Imaginem que Portugal tem um primeiro-ministro determinado, tão determinado que não ouve nem o GPS a dar-lhe as indicações do caminho...
Imaginem que este líder conseguiu um diploma ao Domingo e que, numa viagem de Estado, desculpabilizou-se com o desconhecimento de uma lei por si criada para fumar num avião.
Imaginem que chefia um governo que sofreu as maiores contestações sociais desde o 25 de Abril e que apelida todos os que o contestam de comunistas e inimigos do espírito democrático.
Imaginem que este governo, perante aumentos aberrantes do preço dos combustíveis, pouco faz, ou melhor, faz de conta que é uma consequência do mercado e que dela ninguém beneficia.
Imaginem que este chefe do governo pressionou, desculpem, inadvertidamente fez referência às excelentes relações que mantinha com o chefe de um director de jornal.
Imaginem que perante o crescimento da pobreza e da criminalidade este primeiro-ministro nos mostra como os números são tão favoráveis à população e que a crise ora nos afecta (às três da tarde), ora nunca nos vai tocar (normalmente em prime time).
Imaginem que este governo aprova um código de trabalho de que nem Bagão Félix se lembrou, tal a forma como desequilibra a balança em favor do empregador.
Imaginem que este governo distribui computadores a alunos e que, aproveitando a saída dos jornalistas, os volta a embalar para outra campanha propagandística.
Imaginem que depois de anos a impor sacrifícios aos portugueses e a explicar que não era possível aumentar ordenados nem diminuir impostos, subitamente arranja biliões de euros para salvar a banca e que ora diz que nenhum banco precisa de ajuda, ora diz que é imprescindível para a estabilidade do anterior estável sistema financeiro.
Imaginem que este governo é sustentado por uma maioria tão arrogante que nem os próprios militantes ouve e que até vê alguns a votarem contra os seus projectos na Assembleia da República.
Imaginem que este primeiro-ministro, na sua mensagem de Natal, colhe louros da descida das taxas de juro pelo BCE, quando nunca antes se culpabilizou pelas perturbadoras subidas.
Agora imaginem que este governo é de direita.
Imaginem que o primeiro-ministro é... Santana Lopes.
3 comentários:
Nem mais!
É claro que discordo de algumas observações (em relação aos combustíveis, por exemplo), mas de facto foi esse o burburinho pelo menos. Se fosse o outro já lhe tinham dado um tiro, certamente.
Mas no caso do outro bastou o burburinho para o correrem à paulada. Entretanto ficou tudo cego?
Sim, sim. De acordo!
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