31 de janeiro de 2009
a carta, a carta
30 de janeiro de 2009
de que pudor se fala?
Os comentários e os artigos pró e contra sucedem-se. Sem critério, como em tantas outras ocasiões sucedeu. Os que já tiveram certezas sobre Carlos Cruz e que idolatraram o caso Esmeralda ou McCann estão nas sete quintas. A democracia o permite e pelos vistos até há quem disto faça profissão. É precisamente por isto que hoje não vou usar o tom jocoso dos últimos dias e vou procurar assumir uma posição mais séria. Nem vale a pena, bem sei, mas a consciência a isso obriga.
Este processo Freeport é uma vergonha, disso não duvido. Que a «estória» está muito mal contada parece-me evidente. Que daí se devem tirar consequências políticas também acho claro. Agora defender de forma inequívoca a prévia condenação ou absolvição do primeiro ministro parece-me um disparate. Se realmente algum crime foi cometido, a justiça terá muito tempo para actuar, ainda que esse calendário não favoreça interesses eleitorais. E esses não são chamados para a análise judicial. Mal seria se assim fosse. É por isso que tanta dificuldade tenho em encaixar as teorias da conspiração e os veementes repúdios, gritados bem alto pelo PS.
«Quem com ferros mata, com ferros morre!», assim reza a sabedoria popular. O senhor primeiro ministro durante os últimos anos serviu-se da comunicação social e várias vezes recorreu à deturpação e à insídia que agora elegantemente aponta em sua defesa. Sobretudo no combate que travou com a oposição e muito particularmente nas suas intervenções parlamentares (que não tenho coragem de chamar debates). Ainda na sua última deslocação ao parlamento o fez, quando confrontado com o relatório tipo OCDE.
Talvez por isso a posição de desconfiança que assume perante a comunicação social seja agora inaceitável. E esta não pode ser a base de defesa de um primeiro ministro. Realmente é lamentável que esteja o seu nome envolvido neste processo, mas a verdade é que está. E o que é grave e merece ponderação é a razão pela qual temos hoje muita dificuldade em acreditar na sua palavra.
Não me custa nada acreditar na inocência de Sócrates. E o facto de não apreciar (nada mesmo) o seu estilo e a sua governação não me leva a tirar conclusões precipitadas. Não sobre a sua implicação num ilícito criminal. Tenho sim uma opinião sobre a postura moral que adoptou, mas essa não constitui qualquer crime. Retira-lhe credibilidade e enfraquece-o, nada mais. Quanto ao resto serenamente espero.
Só escrevo este texto porque começo a estar farto de uma corrente que quer impor pudor no tratamento desta questão. O único pudor que se exige é nas conclusões precoces que se retiram. Não se devem tirar em nenhum caso. Nem relativamente ao primeiro ministro. Criminalmente, reafirmo. Agora não queiram suspender a informação, nem tratá-la como se ela fosse irrelevante ou parte de um desígnio maior. Por muito que desagrade ao PS. Ou perturbe a sua marcha triunfal.29 de janeiro de 2009
28 de janeiro de 2009
cry wolf
27 de janeiro de 2009
tonight
26 de janeiro de 2009
manobras de diversão
O mais espantoso é verificar o total embaraço perante aquelas relações familiares/empresariais/ministreriais. Se há algo que não tenho dúvidas é que em Portugal tudo funciona com aquele tipo de favores e apadrinhamentos. Não vale a pena negar. Se não é crime, é no mínimo moralmente reprovável. E ao contrário do que muitos pensam, tais favores ainda são mais significativos quando abandonamos Lisboa. Aí a promiscuidade é total.
Em conclusão, tudo o que foi dito em nada melhora a imagem do nosso primeiro. O que até surpreende, diga-se. Neste momento só uma fé inexplicável pode sustentar a crença em José Sócrates.
25 de janeiro de 2009
nós por cá
Este caso Freeport veio baralhar a convicção de alguns. Sobretudo porque ainda existe quem acredite na bondade exalada da propaganda e nas confissões humanas do nosso primeiro, agora consciente da falibilidade das relações familiares.
