16 de junho de 2011

fooled by the light II



2 comentários:

  1. .................
    era uma vez uma floresta
    que escorria para o mar.
    as histórias começam sempre assim,
    no era uma vez.
    e povoam-se de scones e chás
    e personagens bonitas,
    vestidas de veludo e pés bailarina.
    um menino, muito frágil, habitava esse mundo,
    tão belo quanto animal e cheio de
    monstros encostados às paredes.
    uma vez, perguntei a esse menino se queria
    mostrar-me essa floresta tão dele, de mão dada.
    disse-me que não prometia nada e que,
    aliás, o melhor seria fugir-lhe.
    fugir dos imensos demónios
    que esconde debaixo da cama.
    claro que não percebeu logo que eu
    também rezo muito pagãmente e que
    tenho obsessões tremendas por
    memórias a acontecer.
    não de ilusões, não de poesias,
    mas de tudo o que é cru.
    de olhos.
    perguntou-me porque raio
    fui parar àquele altar e
    respondi-lhe, tão em paz quanto frágil,
    que por falta de densidade.
    por falta de densidade, expliquei-lhe,
    flutuo no meio de labirintos.
    por entre sofás, num chão de
    restos de lápis e de corpos.
    por salas de sons de gaivota e de céu.
    em ruas gastas de amor e saudade.
    numa cidade linda, à noite.
    viu, de repente, um vidro sujo
    entre ele e eu, que não era ele, porque
    deixava passar a luz de um abraço
    em pontinhas de pés.
    deitada, encolhida, do lado esquerdo do corpo,
    viajei alto, por estradas a acontecer.
    de regresso a casa, confessei-lhe um
    um amor gigante.
    e o menino adormeceu em paz.
    esta história pertence às histórias
    de finais felizes.
    e deviam ser assim todas as histórias de
    meninos frágeis.
    ..........................

    (desculpa)

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