indivíduo e países em geral) do que o Vietname ou a Tet offensive. Elíptico e com rimas internas (os sons ressonantes do marine psicopata na primeira parte e a morte de um sniper feminino no segundo) continua, na sua essência, a ser um filme sobre o presente.
Para ver ou rever.

Negócios para gaja resistem à crise...

Eis que surge então a oportunidade de participar pela primeira vez em tão maravilhoso blog! Faltava uma dimensão feminina ao dito, daí o meu querido amigo Jorge me ter convidado a participar. Ainda me fiz de esquisita mas... cá estou!
Neste actual panorama, em que todos os dias ouvimos nas notícias que mais não sei quantas fábricas fecharam, que mais não sei quantas pessoas vão ficar desempregadas, que mais isto e que mais aquilo, chamou-me à atenção esta notícia.
Acho magnífico que em tempo de crise uma empresa de bijutaria consiga resistir-lhe, consiga ter lucros e ainda consiga investir mais dinheiro em mais negócios do mesmo ramo. E também achei bonito a empresa ser de Rio Tinto, bem pertinho da Trofa, essa terra tão especial!
E achei curioso ainda que até lá para as arábias esta marca tem sucesso. "Parfois" há coisas que nos surpreendem!!!
Agora digam lá que se não fossem as "gajas" este mundo não andava para a frente!!!

vicky cristina barcelona


Vamos começar pela cidade. A única em que me imagino a viver para além de Lisboa. A Barcelona romântica estava lá. A de Záfon, das Ramblas e de Gaudi. No fim do filme a vontade foi seguir para o aeroporto. Não estava nada mal.

Os actores. Tudo bem escolhido como é usual. De Scarlett nem vale a pena falar. Rebecca Hall, diga-se, também nada lhe deve. Javier Bardem e Penélope Cruz. Excelentes personagens, boas interpretações. Nada de original, porém. Todo aquele universo cheirava um pouquinho a Almodóvar. Sem a «rotice», claro. Not that there’s anything wrong with that.

No geral. Duas horinhas bem passadas e um filme que deixa vontade de rever. Woody Allen no seu melhor. Não é uma obra prima, mas está muito bem. Esta mudança de continente não lhe está a sair nada mal.