Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer
Cesário Verde
30 de novembro de 2009
Ao Entardecer
Ao entardecer, debruçado pela janela,
E sabendo de soslaio que há campos em frente,
Leio até me arderem os olhos
O livro de Cesário Verde.
Que pena que tenho dele! Ele era um camponês
Que andava preso em liberdade pela cidade.
Mas o modo como olhava para as casas,
E o modo como reparava nas ruas,
E a maneira como dava pelas cousas,
É o de quem olha para árvores,
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando
E anda a reparar nas flores que há pelos campos ...
Por isso ele tinha aquela grande tristeza
Que ele nunca disse bem que tinha,
Mas andava na cidade como quem anda no campo
E triste como esmagar flores em livros
E pôr plantas em jarros...
Alberto Caeiro
E sabendo de soslaio que há campos em frente,
Leio até me arderem os olhos
O livro de Cesário Verde.
Que pena que tenho dele! Ele era um camponês
Que andava preso em liberdade pela cidade.
Mas o modo como olhava para as casas,
E o modo como reparava nas ruas,
E a maneira como dava pelas cousas,
É o de quem olha para árvores,
E de quem desce os olhos pela estrada por onde vai andando
E anda a reparar nas flores que há pelos campos ...
Por isso ele tinha aquela grande tristeza
Que ele nunca disse bem que tinha,
Mas andava na cidade como quem anda no campo
E triste como esmagar flores em livros
E pôr plantas em jarros...
Alberto Caeiro
duas ou três casas...
Porto Covo está quase irreconhecível. A transformação que sofreu, como é bem costume cá no burgo, retirou-lhe identidade e aos poucos caminha para o mesmo abismo de Milfontes. Em cada regresso desespero com uma nova aberração arquitectónica, apenas apreciada por uma fauna muito própria de novos ricos que entretanto por ali se instalaram.
Bem sei que não podia ficar exactamente como a conheci. Nem o seu largo central. Continua bonito, embora esteja ciente do enorme esforço feito para o disfarçar. Na minha memória será sempre o Fado. Aquele de uns tais Heróis de Cruz de Cristo. Em tempos podia jurar que ali tinha sido escrito. Como diria um célebre historiador, «se não foi, podia ter sido». E a minha recordação é que conta.
Bem sei que não podia ficar exactamente como a conheci. Nem o seu largo central. Continua bonito, embora esteja ciente do enorme esforço feito para o disfarçar. Na minha memória será sempre o Fado. Aquele de uns tais Heróis de Cruz de Cristo. Em tempos podia jurar que ali tinha sido escrito. Como diria um célebre historiador, «se não foi, podia ter sido». E a minha recordação é que conta.
29 de novembro de 2009
28 de novembro de 2009
27 de novembro de 2009
25 de novembro de 2009
24 de novembro de 2009
"Eu é que sou o Presidente da Junta."
Era só para filosofar um reflexão evolutivamente pouco construtiva:
"Ah, e quando se pensava que havia monstros marinhos para lá da linha do horizonte? Ca burros que eram!"
t.
23 de novembro de 2009
sonhei com isto para amanhã de manhã
Too many sad days
Too many Tuesday mornings
I thought of you today
I wished it was yesterday morning
I thought of you today
And I dreamt you were dressed in mourning
But I knew that you
With your heart beating
And your eyes shining
Would be dreaming of me
Lying with you
On a Tuesday morning
Too many Tuesday mornings
I thought of you today
I wished it was yesterday morning
I thought of you today
And I dreamt you were dressed in mourning
But I knew that you
With your heart beating
And your eyes shining
Would be dreaming of me
Lying with you
On a Tuesday morning
22 de novembro de 2009
teen dream
Está mesmo aí para chegar. Eu, evidentemente, não incito à antecipação. Saber esperar é uma virtude.
21 de novembro de 2009
20 de novembro de 2009
19 de novembro de 2009
todos fizeram o problema que mandei para as férias?
Ao assistir ao debate parlamentar sobre a avaliação apenas isto me veio à memória. A semântica é uma coisa tramada. E eu acho que a ministra não foi porque não fez o problema.
O que é que é pior? É esquecer-se de fazer o problema porque não se pôde fazer ou faltar à escola como fez o Rui Manuel hoje?
Pois... pensei que era só para ler.
O Rui Manuel não deve ter feito. Por isso é que faltou hoje.
O que é que é pior? É esquecer-se de fazer o problema porque não se pôde fazer ou faltar à escola como fez o Rui Manuel hoje?
Pois... pensei que era só para ler.
O Rui Manuel não deve ter feito. Por isso é que faltou hoje.
