É curioso que haja pessoas sem problemas em ser consideradas idiotas e se revejam num vídeo em que, felizmente, alguém certamente mais iluminado fez o favor de as esclarecer sobre o que devem concluir em relação àquilo que estão a ouvir. Assim torna-se, sem dúvida, muito mais fácil.
É claro, e em tudo o que envolva arte e media ainda mais, que somos sempre e por vezes facilmente influenciados pelas técnicas de nos fazer chegar uma mensagem. Neste caso, contudo, há o descarado desejo de fazer com que o espectador chegue a determinadas conclusões, e isso com paternalistas atalhos para o que pensar em relação ao que se está a ouvir, num bacoco "Olha, como pode parecer confuso, o que é para concluíres do que o senhor está a dizer é...".
Não será por concordarmos com essas mesmas conclusões que devemos aplaudir ou sequer aprovar este estilo. Parece-me ter pouco que ver com ideais de liberdade de opinião, e aceitá-lo será jogar por baixo e não aspirar a uma sociedade de cidadãos pensantes e conscientemente esclarecidos.
Fala-se do livro do Hessel; pode ser que saiam uns Apontamentos Europa-América para os audazes leitores que tenham dificuldades na interpretação do mesmo.
Claro que existem por aí inúmeros conteúdos deste estilo e nível; a atenção que este merece deve-se ao facto de ter sido publicado por Garcia Pereira que, aliás, anda a compreender muito bem o poder destas coisas virais. Há pessoas que deviam ser mais responsáveis no uso da liberdade de expressão, por muito madrasta que lhes seja a vida.
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