29 de outubro de 2008

pela dignidade profissional

É em dias destes que devemos orgulhar-nos de pertencer a uma classe. Saí há pouco de uma reunião de departamento, que degenerou em reunião geral de professores improvisada, onde foi aprovada uma moção a solicitar a suspensão do modelo de avaliação proposto pelo ministério da educação.
Não julguem que é uma decisão fácil. Ela pode ter (e provavelmente terá) sérias consequências para os professores que a tomaram. Especialmente para aqueles que, como eu, são contratados e, como tal, descartáveis para quem governa.
A verdade é que nos dias que correm é cada vez mais raro alguém assumir uma posição contra quem manda, por isso hoje apenas quero pensar na justiça da posição tomada. Quero pensar na denúncia de um sistema avaliativo absurdo e que apenas serve os interesses economicistas e dirigistas de quem o ordena. Quero acreditar que é o início de uma luta que acredito irá fazer ouvir-se já no dia 8 de Novembro na manifestação convocada pelos sindicatos.
Para quem não percebe o que se contesta, vou aqui deixar um texto que me enviaram recentemente e que explica de forma simples o que foi decidido unilateralmente pelo ministério. E não é escrito por um professor. Gostaria de dar o crédito devido a quem estas palavras escreveu, mas espero que a sua divulgação seja homenagem suficiente.
Somos a favor de uma avaliação, apenas não podemos aceitar a indignidade que nos impõem. Leiam que vale a pena.

«Avaliação dos professores

Já que muitos jornalistas e comentadores defendem e compreendem o modelo proposto para a avaliação dos docentes, estranho que, por analogia, não o apliquem a outras profissões (médicos, enfermeiros, juízes, etc.). Se é suposto compreenderem o que está em causa e as virtualidades deste modelo, vamos imaginar a sua aplicação a uma outra profissão, os médicos. A carreira seria dividida em duas: Médico titular (a que apenas um terço dos profissionais poderia aspirar) e Médico. A avaliação seria feita pelos pares e pelo director de serviços. Assim, o médico titular teria de assistir a três sessões de consultas, por ano, dos seus subordinados, verificar o diagnóstico, tratamento e prescrição de todos os pacientes observados. Avaliaria também um portefólio com o registo de todos os doentes a cargo do médico a avaliar, com todos os planos de acção, tratamentos e respectiva análise relativa aos pacientes.
O médico teria de estabelecer, anualmente os seus objectivos: doentes a tratar, a curar, etc... A morte de qualquer paciente, ainda que por razões alheias à acção médica, seria penalizadora para o clínico, bem como todos os casos de insucesso na cura, ainda que grande parte dos doentes sofresse de doença incurável, ou terminal. Seriam avaliados da mesma forma todos os clínicos, quer a sua especialidade fosse oncologia, nefrologia ou cirurgia estética... Poder-se-ia estabelecer a analogia completa, mas penso que os nossos 'especialistas' na área da educação não terão dificuldade em levar o exercício até ao fim. A questão é saber se consideram aceitável o modelo? Caso a resposta seja afirmativa, então porque não aplicar o mesmo, tão virtuoso, a todas as profissões? Será???!!!
Já agora... Poderiam começar a 'experiência' pela Assembleia da República e pelos (des)governantes... »

5 comentários:

Anónimo disse...

Hallo jójó!!!! (ahahah...eu avisei!!!!)
espanta-te... lá na escola tb se revoltaram e os departamentos recusaram-se a seguir com o processo!!! O casal maravilha vai cair para o lado!!! Vão à manifestação?
bjinhos da titinha (esta coisa dos nomes familiares é tão gira!!!!)

jorgefm disse...

Eu sempre tive fé nessa escola. Pelo menos no meu departamento. E o casal que se aguente.
Claro que vamos à manifestação, agora só resta saber se é mesmo a 8, pois creio que os sindicatos e os movimentos acordaram uma data. Parece que alguma lição se tirou do dia 8 de Março afinal.
Beijinhos Titinha.
(esta conversa de jojos e titinhas é um pouco rota, mas enfim, tu és novinha e eu não te quero desanimar)

Anónimo disse...

Os médicos não precisam ser avaliados porque os seus resultados estão à vista. Os advogados também.

Já com professores, tem que se avalia-los porque o assunto é mais complexo. Preferias ser avaliado só pelos resultados dos teus alunos?

A verdade é que sempre me pareceu que esses professores otários que não querem ser avaliados não querem ser desmascarados como os burros que são.

Não ponho em causa a tua qualidade como professor. Provavelmente até deves ser bom, só que, como todo bom português, não perdes uma oportunidade para falar mal do governo.

Desafio-te a meteres um post a falar bem deste governo, que, apesar de imperfeito, é o melhor governo em anos.

Se calhar achas que ficamos melhor servidos com o PSD no governo. Enganas-te.

jorgefm disse...

Gosto da lógica do com os professores é mais complexo. É tão complexo como em qualquer profissão. Todos temos objectivos e trabalho para cumprir. Claro que a leviandade com que chamas de otários a uma classe que não conheces diz tudo de ti. Se é mais complexa a função (afirmação com a qual nem concordo) reconhece que pouco sabes para fazer tal juízo de valor. O problema, alíás, está aí mesmo, é que todos são bons a tecer juízos de valor sobre esta profissão que desconhecem.
Quanto ao desafio é-me difícil aceitar. Para isso teria de considerar , como tu, que este é um bom governo. Mas andas mesmo a ver navios se consideras que vejo no PSD um bom governo. Só lhe vejo uma virtude: é que pelo menos não mentiu deliberadamente numa campanha eleitoral. E sim, para mim a palavra ainda conta.
O que certamente não comprendo é porque perdes tempo a ler posts que claramente te desagradam.
Sobretudo se não aceitas nenhuma visão diferente da tua. Não te parece um pouco absurdo?

Anónimo disse...

Jorge, foi a pior resposta que já te vi dar...

O anónimo não foi lá muito pertinente, não, mas não te saíste melhor. Com alguém de melhor calibre estarias lixado.