18 de novembro de 2009
pausar em vez de suspender
Tenho assistido com curiosidade a tudo o que está a acontecer na educação. Não sinto qualquer euforia ou entusiasmo. É evidente que as propaladas reformas do anterior consulado teriam que cair. Mexeram mal no Estatuto da Carreira, no Estatuto do Aluno (o mais grave problema que urge resolver) e fizeram-no num clima de permanente guerrilha. Colheram as tempestades que encomendaram.
É óbvio que não sei o que daqui vai resultar. Nem consigo confiar na boa vontade demonstrada. Sei, e vejo diariamente, que o grande mal que foi feito dificilmente se reparará a breve prazo. O desrespeito e a desautorização que se instalaram na cabeça dos pais e alunos não se corrigem com varinha legislativa.
É por isso que me rio quando ainda oiço quem valoriza o trabalho de Maria de Lurdes Rodrigues. Só o completo desconhecimento ou o mais pérfido ressabiamento o explicam. Mas esse mal é transversal a toda a sociedade. A escola só foi uma das suas mais recentes vítimas.
Esperemos para ver. A discussão sobre a avaliação centra-se, de momento, numa questiúncula pura de semântica. Suspensão ou substituição significam na prática uma e a mesma coisa. Só os tolos não o percebem. O que era importante era o reconhecimento da total ineficácia do sistema proposto. E isso já foi conseguido. Tudo o resto é tentativa de salvar a face ou de obter ganhos políticos, o que, convenhamos, interessa muito pouco.
Por uma vez podemos dizer que valeu a pena. E não é todos os dias.
É óbvio que não sei o que daqui vai resultar. Nem consigo confiar na boa vontade demonstrada. Sei, e vejo diariamente, que o grande mal que foi feito dificilmente se reparará a breve prazo. O desrespeito e a desautorização que se instalaram na cabeça dos pais e alunos não se corrigem com varinha legislativa.
É por isso que me rio quando ainda oiço quem valoriza o trabalho de Maria de Lurdes Rodrigues. Só o completo desconhecimento ou o mais pérfido ressabiamento o explicam. Mas esse mal é transversal a toda a sociedade. A escola só foi uma das suas mais recentes vítimas.
Esperemos para ver. A discussão sobre a avaliação centra-se, de momento, numa questiúncula pura de semântica. Suspensão ou substituição significam na prática uma e a mesma coisa. Só os tolos não o percebem. O que era importante era o reconhecimento da total ineficácia do sistema proposto. E isso já foi conseguido. Tudo o resto é tentativa de salvar a face ou de obter ganhos políticos, o que, convenhamos, interessa muito pouco.
Por uma vez podemos dizer que valeu a pena. E não é todos os dias.
Belle Ouvrage, Messieurs 'Eiffel'
Foi bom assistir a um concerto de rock. Sem prefixos, sufixos ou outras variantes.
Rock. Carregado de raiva e esperança, a passar mensagem sem a impôr. Puro Rock.
E até são simpáticos, os meninos.
O nome da banda chama-se, consta quase que por acidente, Eiffel.
A minha melhor descoberta do último mês.
t.
17 de novembro de 2009
quantas docas tem Lisboa
Lisboa é uma cidade espantosa. Não é fácil reparar, admito, mas só quem a desconhece não a aprecia. É confusa, caótica até, tal como seria de esperar de uma capital e isso leva-me a dizer inúmeras vezes que a adorava conhecer como turista. De visita, apenas para desfrutar da arquitectura, da localização, do clima ou da vida nocturna. Depois lembro-me que se assim fosse dificilmente poderia aproveitar um fim de tarde como o de hoje. Sair do trabalho, apanhar o eléctrico e sentar-me numa esplanada apenas para assistir ao sol a cair sobre o rio. Num dia destes até me lembro que podia fazê-lo com mais frequência. Ali no Noobai, que por vezes até nos esquecemos que existe. Lisboa é assim mesmo. E é linda.
16 de novembro de 2009
11th Dimension
Drop your guard, you don't have to be smart all of the time
I got a mind full of blanks
I need to go somewhere new fast
And don't be shy, oh no, at least deliberately
No one really cares or wanders why anymore
Oh I got music, coming outta my hands and feet and kisses
That is how it once was done
All the dreamers on the run
I got a mind full of blanks
I need to go somewhere new fast
And don't be shy, oh no, at least deliberately
No one really cares or wanders why anymore
Oh I got music, coming outta my hands and feet and kisses
That is how it once was done
All the dreamers on the run
J.C.
