8 de junho de 2009

o perigo de pensar pela própria cabeça

Afinal ainda há esperança. Se calhar os portugueses não são tão estúpidos quanto as empresas de sondagens dão a entender. O mito da invencibilidade socialista caiu e esse é o grande resultado de ontem. Por uma vez aqueles senhores do Largo do Rato vão ter de desenterrar a cabeça e pensar nas consequências da profunda indiferença com que governaram até aqui. Se o autismo o permitir, claro está.
De resto o que fica é o espantoso crescimento do Bloco. Há dez anos nem dois por cento quanto mais três eurodeputados. E não vislumbro nenhum drama nisto. O argumento da ingovernabilidade, da falta de preparação para a assunção de responsabilidades não me preocupa. Essencialmente por que é assim a democracia. Estes partidos do centro têm de aprender a ouvir, têm de largar o monopólio feudal a que condenaram a política portuguesa.
Continuo a não ser adepto desta esquerda causídica. E em nenhum momento contribuí para o seu crescimento. Também não quero, como dizia o outro, é que a priori se negue uma ciência que se desconhece. É engraçado como em todo este cenário ninguém se assusta com uma possível aliança PS/CDS (a mais provável, diga-se) ou com o regresso do bloco central e o pânico venha do espantoso perigo de ter de ceder à esquerda. É a estabilidade necessária, dizem. Pois que se foda a estabilidade. Estou farto destes governos que passam a vida a fazer felácios uns aos outros. Dividem o seu tempo entre cargos ministeriais ou administrações de empresas e quanto ao resto pouco muda.
Numa democracia é saudável haver alternativa. Ainda que ela nada interesse aos poderes instalados. E ontem foi agradável ver que PS e PSD não atingiram dois terços da votação como é costume cá no burgo. Isso assusta é verdade. Mas o fenómeno das grandes maiorias nada nos trouxe de bom. Bem pelo contrário. Por isso mais do que obrigar a alianças pós-eleitorais, é necessário que quem governa se habitue a negociar com a oposição. Se calhar umas vezes à direita outras à esquerda. Em democracia é o que se pede. Tudo o resto é treta. Se não estão habituados a fazê-lo está na altura de aprenderem. Acho que deve em parte ter sido este o fundamento de Abril. A revolução não foi feita para substituir uma União Nacional por um Bloco Central. Ou foi?

1 comentário:

Tiago FM disse...

É-me tão complicado analisar as Eleições Europeias numa perspectiva tão interna e nacional. Não andei a dar a devida importância ao condenar do governo PS.

Nem quero. Torna as eleições europeias tacanhas e mesquinhas demais, mesmo que tal seja importante a nível nacional.

Isto quase que soa a Sócrates, não é? "O verdadeiro julgamento não foi nestas eleições". Mas é mesmo só por serem as Europeias, pelo nome e pelo valor da palavra. Mas tudo isto deve ser meio utópico também.

Quanto a Europa propriamente dita, viva a continuação do Rei da Europa, José "Forget the Durão" Barroso.