3 de setembro de 2008

quadros interactivos

Uma das muitas parvoíces que marcam este ano lectivo é a introdução de quadros interactivos e, como tal, lá tive a sagrada sessão de esclarecimento. Era suposto ser uma formação, mas quando quem forma só foi esclarecido numa reunião de duas horas... Claro que não podia correr bem. Aliás a frase mais ouvida foi: «lá na reunião avisaram que é normal haver estas falhas!»
Fui com alguma paciência, apesar de saber o que me esperava. Escusado será dizer que o balão estoirou em pouco tempo. Depois dos primeiros percalços lá começou a exemplificação. Cheguei a assistir a algumas professoras a anotar onde se ligava o cabo de alimentação e a tirarem notas dos complicadíssimos programas que se podem usar com o equipamento, como por exemplo... o Word! Depois finalmente o ecrã ligou-se. Quando quem exemplificava escreveu qualquer coisa no quadro a sala caiu em espanto: Ooooooh! Aaaaaaaaaaaah! E tudo porque a tecnologia permite substituir o giz. Brilhante!
O tempo foi avançando e a seca aumentando. Mas teria de haver a cereja no topo do bolo. Ora os magníficos equipamentos que custaram milhões ao Estado (portanto ao nosso bolso) não reconhecem lá muito bem o Português. E a maior parte dos recursos fornecidos estão em quase todas as línguas menos na de Camões. Nem sequer um planisfério existe em Português. Convenhamos que é brilhante. As escolas não têm aquecimentos, mas têm quadros interactivos. Estão a cair de podre ou com falta de funcionários, mas claro que têm ADSL. Claro que nada disto interessa e estes quadros até têm a vantagem de ser hipoalergénicos, por isso...
Estes quadros pagavam a integração de mais uns professores. Se calhar até pagavam umas cantinas ou uns ginásios, mas isso ninguém vê. O que interessa é o show-off. O ensino pouco melhorou nos doze anos a que a ele estou ligado, mas os resultados nunca foram tão espectaculares. Até me envergonhei quando ouvi hoje o nosso mais que tudo (para quem já não se lembra é o magnífico primeiro, o líder, o engenheiro, o Sócrates) anunciar que para o ano os resultados na educação ainda vão ser melhores. Viva a bola de cristal! E os números do euromilhões não nos poderias providenciar, meu!
Alguém um dia perceberá que a tecnologia não origina resultados. Até pode ajudar, reconheço, mas quem têm as mãos geladas para escrever preferia um aquecedor. E esse não custa milhões. E aposto que até se arranja com umas instruçõezinhas em Português. Lá estou eu só ser marreta, não é? Afinal o aquecedor também é tecnologia.

2 comentários:

Anónimo disse...

És mesmo irritante. Só sabes reclamar.
Não podes demonstrar o mínimo contentamento pelo facto de estares colocado? Pelo facto do governo apostar na educação?
Sim, és marreta. Mais um marreta que só sabe reclamar. Sempre a pôr defeitos em tudo, e aposto, que se este governo fosse exímio, ainda arranjarias defeitos para lhe pôr, porque reclamar está na tua natureza.
Se estás descontente, então trabalha para as coisas mudarem. Achas que estás a mudar algo ao expor a tua opinião neste blog de merda que ninguém lê?
Estou farto de merdas pseudo-inteligentes que se acham superiores ao "cidadão comum conformado", porém acabam por ser iguais aos que criticam.

jorgefm disse...

Pelos vistos alguém lê! E é evidente que este é um blog de merda, como qualquer outro blog de opinião. Mas se te incomoda tens bom remédio, não o leias.
De toda a verborreia que escreveste a única coisa em que estamos de acordo é que devia demonstrar algum contentamento pela minha colocação. Já aqui o disse: perante o galopante desemprego é mesmo o único factor de contentamento. Agora ao fim de doze anos de concursos esse sentimento já cheira um pouco a bafio. Talvez a mofo.
E gostava de te dizer isto: a tua última frase é a cara chapada do teu comentário. Só é pena ser anónimo. Eu ao menos ainda assino o que escrevo.
Au revoir,
Jorge