Devo confessar a minha surpresa com a natureza do discurso de Cavaco Silva. Eu sempre fui céptico com o senhor, estão a ver? Talvez por isso me custe a compreender o pouco destaque que recebeu. Parece-me, com franqueza, bem mais significativo que o estafado (mas não descabido) Freeport ou a estúpida música da moda.
“Por detrás das estatísticas e dos gráficos que identificam a crise estão
trabalhadores que perderam o emprego e investidores que perderam as poupanças de uma vida e cujos projectos e ambições foram destruídos num ápice. (...) Este é um período em que se pede ao Estado um maior activismo.
No entanto, esta não é altura para intervencionismos populistas ou voluntarismos sem sentido. Os recursos do País são escassos e é muito o que há ainda por fazer. É preciso garantir o máximo de transparência na utilização dos dinheiros públicos. Desde logo, por uma questão de respeito para com os contribuintes. Não podemos desperdiçar recursos em respostas que mais não fazem do que deixar tudo na mesma ou tornar ainda mais apertado o caminho do nosso desenvolvimento futuro.” - discurso completo aqui
É aqui que se nota o total desnorte dos fazedores de opinião. Dificilmente encontram (ou encontrarão, acredito) outro momento na política portuguesa em que um Presidente tenha sido tão incisivo e tão lúcido nas suas declarações. Muitos querem fingir que é tudo um exagero, outros distraem com questões menores, mas o problema é este e foi bem explicado. Pelo Chefe de Estado. Há por aí muita gente que só vai perceber quando levar um enxerto de pancada. Podem crer.
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