15 de novembro de 2009
Matemática do Oitavo
Jacques Tati + Tim Burton ÷ Georges Orwell x Jules Verne = Terry Gilliam
Pois... e anda aí filme novo do senhor que inventou o pé dos Python.
14 de novembro de 2009
13 de novembro de 2009
Yes, I've got a hat!
É em semanas destas que eu queria mesmo ser domador de leões. A opção por ser palhaço não se tem revelado muito frutuosa.
12 de novembro de 2009
Do I ♥ Facebook ?
É que, pegue-se por onde se pegar, não há uma merdoca de um detalhezeco que não seja absolutamente delicioso.
11 de novembro de 2009
O Coelhinho veio Com o Pai Natal e o Palhaço no Comboio ao Circo
De novo a Linha do Tua.
Reflexo de ideaizinhos? Ou da patetice de ideais dignos?
Sempre o "Faz o que proclamo, não o que vou fazendo", não será?
Já submersa em tudo o que existe para desviar e ir absorvendo atenções.
Há tantas linhas do tua, desvios não vão sendo precisos muitos.
10 de novembro de 2009
9 de novembro de 2009
Estrangeirada
Hoje ouvi isto na rádio, aquando da emissão totalmente dedicada a, e a partir de, Berlim.
Realmente parece-me já ter ouvido algo parecido em qualquer lado, talvez mesmo por aqui, mas não estou a ver onde...
Mais do que nunca, a culpa será do Alemão?
Sugestão também em estrangeiro - mas tem bonecos - para recordar o tema através da temática.
t.
8 de novembro de 2009
Ils sont fous, ces lutéciens !
signed: "The Breakfast Club"
Era daqueles filmes de televisão ao fim de semana que parecia sempre já estar a meio quando se começava a ver.
O distanciamento torna-o delicioso. Até porque é bom.
www.IMDB.com/title/tt0088847/
download...: www.mininova.org/tor/1555102
7 de novembro de 2009
Untitled1
6 de novembro de 2009
Pixies free live EP
Uma oferta da banda.
Tracklist: Pixies, Doolittle 20th Anniversary Live Sampler
1. “Dancing the Manta Ray”
2. “Monkey Gone to Heaven”
3. “Crackity Jones”
4. “Gouge Away”
5 de novembro de 2009
4 de novembro de 2009
hoje apetece-me citar Sartre
"Comme tu tiens à ta pureté, mon petit gars! Comme tu as peur de te salir les mains.
Eh bien, reste pur! À quoi servira-t-il et pourquoi viens-tu parmi nous?
La pureté, c'est une idée de fakir et de moine.
Vous autres, les intellectuels, les anarchistes bourgeois, vous en tirez prétexte pour ne rien faire. Ne rien faire, rester immobile, serrer les coudes contre le corps, porter des gants.
Moi j'ai les mains sales. Jusqu'aux coudes. Je les ai plongées dans la merde et dans le sang."
(tradução pontapeada no 1º comentário)
t.
ó para mim aqui tão desgastadinha...
«A ex-ministra da Educação suspendeu por um ano o regresso às funções de professora»
in dn.sapo.pt
Isto tem a importância que lhe quiserem atribuir, mas sempre apreciei a mentalidade do «faz o que eu digo e não o que eu faço». É no mínimo irónico. Eu cá acho que faz muito bem. Como diz o povo... o pessoal tem é de se safar!
in dn.sapo.pt
Isto tem a importância que lhe quiserem atribuir, mas sempre apreciei a mentalidade do «faz o que eu digo e não o que eu faço». É no mínimo irónico. Eu cá acho que faz muito bem. Como diz o povo... o pessoal tem é de se safar!
3 de novembro de 2009
cá em casa somos 97
in Publico.pt
Se eles podiam deixar de ser teimosos? Podiam, mas não era a mesma coisa.
Noite longa e bem vivida.
Não será esta uma história que poderia ter saído de um DVD que retrata uma tour ?
Na noite passada, em Braga (Beiras), os Kings of Convenience, após o concerto que deram no Theatro Circo, tiveram o previlégio de, tendo sobrevivido a uma exigente sessão de autógrafos, continuar a noite na companhia de uns humildes nativos que deles se abeiraram para os notificar de quão agradável tinha sido a prestação da banda.
Alguns deles conseguiram, real e convenientemente, convencer o tal grupo de nada histéricos locais a fazer uma visita guiada ao centro da cidade e, ainda, a acabarem a comer sopa regada de jeropiga a casa de um deles, onde acabou por ir ter o resto da banda.
