Esperei uns dias para digerir o simplex da avaliação. Esperei pela reflexão que hoje se pedia. Esperei pela reunião marcada na escola onde trabalho.
É com tristeza que reparo que tudo está praticamente na mesma. O que foi aprovado foi um adiamento, uma forma encapotada de manter o modelo. Nada de substantivo se alterou, apenas se adiou a implementação daquele «monstro» para um futuro pós-eleitoral.
Claro que a máquina de propaganda já todos convenceu. O ressabiamento de alguns introduz mesmo uma completa cegueira no que à classe diz respeito. A questão que agora se coloca é como devem os professores agir perante o que foi proposto. Devem acatar? Ceder às constantes ameaças vindas da 5 de Outubro? Manter a luta? E se sim, em que moldes?
Obviamente que reconheço a dificuldade de manter esta luta. Sei, e sinto na pele, o custo desta cruzada. E, acreditem, o cansaço já se instalou há muito. É difícil continuar a explicar a quem se recusa a ouvir e é difícil lutar contra esta máquina socialista, que tudo controla e manipula. Estou mesmo convicto que se as ameaças proferidas pelo secretário de estado fossem provenientes de um governo de direita já todos teriam gritado «Aqui d´el Rei!».
Reafirmo o que já aqui expus noutros momentos. Se alguma dignidade se pretende manter nesta profissão, este não é o momento para parar. O que agora aceitarmos terá consequências para o futuro e ceder quando nada de substancial se alterou retira qualquer credibilidade a uma luta futura.
Não vale a pena é continuar a explicar porque não queremos este modelo de avaliação. Nem vale a pena continuar a afirmar que queremos ser avaliados. É chover no molhado. Já foi dito e reafirmado. Quem não compreendeu até agora não vai nunca compreender. Apenas vale a pena explicar que o ensino só piorou nos últimos anos e que, apesar de toda a propaganda, as únicas verdadeiras melhorias são estatísticas.
Costuma dizer-se que todas as famílias têm um professor. Eu acredito que no momento actual todas têm alguém nas propaladas Novas Oportunidades. E estas são o exemplo máximo do laxismo da nossa educação. É por causa disto que os professores se revoltaram. É pelo fim da escola pública e de tudo o que ela representa. Sim, foi a avaliação que foi mediatizada. Mas, se forem honestos, todos sabem que não foi isso que motivou os primeiros protestos, nem sequer as grandes manifestações. Essa foi a gota que fez transbordar o copo. Todo o empolamento que foi dado à avaliação resultou de uma enorme manipulação, na qual colaboraram, diga-se, muitos professores. Por profunda estupidez, diga-se também.
A verdade é que a decisão agora tomada vai ficar na consciência de cada um. Participar ou não na greve, entregar ou não objectivos. Só queria relembrar que o ano passado crucificaram os professores os seus sindicatos por terem assinado um entendimento. A pergunta que coloco é esta: agora que os sindicatos foram firmes e nos defenderam vamos nós abandonar a luta?
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