8 de setembro de 2012

indignar: v. t. 1. revoltar: a atitude dele indignou-me.


Passadas 24 horas do anúncio do roubo, ocorre-me dizer isto. O CDS/PP, e isto é o mais evidente, desapareceu. Daqui em diante só poderá ser um espectro de partido, pois duvido que alguém compreenda e se esqueça da sua atitude perante estas medidas. Ir ao ponto de não considerar um aumento de imposto o que foi anunciado é gozar e prestar-se a um serviço indigno e incompreensível. Foi a opção que tomaram. É pena que se tenham enganado na sua grandeza, pois o povo perdoa tudo aos grandes partidos, mas não perdoa nunca a quem com eles pactua.

Há mais. Desta vez será incompreensível que este povo não se manifeste. Se tal acontecer, perderá por completo a noção do seu papel e deitará à rua tudo o que se lutou por conquistar nos últimos 100 anos. Digo bem, pois isto já não é só falar de direitos adquiridos em Abril.

E estou preocupado. Estou mesmo. Vejo muitos protestos nas redes sociais, muitas graçolas, indignação de quem agora também sofrerá, mas que antes achava bem porque era para os outros, mas é só. Manifestações? Protestos? Pelo que vejo são para ficar pelo café. Ou então para fazer ao Sábado. Tipo passeio de convívio, de forma a não incomodar quem produz.

Eu estou farto. Já não é assim que se passa a mensagem. Se querem fazer-se ouvir, façam-no a sério. Com manifestações quando elas incomodam. Com greves a sério, não daquelas de um dia de passeio ao centro comercial. Esta gente nunca perceberá de outra forma.

Nuno Crato (uma das maiores desilusões governativas de que tenho memória) dizia ontem que não espera contestação à sua política. E como ele pensa todo o governo. Jogam na desunião, no receio, e assim brincam com o nosso trabalho e com a nossa dignidade.

Para os que ainda não perceberam o que vai acontecer, aconselho-vos a utilizar o simulador publicado pela RR. Mostra bem o que vamos pagar pela Sonae, Jerónimo Martins, EDP, Galp e tantos tantos outros.

Acreditam mesmo que desta política virá emprego? Que um só posto de trabalho seja criado? Se assim for, então são profundamente ingénuos.

Já chega. Digam-no, mas digam-no a sério. A quem importa. Não partilhando estúpidas imagens no facebook. E saiam à rua. Surpreendam-nos!

4 de setembro de 2012

concorrer ao cu de judas ou lamber o cu de judas


Acredito que a vinculação vai acontecer. Primeiro por nada custar. Segundo por ser reafirmada quase diariamente. Terceiro, e baseando-me na minha sorte pessoal (de um rigor científico inabalável), por não ter sido colocado. Sempre foi assim quando algo de significativo aconteceu.

E pronto. Agora vou dizer o que penso.

A vinculação?

Acho bem. É de uma justiça a toda a prova, pois limita-se a cumprir um direito constitucional.

Agora perdoem-me que manifeste as seguintes preocupações:

Não sei o critério que estará a ser pensado, mas se acreditar no que tem sido dito, só se aplicará a quem tem mais de 10 anos de serviço, a quem conseguiu colocação a 31 de Agosto e, provavelmente, com horário completo.

Se assim for, lá se foi a Constituição e qualquer preocupação de decência básica.

Tanta e tanta gente com tantos anos de serviço de fora e, em alguns casos, ultrapassados por renovações, ofertas de escola manhosas e outros ardis.

Acresce a tudo isto que a FNE, acreditando nas palavras do seu líder, conseguiu ainda garantir que estes vinculados estarão sempre numa prioridade diferente dos que já integram os quadros.

Tudo isto é uma vergonha. Sinto aliás vergonha alheia por quem defende esta separação. Sim, é verdade que há contratados com mais graduação, mas também é verdade que quem já lá está beneficiou de progressões, mudanças de escalão e afins. Separá-los na graduação é defender o coiro, sem qualquer respeito por quem igualmente se sacrificou pela profissão. E não, não há uns mais coitadinhos do que outros.

Por fim, cumpre-me apenas deixar mais uma convicção: acredito que a vinculação terá um custo. Pior por certo que os dois qzps obrigatórios para concurso (esta gente não dá ponto sem nó). A alternativa, claro está, será cair nas boas graças de um Director. Daí em diante será por certo a única possibilidade, que ninguém quer de facto pôr cobro à pouca vergonha que são as contratações pelas escolas. Por cada um que fica de fora, há um afilhado que se safa.

E pronto. Não me apetece dizer mais. Aliás, nem me apetecia escrever nada. Mas um título tão bom, tinha de ser explicado.

Que tipo de Judas (és) serás tu?

3 de setembro de 2012

submisso.


Ontem indignei-me ao ouvir as declarações do menino que lidera a JSD. E só pode mesmo ser um menino, pois ninguém com maturidade alguma vez poderia proferir aquelas palavras.

As palavras, que orgulhosamente repetiu no fim do discurso, referiam-se à necessidade de ‘libertar a sua geração dos direitos adquiridos’. É de uma estupidez atroz e só possível de ser dito por alguém que nunca trabalhou na vida ou que dificilmente alguma vez saiu do jugo protector da sua família. Certamente daquelas extraordinariamente empreendedoras.

É grave que o pense. É grave que o diga. Esses malditos direitos contra os quais tanto vocifera, são o que nos dignifica enquanto seres humanos. Garantem o acesso à educação, à saúde, à reforma, ao apoio social no desemprego, à habitação. E, já agora, garantem até a liberdade que tem de proferir disparates em público!

Isto começa a ser demasiado e a ignorância não justifica tudo. Tudo parece estar a ser orquestrado para uma nova miséria, que por enquanto nada afecta ou preocupa estes pseudo neo-liberais. E é provável que com toda esta passividade as asneiras se acumulem.

Há pouco li que a ‘Troika’ quer aumentar os dias de trabalho semanais na Grécia de cinco para seis. A mim apetece-me dizer para sem reservas se acabar com os salários. Voltar ao regime feudal. À séria! Parece que só isso pode gerar desenvolvimento e deixar de oprimir a juventude. Pelo menos a dos laranjinhas.