No meio de sopas, cantigas sonhadoras e conversas, a minha amiga presente revelou-lhes que não havia conseguido bilhete para o concerto dessa noite. Na impossibilidade de, no momento, lhe ser um proporcionado um concerto em privato, a menina foi convidada a assistir ao concerto desta 4a Feira em Lisboa. Com mordomias de ter nome na guestlist do mesmo, apesar de não ter sido a fornecedora nem da sopa nem da jeropiga.
Ele há gente com vidas bem vividas. Levam-nos a passear na cidade, comem sopa, bebem jeropiga. É o que se chama estar à porta do autocarro certo à hora acertada, muito Conveniente.
Consta que este vídeo do concerto de ontem está assim porque o upload foi feito em Mac.
T.
2 de novembro de 2009
Má Sorte Ter Nascido Puta
Sem qualquer ofensa para as meretrizes, até por assumirem o que são ou não tentarem enganar quem quer que seja.
Sem problemas em ofender quem se revir na letra da música, que é adorável:
se dizia o que penso
eu posso estar atento
e pensar para dentro
t.
"accionistas da própria propaganda"
No Público de hoje deparei-me com uma interessante notícia. Não é nova, nem relevante no momento político e, sobretudo, não preocupa às mentes amorfas que só por ela se interessariam se a mascarassem de um guarda Abel ou Caim.
Os números do desemprego têm sido manipulados e, pasme-se, com maior veemência perto dos actos eleitorais. Pois à pergunta do jornalista sobre o que acontece em meses eleitorais às milhares de pessoas que desaparecem das listas, reparem na magnífica resposta do IEFP: os senhores, que não podem ser maçados com coisas irrelevantes, optam por esclarecer que os «valores não são divulgados porque só o pedido "revela um preconceito inaceitável"».
É simplesmente adorável, não é? Como não interessa responder, ataca-se o interlocutor. Mais nada! E entretanto tomam-nos a todos por parvos. Como as eleições já foram, a notícia já não vende. E é verdade: não vende. [Em Portugal] Só as putas se vendem. E olhem que as há por aí aos montes.
Os números do desemprego têm sido manipulados e, pasme-se, com maior veemência perto dos actos eleitorais. Pois à pergunta do jornalista sobre o que acontece em meses eleitorais às milhares de pessoas que desaparecem das listas, reparem na magnífica resposta do IEFP: os senhores, que não podem ser maçados com coisas irrelevantes, optam por esclarecer que os «valores não são divulgados porque só o pedido "revela um preconceito inaceitável"».
É simplesmente adorável, não é? Como não interessa responder, ataca-se o interlocutor. Mais nada! E entretanto tomam-nos a todos por parvos. Como as eleições já foram, a notícia já não vende. E é verdade: não vende. [Em Portugal] Só as putas se vendem. E olhem que as há por aí aos montes.
1 de novembro de 2009
people like you find it easy
Dizer que marcou uma geração é pouco. Aquela voz confundia-se com a música que nos ensinou a todos a ouvir. E agora quem nos continuará a mostrar os caminhos além do óbvio?
Esta é a música adequada. E ainda esta semana a ouvi em Viriato 25. In silence.
Esta é a música adequada. E ainda esta semana a ouvi em Viriato 25. In silence.
O último uivo do Lobo
Morreu o António Sérgio da Rádio. Da 'Radar', ultimamente, mas da Rádio.
Gostar de Rádio é não resistir a ouvi-lo. Voz de rádio, voz da rádio. Musicalidade na Música.
Vida Musical de Jornalismo, Jornalismo de Vida Musical. Dá para escrever uns quantos chavões, não é?
Ontem às 21H de Lisboa há-de ter passado o compacto de "S.O.S. Radar", quem sabe se lá vai alguém hoje metê-lo a repeti-lo na playlist:
http://www.radarlisboa.fm
Uma entrevista após a saída da Rádio Comercial, logo seguida pela ingressão na Radar:
http://blitz.aeiou.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=bz.stories/14950
"La Dolce Vita"
"Tu sei la prima donna del primo giorno della creazione."
Há coisas com que uma americana merece levar.
E parai de questionar, a cada filme do Fellini, se o som está dessíncrono ou de descobrir que o mesmo não bate certo com detalhes da acção. Fazei de conta que é a marca d'água do Fred, pronto.
A cena para mandar postas de pescada sobre cinema no café é mais esta.
(eu é que sou bruto e acho piada à supra publicada).
t.
Há coisas com que uma americana merece levar.
E parai de questionar, a cada filme do Fellini, se o som está dessíncrono ou de descobrir que o mesmo não bate certo com detalhes da acção. Fazei de conta que é a marca d'água do Fred, pronto.
A cena para mandar postas de pescada sobre cinema no café é mais esta.
(eu é que sou bruto e acho piada à supra publicada).
t.
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