Ficámos hoje a saber que o energúmeno que filmou a agressão àquela professora de Matosinhos foi condenado a 40 horas de trabalho comunitário. Parece-me adequado, não sou fã de linchamentos públicos. Infelizmente esta devia ser a norma e não a excepção. Espero, aliás, que não seja caso único nos tempos mais próximos, que não seja apenas uma forma hábil de camuflar a triste realidade de alguma violência que grassa no ensino em Portugal.
Preocupado apenas fiquei com um aspecto, que é aliás bem significativo do estado da educação cá no burgo. Aparentemente alguns alunos da dita escola consideram que não devia haver qualquer castigo, pois o aluno ao filmar ajudou a provar o mau comportamento da aluna. Ora eu se fosse pai de alguma destas criancinhas estaria bem apreensivo. Se por acaso o objectivo do aluno tivesse sido arranjar um meio de prova para auxiliar a professora, esta conversa não existiria. Provavelmente o aluno até teria um louvor. Mas o objectivo foi o contrário. Foi simplesmente achincalhar e ridicularizar. Só acabou por servir de meio de prova porque a criancinha foi suficientemente estúpida para partilhar o vídeo no Youtube. Nada mais.
Seja como for, parece-me que o caminho a seguir é este. Não defendo que tudo o que de errado acontece nas escolas seja violência, mas se um professor sentir, quando ofendido ou agredido, que vale a pena apresentar queixa já obtivemos alguma vitória. Já ouvi muita gente afirmar por aí que os professores devem preparar-se para estes comportamentos, que os tempos mudaram. Não há dúvida que algo está diferente, mas um professor não devia ter como pré-requisito para a profissão um cinturão negro numa qualquer arte marcial e simultaneamente um certificado de adopção de uma qualquer filosofia zen. É que por vezes é mesmo necessário para se sobreviver a um dia de escola. Não vos parece sinal de algo errado?
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