Não sei se estão a ver onde isto vai dar. Ganha-se pela exaustão. Apaga-se o crime pelo cansaço. É a teoria do enjoo a entrar em cena. Coloca-se na frente de batalha o campo pessoal. A namorada ofendida, o amigo de longa data, o honorável do partido. O crime? Já não importa. Até agonia falar nele. Se é que ele existiu. As pressões, as cabalas, os processos de injúria e difamação, esses sim estão na ordem do dia. Os jornalistas passam a energúmenos inqualificáveis que procuram destruir a harmonia e o bom nome. Os colunistas tornam-se crápulas infames que só se interessam pela sarjeta. Os procuradores... desses é melhor nem falar, que nem se percebe por que insistem.
Tudo isto é frequente e usual por cá. E ai de quem não estiver com a maioria. O roubo é cometido. A vítima protesta. Demais. Por isso enjoa. Vira-se rapidamente a atenção para o abusado. Falar outra vez nisso enoja. Ainda que seja manifesto o crime. Desde que a multidão se sinta saciada. «Eles com a indignação e nós...» Onde já ouvi eu isto? Já nem sei, mas parece mesmo o nosso triste fado.
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