Acordei hoje com a notícia de que o nosso Presidente continua muito preocupado com o estatuto dos Açores. Um mês e meio passado e ainda não percebeu que o resto do país está preocupado com o facto de ele só com isso se preocupar.
Nunca gostei de Cavaco. Sempre me desagradou o estilo do não leio jornais, do nunca me engano e raramente tenho dúvidas. A baba no canto da boca desagrada-me e os concursos de cuspir bolo rei também nunca me disseram muito. São modalidades de gabarito, mas não aprecio.
Claro que pouco esperava desta presidência, ou melhor, esperava exactamente o que está a acontecer. O sr. Aníbal nunca se preocupou muito com o que está à sua volta. Sobre um partido que mente numa campanha eleitoral para chegar a governo nada diz. Sobre manipulação das taxas de desemprego e código do trabalho nada pensa. Manifestações de dezenas de milhares de pessoas não vê. E até considera que ministros que nunca, mas mesmo nunca se enganam, estão bem nos lugares que ocupam. Agitação social, criminalidade não merecem uma palavra. Sistema de saúde de pantanas não é assunto. O que interessa mesmo é o estatuto dos Açores.
Já aqui escrevi que até acho que no conteúdo a razão lhe assiste. E a sua posição seria reforçada perante todos se como Presidente se preocupasse com algo mais do que com os seus poderes. Agora o país não compreende nem pode compreender isto. Andamos todos com a corda na garganta. O dinheiro dá para cada vez menos. A insegurança profissional é gritante. Os Açores e o seu estatuto não entram nem uma vez no nosso pensamento. Não é o fundamental. O que nos interessa é o que está a acontecer à nossa saúde, à nossa segurança social, ao nosso ensino.
Ainda perguntam porque razão cada vez menos as pessoas se interessam por política. Se a política não se interessa nada por elas... Só espero é que ao menos esta atitude de insensibilidade lhe custe o segundo mandato, embora já esteja habituado aos esquecimentos em cima da linha de chegada. Cada país tem, de facto, os políticos que merece.
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