Já aqui classifiquei este caso como um nojo. E é, de facto. Mas tal não significa que pretenda a demissão do governo ou a intervenção magnânima do nosso presidente. Este caso deve correr normalmente na justiça, porque de um crime se trata. No tempo devido, com a celeridade do costume.
O julgamento que se exige nada tem que ver com a justiça. Justifica-se exclusivamente no campo político e deve-se em particular ao somatório de processos duvidosos que envolvem José Sócrates. Neste particular momento acreditar na sua total inocência é um mero acto de fé e este «zezinho» não é Jesus Cristo, embora nos queira fazer crer que sofre das suas chagas.
Este PS deve levar o seu mandato até ao fim. E a questão que se colocará então é se já percebemos o engodo do governo forte e de fiéis princípios. Sócrates confunde autoridade com autoritarismo e moralmente mostra-se incapaz de guiar um rebanho de cabras. E o mesmo se pode dizer do PS. Um partido que se indignou com os disparates de Santana Lopes e que criticava a inflexibilidade da maioria absoluta de Cavaco. Afinal o que fizeram de diferente para justificar a fé que agora exigem?
A pergunta que mais oiço é sobre que alternativas existem. A ela respondo sempre que pouco importa. Da direita à esquerda existem diversas alternativas. O que era necessário era que por cá se percebesse que a democracia já está garantida há umas décadas e que votar só pelo medo da mudança é uma perfeita estupidez. Além do mais estou convicto que é preciso acabar com este ciclo, em que se quer fazer crer que só uma maioria absoluta é eficaz. Quando não existe exigem-se entendimentos e quem não é capaz de os fazer não tem lugar na democracia. Esta era a mensagem que devíamos transmitir aos nossos políticos, para que de uma vez por todas percebessem que têm de trabalhar para nós e não na defesa dos seus particulares interesses. E estes, como reparamos diariamente, é que os ocupam e que nos mantêm na grande porca.
indicações que nos levam no bom caminho
24 de janeiro de 2009
viva a solidariedade!
23 de janeiro de 2009
if you tolerate this...
a farsa
22 de janeiro de 2009
a cabra
a que cheiram as coisas que não cheiram?
design for life
Then work came and made us free
But what price now for a shallow piece of dignity
I wish I had a bottle
Right here in my dirty face to wear the scars
To show from where I came
We don’t talk about love we only want to get drunk
And we are not allowed to spend
As we are told that this is the end
A design for life
Manic Street Preachers
21 de janeiro de 2009
wannabes
20 de janeiro de 2009
19 de janeiro de 2009
és o maior!
um só que fosse
Um só que fosse, e já valia a pena
Aqui, no mundo, alguém que se condena
A não ser conivente
Na farsa do presente
Posta em cena!
Não podemos mudar a hora da chegada,
Nem talvez a mais certa,
A da partida.
Mas podemos fazer a descoberta
Do que presta
E não presta
Nesta vida.
E o que não presta é isto, esta mentira
Quotidiana.
Esta comédia desumana
E triste,
Que cobre de soturna maldição
A própria indignação
Que lhe resiste.
Miguel Torga
18 de janeiro de 2009
de indignar
at the edge
They're criticising something they just can't understand
Living on the edge of their town
And I won't be shot down
17 de janeiro de 2009
white winter hymnal
all swallowed in their coats
with scarves of red tied ’round their throats
to keep their little heads
from fallin’ in the snow
Fleet Foxes
de espantar
16 de janeiro de 2009
reflectindo IV
15 de janeiro de 2009
reflectindo III
I'm Throwing My Arms Around Paris
Morrisey
14 de janeiro de 2009
a handshake of carbon monoxide
Bring down the government
They don't, they don't speak for us
reflectindo II
13 de janeiro de 2009
reflectindo
Esperei uns dias para digerir o simplex da avaliação. Esperei pela reflexão que hoje se pedia. Esperei pela reunião marcada na escola onde trabalho.
É com tristeza que reparo que tudo está praticamente na mesma. O que foi aprovado foi um adiamento, uma forma encapotada de manter o modelo. Nada de substantivo se alterou, apenas se adiou a implementação daquele «monstro» para um futuro pós-eleitoral.
