A ânsia de defender o dono (e o lugar) é tanta que, de quando em vez, levamos com brilhantes intervenções como a proferida hoje pelo deputado Ricardo Rodrigues. Se calhar até sou eu que percebi mal, mas ao ouvi-lo fiquei convicto que o senhor acabou inadvertidamente por chamar de mentiroso ao nosso querido líder. É uma daquelas afirmações do género «você sabe que eu sei que você sabe que eu sei». Mas a subtileza do que é afirmado e a conclusão que precipita não deve passar em claro. Senão vejamos:
«Quando a senhora deputada Manuela Ferreira Leite afirma publicamente que o senhor primeiro-ministro está a mentir quando veio aqui ao Parlamento falar do caso TVI fiquei muito admirado. Como é que a senhora deputada sabe que o primeiro-ministro está a mentir? Três meses depois percebi que esse era um facto das alegadas escutas».
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Portanto, no que se baseou a líder do PSD para chamar de mentiroso a Sócrates? Nas escutas! Aquelas já apelidadas de espionagem política, que ninguém conhece, mas aparentemente todos sabem a que reportam. E agora pergunto eu: se a simpática Manela (a Ferreira Leite) se baseou nas escutas deve ser porque o tema TVI foi aí abordado ou estou a perceber mal? Aliás, reparem que o senhor afirma, e desafio-vos a ouvir, «que esse era um facto das alegadas escutas». Facto. Com c antes do t. Não é de uma prenda da Ermenegildo Zegna que estamos a falar.
Cada dia me interesso menos por isto, mas não deixa de me surpreender que ninguém no mundo jornalístico e político repare nisto. E estou certo que vocês sabem do que eu estou a falar.
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