Seria excepcional que por uma vez alguém que perceba as escolas presidisse ao Conselho Nacional de Educação. Já oiço discursos como o de Ana Maria Bettencourt há mais de 15 anos. É o discurso banal de miss em hora de consagração. Ridículo, ainda que cheio de boas intenções. Desejo mais e melhor aprendizagem, mais trabalho, mais conhecimento, mais horas e o diabo a quatro. Atentem bem nestas palavras:
«Faciltismo? Odeio essa palavra. Um aluno que chumba várias vezes é porque não foi apoiado e vai acabar por desistir, o que é mau para ele e para o país. O que defendo é que os professores compreendam as dificuldades dos alunos, insistam e trabalhem muito.»
«É muito importante o trabalho em sala de aula, porque se o aluno tiver que trabalhar, não pode fazer gazeta e aprende. Isto não é facilitismo, facilitismo é a pessoa ignorar. A escola não pode ser indiferente às diferenças. O que diferencia as escolas, nos países do Norte da Europa, é a atenção dada aos alunos.»
E assim, miraculosamente, tudo se resolve. É a visão do professor responsável por tudo, a súmula do eduquês. O professor é que tem de trabalhar e o aluno automaticamente vai sentir-se impelido a imitá-lo. É a Finlândia outra vez. Apenas os nossos alunos não são finlandeses. E os pais portugueses também não são loiros. E os professores cá não têm autoridade. E a sociedade é totalmente diferente. Cá o estúpido é o que paga impostos, não o que foge. Cá o esperto é o cábula, não se defende o mérito. Isto é simples. E se tirassem a cabeça das trogloditas psicologias que tão ciosamente estudam há trinta anos percebiam.
Nem vou dizer mais nada. Isto é mais do mesmo. É o nacional porreirismo socialista. Queremos todos na escola, todos iguais. Só que até o Gervásio percebe que por vezes é preciso separar para avançar.
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