Claro que a máquina de propaganda já todos convenceu. O ressabiamento de alguns introduz mesmo uma completa cegueira no que à classe diz respeito. A questão que agora se coloca é como devem os professores agir perante o que foi proposto. Devem acatar? Ceder às constantes ameaças vindas da 5 de Outubro? Manter a luta? E se sim, em que moldes?
Obviamente que reconheço a dificuldade de manter esta luta. Sei, e sinto na pele, o custo desta cruzada. E, acreditem, o cansaço já se instalou há muito. É difícil continuar a explicar a quem se recusa a ouvir e é difícil lutar contra esta máquina socialista, que tudo controla e manipula. Estou mesmo convicto que se as ameaças proferidas pelo secretário de estado fossem provenientes de um governo de direita já todos teriam gritado «Aqui d´el Rei!».
Reafirmo o que já aqui expus noutros momentos. Se alguma dignidade se pretende manter nesta profissão, este não é o momento para parar. O que agora aceitarmos terá consequências para o futuro e ceder quando nada de substancial se alterou retira qualquer credibilidade a uma luta futura.
Não vale a pena é continuar a explicar porque não queremos este modelo de avaliação. Nem vale a pena continuar a afirmar que queremos ser avaliados. É chover no molhado. Já foi dito e reafirmado. Quem não compreendeu até agora não vai nunca compreender. Apenas vale a pena explicar que o ensino só piorou nos últimos anos e que, apesar de toda a propaganda, as únicas verdadeiras melhorias são estatísticas.
Costuma dizer-se que todas as famílias têm um professor. Eu acredito que no momento actual todas têm alguém nas propaladas Novas Oportunidades. E estas são o exemplo máximo do laxismo da nossa educação. É por causa disto que os professores se revoltaram. É pelo fim da escola pública e de tudo o que ela representa. Sim, foi a avaliação que foi mediatizada. Mas, se forem honestos, todos sabem que não foi isso que motivou os primeiros protestos, nem sequer as grandes manifestações. Essa foi a gota que fez transbordar o copo. Todo o empolamento que foi dado à avaliação resultou de uma enorme manipulação, na qual colaboraram, diga-se, muitos professores. Por profunda estupidez, diga-se também.
A verdade é que a decisão agora tomada vai ficar na consciência de cada um. Participar ou não na greve, entregar ou não objectivos. Só queria relembrar que o ano passado crucificaram os professores os seus sindicatos por terem assinado um entendimento. A pergunta que coloco é esta: agora que os sindicatos foram firmes e nos defenderam vamos nós abandonar a luta?
12 de janeiro de 2009
oi!
Não resisti a roubar isto.
monday, blue monday
New Order
11 de janeiro de 2009
para ajudar a digestão
A participação destas personagens em qualquer iniciativa pode obviamente ser questionada. Os interesses que os movem, os resultados práticos de tal participação, a validade das intervenções, etc., etc. A perspectiva de «abrir portas» parece-me, porém, interessante, quanto mais não seja para alertar consciências. Foi o que pensei quando ouvi este discurso de Brian Eno sobre o actual panorama na Faixa de Gaza. Nem sei se estou de acordo com tudo o que diz, mas pelo menos fez-me pensar. Houvera por cá celebridades destas!
para terminar o cerco
10 de janeiro de 2009
six feet under
9 de janeiro de 2009
wake up
The Arcade Fire and David Bowie
a avalição por cá
O Público tem disponível uma nova rubrica que pretende avaliar o comportamento dos nossos políticos nas suas intervenções de fundo. A primeira, como não podia deixar de ser, é para o nosso primeiro.
É evidente que a seriedade de tal trabalho é bem discutível, mas ainda assim não resisti à curiosidade e lá fui ver afinal como tinha sido avaliado o nosso Sócrates. A parangona informa-nos que nove vezes falou a verdade, que mentiu quatro vezes e é duvidoso o que afirmou em outras quatro. Conclui, portanto, o autor da peça jornalística que o PM passou no teste.