4 de setembro de 2012

concorrer ao cu de judas ou lamber o cu de judas


Acredito que a vinculação vai acontecer. Primeiro por nada custar. Segundo por ser reafirmada quase diariamente. Terceiro, e baseando-me na minha sorte pessoal (de um rigor científico inabalável), por não ter sido colocado. Sempre foi assim quando algo de significativo aconteceu.

E pronto. Agora vou dizer o que penso.

A vinculação?

Acho bem. É de uma justiça a toda a prova, pois limita-se a cumprir um direito constitucional.

Agora perdoem-me que manifeste as seguintes preocupações:

Não sei o critério que estará a ser pensado, mas se acreditar no que tem sido dito, só se aplicará a quem tem mais de 10 anos de serviço, a quem conseguiu colocação a 31 de Agosto e, provavelmente, com horário completo.

Se assim for, lá se foi a Constituição e qualquer preocupação de decência básica.

Tanta e tanta gente com tantos anos de serviço de fora e, em alguns casos, ultrapassados por renovações, ofertas de escola manhosas e outros ardis.

Acresce a tudo isto que a FNE, acreditando nas palavras do seu líder, conseguiu ainda garantir que estes vinculados estarão sempre numa prioridade diferente dos que já integram os quadros.

Tudo isto é uma vergonha. Sinto aliás vergonha alheia por quem defende esta separação. Sim, é verdade que há contratados com mais graduação, mas também é verdade que quem já lá está beneficiou de progressões, mudanças de escalão e afins. Separá-los na graduação é defender o coiro, sem qualquer respeito por quem igualmente se sacrificou pela profissão. E não, não há uns mais coitadinhos do que outros.

Por fim, cumpre-me apenas deixar mais uma convicção: acredito que a vinculação terá um custo. Pior por certo que os dois qzps obrigatórios para concurso (esta gente não dá ponto sem nó). A alternativa, claro está, será cair nas boas graças de um Director. Daí em diante será por certo a única possibilidade, que ninguém quer de facto pôr cobro à pouca vergonha que são as contratações pelas escolas. Por cada um que fica de fora, há um afilhado que se safa.

E pronto. Não me apetece dizer mais. Aliás, nem me apetecia escrever nada. Mas um título tão bom, tinha de ser explicado.

Que tipo de Judas (és) serás tu?

1 comentário:

AC disse...

Muito bem analisado. Sempre foi assim. Aquando da massificação do ensino houve que recrutar toda a gente e mais alguma. Com o passar dos anos, houve que dar/pedir formação (par)a quem não a tinha, a fim de dar alguma garantia / credibilidade ao sistema. Depois começou a aparecer a formação de docentes em massa, o que levou ao aumento brutal da figura de "contratad@" (antig@s "provisóri@s"). Tod@s, antig@s e mais nov@s, foram e vão sendo descartáveis à medida que as vistas curtas de quem decide vão ficando sem horizonte. Somos, de facto, um país que não tem estratégias a longo prazo, vivendo do imediatismo e do tapamento de buracos que vão surgindo, sem se equacionar uma (re)construção a muito longo prazo.
Cumprimentos,
AC